Chega de Dia dos Namorados


Eduardo e M?nica na vers?o do comercial de TV Eduardo e M?nica na vers?o do comercial de TVMarcelo Carneiro da Cunha
De S?o Paulo

Todos sabem que eu odeio o Dia dos Namorados, assim como odeio v?rias coisas, em parte por n?o ter tido a s?lida forma??o crist? da maioria dos meus selecionados leitores, em parte por ser um sujeito sens?vel. Insens?veis pedem pacotes Jumbo de pipoca e entram para assistir um Fellini, numa boa. Insens?veis n?o odeiam coisa alguma, porque eles n?o sentem nada em rela??o ao que os rodeia. Eles devoram o que houver ao redor, compram o resto, v?o passar f?rias em Cancun e pronto.

Sens?veis, n?o. Sens?veis n?o conseguem viver em um mundo no qual reina o ax? e o sertanejo universit?rio, exatamente porque eles costumam ter ouvidos e usos para os ouvidos. Sens?veis n?o conseguem assistir a uma novela de tev? sem serem acometidos por impulsos suicidas. Sens?veis querem desencarnar vendo comerciais de tev?, e ? por isso, por ser um sujeito sens?vel demais, que eu odeio Dia dos Namorados.

Eu simplesmente n?o aguento os comerciais, os apelos, a comunica??o nas ruas, e nas fachadas de motel. Como nos templos evang?licos, quem quer amor, tem que pagar d?zimo e os comerciais est?o a?, no papel do pastor vociferante, e a mensagem ? simples: compre, ou suma.

Falo tudo isso ativado pelo mais odi?vel comercial de todos os comerciais de Dia dos Namorados de todos os tempos, que ? esse que voc?s devem estar vendo, de operadora de celular com m?sica da Legi?o Urbana ao fundo.

Eu nunca compreendi a banda, nunca compreendi o culto ao l?der da banda, nunca entendi as letras da banda, nunca entendi o amor que gente demais, e algumas das pessoas mais inteligentes e sens?veis que eu conhe?o, nutrem por ela. Para mim, os infernais anos 80, que eu vivi ao som de Jo?o Figueiredo, Jos? Sarney e Fernando Collor, foram os anos mais disfuncionais de nossas vidas e do pa?s. E a d?cada ? marcada, para todos n?s, creio, pela Legi?o Urbana e sua vis?o dissonante de praticamente tudo.

Nos mesmos anos, a sensacional banda Smiths, com o sensacional Morrissey, faziam uma m?sica autenticamente desconjuntada no tempo oficial e milim?trica no tempo interno do que eles constru?am. Para mim, disso tudo, o Legi?o aproveitava apenas a liberdade que a desconjunta??o nos traz, preenchendo o espa?o e o tempo com coisas intermin?veis e sem sentido, a historieta do tal Eduardo e da tal M?nica sendo apenas um exemplo do que eu falo. E isso, car?ssimos leitores, representava o mundo para os jovens daqueles anos. Engra?ado ? que eu era razoavelmente jovem, mas talvez tivesse passado do al dente, ao menos em rela??o aos que curtiam Renato Russo e o messianismo aplicado. Eu nunca entendi Osvaldo Montenegro, tomates secos, Retratos da Vida e outras manifesta??es um tanto exageradas sobre a real import?ncia das coisas. Nunca consegui ler Paulo Coelho e todas aquelas palavras com mai?sculas, tais como o Vento, o Velho, o S?bio que o Mago tanto aprecia. Para mim, Legi?o era igualzinho. E ver o diabo do tal comercial agora, associando tudo isso ao especialmente odi?vel Dia dos Namorados, foi demais. Se algu?m foi atingido por partes de uma tev? de plasma que, qual ?nibus, se jogou das alturas, minhas sinceras desculpas. Foi excesso de sensibilidade da minha parte, talvez.

Dia dos Namorados precisa ser banido porque ele nos lembra de que algumas coisas s?o absolutas e que ter ou n?o um amorzinho pra chamar de seu faz de voc? a pessoa mais feliz, ou a menos infeliz que o mundo j? viu. E a verdade ? que namorados n?o precisam de dia, porque eles j? t?m tudo. E a verdade ? que n?o precisamos de comerciais de celular, porque todos ou j? tem um ou j? sabem que precisam de um. E a verdade ? que n?o precisamos de m?sicos messi?nicos, qual pastores, nos dizendo obviedades embaladas em arcadismos.

Precisamos de novas formas de viver a vida e seus amores. Precisamos de novas solu??es para n?s mesmos. Seguramente n?o precisamos de Eduardos e M?nicas, seres tolos e nada adaptados ?s nossas demandas afetivas. Precisamos de algo que n?o est? aqui, e, suspeito, n?o vem com 3G. Talvez o que a gente precise mesmo seja t?o simplesmente de formas mais eficazes de romper com a solid?o que nos atormenta, em especial nas cidades grandes demais onde escolhemos ou precisamos viver.

Em vez de Dia dos Namorados, o que a gente precisa mesmo ? de um conector Tabajara que crie uma fa?sca entre n?s e a pessoa que desejamos, que nos deseja e que permanece ? distancia sem que eu, voc?, Eduardo e seguramente a M?nica, fa?amos a menor id?ia da causa. Talvez seja algo que todo mundo busca e que somente voc?, caro leitor, tenha a resposta. Nesse caso, pro favor, n?o se acanhe, mande logo, porque todos, todos mesmo, estamos ? espera. Manda a?, vai. Manda!

Marcelo Carneiro da Cunha ? escritor e jornalista. Escreveu o argumento do curta-metragem "O Branco", premiado em Berlim e outros importantes festivais. Entre outros, publicou o livro de contos "Simples" e o romance "O Nosso Juiz", pela editora Record. Acaba de escrever o romance "Depois do Sexo", que foi publicado em junho pela Record. Dois longas-metragens est?o sendo produzidos a partir de seus romances "Ins?nia" e "Antes que o Mundo Acabe", publicados pela editora Projeto.
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Opini?es expressas aqui s?o de exclusiva responsabilidade do autor e n?o necessariamente est?o de acordo com os par?metros editoriais de Terra Magazine.

Grupo LGBT tucano aciona partido contra evang�lico do PSDB


Ana Cl?udia Barros

A declara??o do presidente da Frente Parlamentar Evang?lica (FPE), deputado Jo?o Campos (PSDB-GO), de que o apoio a Antonio Palocci foi usado como barganha pelos religiosos contra o kit anti-homofobia do Minist?rio da Educa??o, provocou a rea??o do Diversidade Tucana, n?cleo de diversidade sexual do PSDB. O grupo vai acionar a dire??o do partido para questionar a postura do parlamentar. A ideia ? pedir uma posi??o da sigla sobre o caso.

A afirma??o de Campos foi feita durante entrevista a Terra Magazine, no dia 25 de maio, quando tamb?m informou que, ap?s reuni?o, as bancadas evang?lica e cat?lica haviam decidido "impor uma s?rie de condi??es". "Se o governo insistisse em manter o kit, bloquear?amos a vota??o na C?mara e apoiar?amos a convoca??o do (ent?o) ministro Palocci para dar explica??es", relatou na ocasi?o.

Por ora, o projeto Escola Sem Homofobia, que seria voltado para estudantes do Ensino M?dio de escolas p?blicas, permanece suspenso por determina??o da presidente da Rep?blica, Dilma Rousseff.

Para o articulador do Diversidade Tucana, Marcos Fernandes, o discurso do deputado n?o est? alinhado com os ideais defendidos pela legenda.

- A posi??o que ele coloca ? diferente da posi??o do pr?prio PSDB. Aqui, em S?o Paulo, por exemplo, temos uma delegacia de combate a crimes de intoler?ncia, que come?ou com M?rio Covas atrav?s de um grupo que combatia crimes de intoler?ncia ? diversidade. O Geraldo (Alckmin) transformou o grupo em delegacia. Temos conselhos criados pelo (Jos?) Serra, prefeito e governador. Temos ambulat?rios espec?ficos para travestis e transexuais. Aqui, foi aprovada uma lei que garante ao parceiro do funcion?rio p?blico o direito a pens?o em caso de falecimento. Quer dizer, s?o v?rias a??es que protegem a popula??o LGBT (l?sbicas, gays, bissexuais e transexuais), e vem o deputado e come?a a dizer coisas contr?rias ao que o pr?prio partido pensa.

O Diversidade quer que o partido se posicione. Fernandes diz que o grupo pretende ainda conversar com o presidente da FPE para "que ele, por ser do PSDB, ao falar como deputado, perceba a posi??o do partido".

- Ele declarou que, se a Dilma insistisse no kit, que deputado chama de "kit gay", eles (os parlamentares religiosos) iriam assinar a CPI do Palocci. O PSDB e o DEM ? que entraram com pedido de CPI. Como ele disse que pretendia negociar? - indaga.

Em post intitulado "O fundamentalismo avan?a, n?s trabalhamos para combat?-lo!", publicado no Blog Diversidade Tucana, Jo?o Campos foi chamado de "deputado no PSDB que aderiu ao obscurantismo e ? prega??o homof?bica como forma de se promover".

- Esse tipo de parlamentar est? se proliferando por todos os partidos do Brasil e n?s acreditamos que seja o papel dos secretariados LGBTs de cada partido agir de forma a esclarecer, informar e sensibilizar suas bancadas, para que argumentos populistas e falsos n?o prevale?am. Esse deve ser um objetivo comum a todos n?s, independentemente de filia??o ou prefer?ncia partid?ria. Felizmente, o deputado Jo?o Campos ? exce??o no PSDB, e n?o a regra - completa, apresentando, em seguida, nomes de parlamentares da sigla que apoiam o Diversidade Tucana, entre eles, o presidente do partido, deputado federal S?rgio Guerra (PE) e a senadora Marisa Serrano (MS).

O blog mostra tamb?m um v?deo com declara??o de apoio do governador de S?o Paulo, Geraldo Alckmin, e uma mensagem por escrito, assinada pelo senador A?cio Neves, de Minas Gerais.

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Oposi��o apresenta novo pacote de ofensivas contra Palocci


Marcela Rocha

A oposi??o apresentou nesta ter?a-feira (7) mais um pacote de ofensivas contra o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Entre as medidas, est?o previstas seis representa??es e um requerimento convocando o procurador-geral da Rep?blica, Roberto Gurgel, a falar na C?mara dos Deputados sobre sua decis?o de arquivar os pedidos de investiga??o contra o ministro.

As representa??es est?o divididas entre S?o Paulo e Bras?lia. Duas no Minist?rio P?blico de S?o Paulo, sobre o enriquecimento r?pido de Palocci e outra sobre o apartamento que, segundo reportagem da revista Veja, estaria em nome de "laranjas". Mais duas, de igual teor, ser?o registradas no MP Federal.

Uma representa??o ser? feita junto ? Procuradoria do Distrito Federal ainda referente ao apartamento e outra, na PGR sobre o mesmo tema. Al?m disso, solicitar?o para o procurador Gurgel o envio de todos os documentos que embasaram sua decis?o de arquivar o caso na PGR, para que sejam enviados ? Procuradoria do Distrito Federal. Pretendem solicitar tamb?m acesso ? ?ntegra dos esclarecimentos oferecidos pelo ministro ao ?rg?o de controle.

No novo pacote de ofensivas da oposi??o, tamb?m est? prevista a convoca??o de todos os envolvidos no caso do apartamento em nome de terceiros.

A Procuradoria Geral da Rep?blica pediu explica??es ao ministro, mas decidiu arquivar os pedidos de investiga??o por considerar que n?o houve ind?cios de procedimentos ilegais, decis?o que motivou a rea??o do PSDB, do DEM e do PPS.

Palocci protagoniza a primeira crise no governo Dilma. De acordo com reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo no dia 15 de maio, o patrim?nio do ministro teria se multiplicado 20 vezes em quatro anos. O ministro alegou que o lucro foi gerado por sua empresa de consultoria, a Projeto, dentro da legalidade e declarado ? Receita Federal.

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Ap�s confrontos em Valencia, madrilenhos voltam ao Congresso


O momento mais escuro da noite ? exatamente um minuto antes de nascer o sol, diz a mensagem no fundo preto em painel montado na Porta do Sol "O momento mais escuro da noite ? exatamente um minuto antes de nascer o sol", diz a mensagem no fundo preto em painel montado na Porta do SolDayanne Sousa

Depois de declararem encerrado o acampamento que j? durava mais de tr?s semanas em Porta do Sol, jovens de Madri decidiram voltar a protestar em frente ao Congresso nesta quinta-feira (9). O ato veio em apoio ao grupo de Valencia, que teve embates com a pol?cia em manifesta??o contra a corrup??o no Parlamento valenciano.

O"Acampadasol" surgiu nas redes sociais no dia 15 de maio e movimentos come?aram a pipocar em v?rias cidades. Os jovens protestam contra a gest?o econ?mica e a falta de solu??o para problemas sociais no pa?s. Na quarta (8), foi decidido que o acampamento seria desmontado, mas que a articula??o continuaria. Ainda assim, um grupo permanece nas barracas. O in?cio das manifesta??es aconteceu exatamente uma semana antes das elei??es municipais em que o grande vencedor foi o Partido Popular (PP), grupo conservador e de oposi??o ao primeiro-ministro socialista Jos? Luis Rodr?guez Zapatero.

Nesta quinta, pelo menos 300 pessoas conseguiram quebrar o bloqueio policial em frente ao Congresso, em Madri, segundo informou o site do El Pa?s, principal peri?dico espanhol. Mesmo cansados, um grupo de menor n?mero (dias atr?s, os acampados somavam mais de 3 mil) seguiu direto da reuni?o em Porta do Sol para a casa legislativa.

Entre as exig?ncias declaradas do movimento, est?o a elimina??o dos privil?gios da classe pol?tica, o controle das entidades banc?rias e uma separa??o efetiva dos poderes Legislativo, Executivo e Judici?rio.

A meta do ? levar o debate dessas propostas para os bairros e munic?pios por toda a Espanha. Al?m disso, os ativistas j? convocaram v?rios protestos para 11 de junho, quando assumem os novos governos municipais eleitos, e tamb?m para 19 de junho.

Usar Palocci para suspender kit n�o foi barganha, diz Campos


Ana Cl?udia Barros

O presidente da Frente Parlamentar Evang?lica (FPE), deputado Jo?o Campos (PSDB-GO), encarou com "absoluta tranquilidade" a not?cia de que o Diversidade Tucana, n?cleo de diversidade sexual do PSDB, vai acionar a dire??o do partido, em raz?o de uma sua declara??o sobre usar o apoio a Antonio Palocci para negociar a suspens?o do kit anti-homofobia do Minist?rio da Educa??o.

O parlamentar evang?lico tamb?m negou o r?tulo de "barganha" na hora de definir o procedimento, que, segundo frisa, n?o passou de "ferramenta do jogo pol?tico".

- No momento em que o governo se tornou insens?vel, n?o nos ouvia, n?s buscamos utilizar ferramentas do jogo pol?tico. O que n?s fizemos? Propusemos obstru??o de vota??o na Casa, propusemos a demiss?o do (Fernando) Haddad (ministro da Educa??o) e assuminos uma posi??o aberta de que ir?amos articular a convoca??o do Palocci - afirma, prosseguindo com a explica??o:

- N?o considero barganha. Se for por esta l?gica, ? barganha pedir a cabe?a do ministro. ? barganha fazer obstru??o para n?o votar mat?ria. As ferramentas pol?ticas s?o as ferramentas que os partidos usam, inclusive. Isso ? uma pr?tica comum em qualquer parlamento do mundo. Essa coisa de obstruir, de propor requerimento para convocar um ministro est? no regimento da Casa. Agora, a interpreta??o cabe a cada um. 'Ah, olha, foi chantagem'. 'Fulano obstruiu porque quis chantagear'. Isso depende da interpreta??o ou da conveni?ncia que a pessoa quer dar.

O deputado diz que respeita a atitude do Diversidade Tucana e afirma que ela ? pr?pria do "jogo democr?tico".

- Estou convencido das minhas convic??es. Eu poderia dar outra interpreta??o ao que est?o fazendo. Dizer: 'Olha, eles est?o apelando, eles s?o intolerantes'. Eu poderia dar essa interpreta??o, mas acho que faz parte do procedimento - completou o parlamentar.

"Acho que cada um tem a legitimidade de exercer, dentro do espa?o partid?rio, usando os expedientes adequados, aquilo que considera correto", afirmou. "Se eles (Diversidade Tucana) acham que minha declara??o contraria algum princ?pio do partido, isso ? absolutamente normal", minimiza o deputado, que est? em visita a comunidades terap?uticas de Alagoas pela Comiss?o Especial de Pol?ticas P?blicas de Combate ?s Drogas e ao Crack.

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Brasil, um lugar de fala!


Paulo Costa Lima
De Salvador (BA)

Voc? j? leu a Interpreta??o dos Sonhos, de Freud? L? dentro tem um relato sobre o 'Sonho de Irma'. Se n?o me falha a mem?ria trata-se de um sonho com sua cunhada. Pois ?, h? uma inje??o no sonho, e uma garganta exposta, com pintas de poss?vel inflama??o, e ? o Dr. Freud que aplica a inje??o. Ent?o, conte?do sexual latente em fam?lia n?o ? coisa nova quando Nelson Rodrigues afirma que "todo homem merece uma noite com a cunhada".

De um lado o ?mpeto germ?nico de entender e classificar tudo, de revelar o sentido dos sonhos, a ci?ncia dos sonhos. Do outro, uma refinada esculhamba??o que celebra uma curiosa flexibilidade de limites - ? flexibilidade ou ? estupro mesmo?

Eu continuo preferindo falar em flexibilidade, mesmo de forma ir?nica. Vale observar que Nelson Rodrigues n?o recomenda comer a cunhada todos os dias - apenas uma noite. E que escolha preciosa da palavra 'merece'. Fico pensando que esp?cie de merecimento ? esse... Quantos sentidos essa formula??o acumula?

? bem verdade que a no??o de 'identidade cultural' acabou pagando um pre?o pela super exposi??o e quase banaliza??o depois de Stuart Hall, na d?cada de 90. Mas n?o os fen?menos que recobria, e recobre. No caso, a plasma??o de uma perspectiva cultural que atua sobre todos, e em especial sobre a cria??o. Talvez, algo que seja melhor entendido como um lugar-de-fala do que como um estilo.

Nem sempre nos damos conta de que a irrever?ncia de um Machado de Assis autorizando o protagonismo de um mort - o nosso estimado Quincas Borba, para quem a tumba foi um novo ber?o -, segue por linhas semelhantes. Habitamos um lugar-de-fala desconstrutivo, galhofento, ?vido por afirmar que a ordem simb?lica dos centros do mundo aqui n?o vale, ou simplesmente n?o existe.


O escritor Machado de Assis (foto: Divulga??o)

Ora, as principais queixas (sint?ticas) recentes sobre o modernismo s?o:

a) seu ascetismo e autoritarismo - sempre centrado na cr?tica da representa??o;
b) sua teleologia est?tica, sempre pescando o mais novo como ideal de sentido;
c) seu minimalismo t?pico ou 'economia de meios';
d) o culto do g?nio ou do vision?rio - e a valoriza??o dos repert?rios can?nicos;
e) as exig?ncias n?o-prazerosas feitas ? audi?ncia.

Um jogo divertido ? ver como cada uma dessas linhas de s?ntese encontra (ou n?o) refra??o na produ??o brasileira. Se por um lado celebramos um g?nio como Villa-Lobos, por outro, dificilmente poder?amos classific?-lo como rigidamente ancorado numa teleologia est?tica, ou apontar com facilidade seu lado minimalista; ou mesmo represent?-lo como vision?rio (no sentido dado ? palavra pelo povo do norte). E muito menos essa hist?ria de ceder ?s exig?ncias n?o-prazerosas com rela??o ? audi?ncia...

Avan?ando algumas d?cadas, vamos nos ver em plena execu??o da obra 'Santos Football Music' de Gilberto Mendes. A obra apaga os limites entre a m?sica de vanguarda (anos 60/70) e o futebol brasileiro. A sala de concerto vira campo de futebol, com torcida, charanga, gritos, vaias, mas tamb?m uma s?rie de sonoridades t?picas das texturas modernas - glissandi, clusters etc. Minimalismo, nunca. Ascetismo, nem pensar. Teleologia: at? sim, mas muito transformada pela hibrida??o. Afinal, como entender nosso modernismo?

H? uma no??o cultivada pela psican?lise da cultura, que pensa o Brasil a partir da dificuldade de implementa??o de uma ordem simb?lica unificada em torno de uma refer?ncia paterna est?vel. Todos os agrupamentos humanos que constru?ram o Brasil tiveram que lidar com um afastamento radical de sua ordem simb?lica de origem. Os ?ndios pelo simples exterm?nio, os negros pela escraviza??o, mas tamb?m os portugueses, assumindo uma posi??o completamente distinta daquela da Metr?pole.

Muitas coisas no Brasil seriam conseq??ncia dessa frouxura de la?o com a dimens?o da Lei simb?lica, da ordem, do respeito ?s regras, da articula??o social - e tamb?m pelo lado da cultura, a celebra??o da flexibiliza??o dos limites, dos repert?rios, o tal lugar-de-fala do qual falamos.

Ocorre que com a emerg?ncia daquilo que vem sendo chamado de p?s-modernismo, no ?mbito do processo de globaliza??o e capitalismo cultural, tudo que se v? ? derretimento de limites, evapora??o de narrativas mestras, prazer imediatista etc... Os psicanalistas chamam isso de queda da fun??o simb?lica do Pai.

Mas n?s, que sempre tivemos essa fun??o comprometida pelo caos e viol?ncia da coloniza??o, vivemos agora (e sempre) um paradoxo todo especial: fomos p?s-modernos mesmo antes do modernismo. Como ? que pode??????


Paulo Costa Lima ? compositor. Bacharel e Mestre (University of Illinois), Doutor (USP e UFBA). Professor de Composi??o e An?lise - UFBA. Pesquisador-CNPq. Membro da Academia de Letras da Bahia. Apresenta??es de sua obra musical (em 2010) incluiram festivais no Brasil, China, Su?cia, Estados Unidos e Fran?a. Outras informa??es: www.paulocostalima.wordpress.com
Fale com Paulo Costa Lima: paulocostalima@terra.com.br Opini?es expressas aqui s?o de exclusiva responsabilidade do autor e n?o necessariamente est?o de acordo com os par?metros editoriais de Terra Magazine.

Para curar a ins�nia


Depois de ver o sol nascer sem pregar os olhos, por tantos anos, a gente descobre a cura e sente saudades da ins?nia. Depois de ver o sol nascer sem pregar os olhos, por tantos anos, a gente descobre a cura e sente saudades da ins?nia.Paulo Reb?lo
De Bras?lia (DF)

Curei-me da ins?nia. S? resta descobrir como aconteceu.

N?o cuspi dentro do pires para jogar na foz do rio Tapaj?s, como as rezadeiras da minha terra costumam sugerir.

N?o paguei promessa, n?o fiz catimb?, macumba, vodu e nem dancei ax?. N?o acendi vela para santos ou diabos. N?o tomei rem?dio, n?o pisei em consult?rio m?dico.

Depois de oito anos abra?ados ? ins?nia, h? um ano que n?o a encontro.

Eu deveria estar feliz por conseguir cumprir compromissos pela manh? e, deus nos acuda, dormir antes de o sol nascer.

Tanto tempo juntos, vira uma coisa amiga-amante. N?o importa o cansa?o, o sof? ou a cama. Ela sempre espera. Para aparecer quando voc? menos espera.

Talvez a cura da ins?nia seja isso. O sentimento. A gente aprende a gostar.

Com ela, escrevi as melhores cr?nicas. Editei os melhores textos. Assisti aos melhores filmes. Bebi os melhores u?sques. Fumei os melhores charutos. Conversei com os melhores gar?ons. Conheci os melhores maltrapilhos na calada da noite.

Com ela, fui prom?scuo. Dividi a ins?nia com gente feito George Benson, Chet Baker, Coltrane, Miles Davis, Stanley Jordan. Uma grande suruba. E depois que conheci o som da Lisa Ekdahl, curti v?rias noites l?sbicas entre as duas. De camarote.

Sem a ins?nia, tudo isso meio que foi embora. Transformou-se em amor findado.

Voc? sabe que n?o adianta insistir, mas insiste mesmo assim. Com os olhos abertos, a gente vira, mexe, toma leite, conta carneirinho, toma banho, faz um lanche, l? vinte p?ginas de livro, abre uma cerveja, assiste uma hora de filme, planta bananeira, abre e fecha a geladeira, faz a barba, toma umas tr?s doses de licor, escuta m?sica, navega na internet, escreve e-mail, tenta dormir de novo.

N?o adianta, melhor desistir. Conviver. O c?u fica claro e voc? ? vencido pelo cansa?o.

Porque a crueldade da ins?nia ? a mesma crueldade de um amor que se foi. ? ali onde voc? encontra sua cura. N?o ? esquecer que ela existe, mas talvez aceitar que ela esqueceu que voc? existe.

O chato ? nem ganhar um Nobel da Medicina por isso.

Paulo Reb?lo ? jornalista. Site oficial - www.rebelo.orgOpini?es expressas aqui s?o de exclusiva responsabilidade do autor e n?o necessariamente est?o de acordo com os par?metros editoriais de Terra Magazine.

Vereador: Cidade se divide sobre invas�o de capivaras


Algumas das capivaras que passaram a habitar o entorno de uma lagoa, em Bragan?a Paulista Algumas das capivaras que passaram a habitar o entorno de uma lagoa, em Bragan?a PaulistaEliano Jorge

Um grupo de inusitados migrantes tem provocado debates, transtornos e preocupa??o aos moradores de Bragan?a Paulista, a 90 km de S?o Paulo. Cerca de 40 capivaras se integraram aos 146 mil habitantes e dividiram opini?es sobre sua presen?a na cidade.

Os animais foram afugentados pelos avan?os imobili?rios na regi?o. Embora tenham se tornado uma atra??o local, levam perigo ao tr?nsito e ? sa?de dos humanos.

O temor ? pela febre maculosa, transmitida por um carrapato encontrado nas capivaras. A doen?a matou duas pessoas a 65 km dali, em Campinas, que recentemente tamb?m sofreu uma invas?o dos roedores, conta o vereador Marcus Valle, do Partido Verde.

Ele vem tentando a transfer?ncia dos bichos para fora dos limites urbanos, mas reclama da burocracia dos ?rg?os ambientais.

- Marcaram uma reuni?o s? para agosto, para definir. Enquanto isso, est? morrendo capivara atropelada. Cada uma pesa 100 quilos, acaba com o carro tamb?m. Sem contar que a popula??o est? dividida. A maioria quer que tire de l? as capivaras, leve para a represa, para um lugar natural. Outra parte quer que mate todas, mas ? uma minoria - afirma Valle para Terra Magazine.

Confira a entrevista.

Terra Magazine - Como aconteceu esse problema com capivaras a? em Bragan?a Paulista?
Marcus Valle -
As capivaras ficavam numa fazenda, que acabou sendo transformada em loteamento. H? pouco mais de um ano, em fun??o das obras e das m?quinas, algumas migraram para cerca de 1 km abaixo, onde tem um lago, na entrada da cidade, uma esp?cie de Parque Ibirapuera nosso aqui. Chegaram 10, 12 e foram procriando. No come?o, o pessoal at? achou bonitinho, curioso e tal. Depois, come?aram a falar da febre maculosa.
Sou professor de Direito Ambiental, a Lei autoriza a remo??o, que se leve para outro lugar da natureza. N?o pode ca?ar porque ? animal silvestre, a Prefeitura n?o pode tirar de l? sem autoriza??o do Ibama.
A? formou o rolo. O Ibama n?o quer tirar, ? burocr?tico. A Sucen (Superintend?ncia de Controle de Endemias), que ? da Secretaria de Sa?de, fala que precisa monitorar porque, se (as capivaras) estiverem doentes, t?m que ser sacrificadas. N?o est?o doentes, mas passeiam pela cidade.

O Ibama foi avisado e n?o tomou provid?ncia?
N?o s? foi avisado, fez v?rias reuni?es, entraram com uma a??o contra o Ibama para remover (os animais). O Ibama at? remove, o problema ? que a Secretaria de Sa?de fala: "Ah, se remover para outro lugar, pode dar desequil?brio no outro lugar". Aquela burocracia terr?vel. Ent?o n?o resolve nem uma coisa nem outra.

Quantas capivaras s?o?
No momento, umas 40. S?o boazinhas, a popula??o p?e a m?o nelas. De vez em quando, vai cachorro, elas correm atr?s. S?o perigosas na ?gua s?. Se cachorro entrar na ?gua, elas pegam. J? mataram um cachorro assim.

Provocaram outros incidentes?
S?o mansinhas, t?m filhotinhos, o pessoal vai tirar fotografia. S? que dividiram a popula??o, tem gente que n?o frequenta mais o lugar, com medo, n?o de elas atacarem, mas do carrapato (transmissor da febre maculosa). Em Campinas, na Lagoa do Taquaral, eles removeram (capivaras) para o Lago do Caf?, que ? em frente. Duas pessoas morreram em fun??o da febre maculosa, pois os animais estavam contaminados. A? mataram todas as capivaras, com ordem do Ibama. Deu uma briga... Foi h? uns quatro ou cinco meses.

Como est? a situa??o agora?
Marcaram uma reuni?o s? para agosto, para definir. Enquanto isso, est? morrendo capivara atropelada. Cada uma pesa 100 quilos, acaba com o carro tamb?m. Sem contar que a popula??o est? dividida. A maioria quer que tire de l? as capivaras, leve para a represa, para um lugar natural. Outra parte quer que mate todas, mas ? uma minoria.

Mas por que matar, ao inv?s de lev?-las para longe?
? isso que eu pergunto. A Secretaria da Sa?de e o pessoal do Ibama s?o burocr?ticos. Mais cedo ou mais tarde, vai dar problema, alguma pode ficar doente. Al?m de contaminar algu?m, vai matar capivara. N?o ? mais f?cil lev?-las a um lugar natural, onde est?o menos sujeitas a doen?as?

E por que demora tanto?
Essa ? minha pergunta aqui. Cansei de pedir aqui para remover, o Ibama enrola, fala que elas voltariam. Imagine, um neg?cio absurdo.
Foi movida uma a??o civil p?blica pela Prefeitura de Bragan?a e pelo Minist?rio P?blico Federal para remov?-las. O juiz deu uma liminar, s? que, na hora de escolher o lugar, o Ibama p?e problema. Mas n?o ? t?o dif?cil assim.

Existem lugares para onde transferi-las?
Tem, tem. Tem v?rias fazendas que se prontificam a receber, com lagos. Tem uma represa enorme aqui, de 50 km?, em que vivem capivaras. Tem o Rio Jaguari. S? com o cuidado para n?o colocar onde existem outras, para n?o causar brigas pelo territ?rio.

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L�deres: Queda de Palocci abre espa�o para Luiz S�rgio se manter ministro


Marcela Rocha

Para l?deres governistas, a sa?da de Antonio Palocci da Casa Civil abre espa?o ao ministro das Rela??es Institucionais, Luiz S?rgio, para tentar se manter no cargo e "mostrar trabalho". No entanto, a presidente Dilma Rousseff j? sinalizou a aliados que o ministro ter? pouco tempo na pasta at? que ela dissolva os res?duos deixados com a recente baixa e escolha outro nome.

O minist?rio das Rela??es Institucionais ? respons?vel pela intermedia??o entre o Congresso e o Executivo. Segundo peemedebistas que participaram de uma reuni?o com o vice-presidente Michel Temer na noite desta ter?a-feira (07), ? prefer?vel manter Luiz S?rgio a dar atribui??es pol?ticas a Gleisi Hoffman, que j? protagonizou atritos em p?blico com l?deres da sigla.

O l?der do PT na C?mara, deputado Paulo Teixeira, evita opinar sobre a perman?ncia ou n?o de Luiz S?rgio, no entanto, diz: "As fun??es ser?o redefinidas, a reorganiza??o de atribui??es pode resolver a contradi??o existente al? dentro. Trata-se apenas de uma redefini??o de pap?is".

A presidente j? determinou que a sucessora de Palocci, senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), tenha atribui??es mais t?cnicas do que pol?ticas. Para o l?der do PMDB na C?mara, Henrique Eduardo Alves, "a capacidade e compet?ncia (de Luiz S?rgio) mal puderam ser testadas porque ele n?o executava suas atividades, n?o passava do meio de campo. Agora, com essa redefini??o, pode ser que ele seja mantido".

Segundo integrantes do governo, Palocci absorvia a fun??o de Luiz S?rgio, por ser mais procurado pelos aliados em raz?o da proximidade com a presidente Dilma.

Os petistas, no entanto, apostam na indica??o do l?der do governo na C?mara, deputado C?ndido Vaccarezza (SP), para assumir o Minist?rio das Rela??es Institucionais.

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Dilma prometeu avisar antes a Temer sucessor de Luiz S�rgio


Claudio Leal

Nos dias do vai-n?o-vai do ministro das Rela??es Institucionais, Luiz S?rgio, o ?nico sinal da presidente Dilma Rousseff ao PMDB foi o de que, antes de mudar o ocupante do cargo, apresentaria o novo indicado ao vice Michel Temer. O relato ? do l?der peemedebista na C?mara, Henrique Eduardo Alves, que ressalta a import?ncia da remodelagem da Casa Civil depois da queda de Antonio Palocci, para dar autoridade a quem negociar com o Congresso.

"Ela (Dilma) apenas disse que, se for fazer uma altera??o, falaria com Michel (Temer) antes. O PMDB respeitar? a posi??o da presidenta", afirma Henrique Alves.

O senador Eun?cio Oliveira (PMDB) conta que, em suas ?ltimas reuni?es, o partido aliado n?o definiu apoio a nenhum nome, nem mesmo aos de C?ndido Vaccarezza ou Ideli Salvatti (PT), mas deseja o envolvimento da presidente nos acordos com os parlamentares. "? importante para n?s, para o Pa?s, para o Congresso, ela se envolver. Cabe a ela se envolver. Queremos apenas cooperar, n?o queremos criar nenhum embara?o", garante Eun?cio. O senador Jos? Sarney fez declara??es semelhantes, nesta quinta-feira (9).

Em sentido contr?rio, Henrique Alves defende apenas um nome da "intimidade" da presidente, pois o papel institucional de Dilma ? outro. "? do perfil do brasileiro que ela seja l?der na economia, na pol?tica, no executivo. Mas precisa ter os auxiliares que possam ajudar. Luiz S?rgio n?o fez porque n?o teve autonomia. Palocci absorveu e atrofiou a fun??o dele. O importante ? ter uma pessoa respeitosa com a oposi??o, um bom articulador pol?tico", define.

No Twitter, o ministro Luiz S?rgio (PT) negou que tenha pedido demiss?o. "N?o pedi para sair do governo, n?o conversei com a jornalista em momento algum. P?ssimo jornalismo", bradou o petista.

Sa�da de Palocci n�o encerra crise no governo, diz cientista


Ana Cl?udia Barros

A sa?da de Antonio Palocci da Casa Civil n?o deve encerrar a crise pol?tica no governo Dilma Rousseff provocada pelas suspeitas de enriquecimento il?cito do ex-ministro, aposta o doutor em ci?ncia pol?tica Antonio Alkmim. Para o professor da PUC-Rio e da Funda??o Get?lio Vargas, o quadro ? complexo e vai exigir da presidente um posicionamento firme, sobretudo, em rela??o a suspeitas de corrup??o por integrantes do governo.

- ? uma situa??o mais complexa porque a crise n?o acaba s? com a sa?da do Palocci. Ele ? uma dessas figuras controversas dentro do PT, em fun??o de pr?ticas que n?o s?o consideradas, digamos assim, republicanas. De certa forma, o que se espera da Dilma ? que tenha uma postura, inclusive, diferente da do ex-presidente (Luiz In?cio) Lula (da Silva), que era de complac?ncia. No caso do Z? Dirceu (que deixou a Casa Civil ap?s den?ncias da exist?ncia do mensal?o), o governo Lula foi at? o final na defesa dele. J? no de Palocci, n?o. Houve uma negocia??o para que ele sa?sse nesse momento.

Alkmim pontua, entretanto, que o afastamento do ex-ministro foi tardio. Palocci pediu demiss?o na ter?a-feira (7), apesar de a Procuradoria-Geral da Rep?blica anunciar o arquivamento do pedido de investiga??o contra ele por n?o haver provas de pr?tica de delitos.

- Dilma demorou. Tudo bem, h? outros componentes que podem ter influenciado na postura meio vacilante dela, como as quest?es da vota??o do C?digo Florestal, a crise na base do governo, a insatisfa??o do PMDB com os cargos, al?m de press?es vindas do pr?prio PT. Mas o que se esperava dela era que providenciasse logo o afastamento. ? no in?cio do governo que ? preciso mostrar efetivamente a cara. Acho que se ela tivesse sido mais firme, como ? o mito em rela??o a sua personalidade, talvez conseguisse at? ganhar a opini?o p?blica e enfraquecer determinadas posturas dentro da sua base.

Apesar de ressaltar a habilidade pol?tica de Palocci, o especialista considera equivocada a decis?o de coloc?-lo na Casa Civil, um dos cargos mais importantes do governo e que tem apresentado hist?rico de den?ncias durante a gest?o do PT.

-Ele j? era uma figura que apresentava complica??es anteriores. N?o foi a primeira queda, inclusive (refere-se a sa?da dele do Minist?rio da Fazenda em fun??o da den?ncia de quebra do sigilo banc?rio do caseiro Francenildo). Talvez n?o fosse a melhor pessoa agora. Inegavelmente, ele ? dotado de uma intelig?ncia pol?tica muito grande. Teve uma participa??o muito forte na campanha.

J? sobre a escolha da substituta, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) - vista com desconfian?a por integrantes da oposi??o em raz?o da curta trajet?ria pol?tica -, a opini?o difere:

- A senadora tem compet?ncia, ? uma pessoa inteligente e apresenta uma postura independente da do marido. N?o ? um ap?ndice do Paulo Bernardo (ministro das Comunica??es), que, ali?s, seria um nome a ser pensado para o cargo (chefe da Casa Civil). Pode, sim, ter sido uma boa escolha. Mas s? saberemos isso com o tempo - diz o cientista pol?tico, emendando que encara com bons olhos o que chama de "feminiliza??o" do governo.

- Nunca antes na hist?ria do Brasil, houve um governo com tantas mulheres, o que ? muito positivo. Talvez a pol?tica seja muito contaminada por este ethos masculino, e isso leve ao poder pelo poder - o que n?o significa que as mulheres n?o passaram tamb?m a ter esta caracter?stica. Mas talvez esse comando feminino institua uma nova forma de governo, quem sabe mais voltado para ?tica e para compet?ncia.

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Jutahy: "Palocci pediu demiss�o para defender seus clientes"


Claudio Leal

O deputado federal Jutahy Magalh?es (PSDB) avalia que o ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci (PT) pediu demiss?o do cargo para "manter seu pr?prio patrim?nio e defender seus ex e futuros clientes".

Depois das press?es para que se afastasse do governo, no rastro das den?ncias sobre a multiplica??o por 20 de seu patrim?nio, Palocci apresentou sua carta de demiss?o ? presidente Dilma Rousseff, nesta ter?a-feira (7). A Procuradoria Geral da Rep?blica havia decidido arquivar os pedidos de investiga??o sobre o enriquecimento do ministro e as movimenta??es de sua empresa de consultoria, a Projeto.

"A oposi??o deve prosseguir na apura??o dos fatos. Porque a queda do Palocci se deveu ? estrat?gia que ele adotou. Ele tem dois objetivos: manter o seu pr?prio patrim?nio e defender seus ex e futuros clientes. Em nenhum momento, esteve o interesse p?blico", afirma Jutahy Magalh?es, um dos pol?ticos mais pr?ximos ao ex-governador paulista Jos? Serra (PSDB).

A "quest?o p?blica", ressalta o deputado, est? resolvida, mas "o procedimento de verifica??o de il?citos devem continuar". "Para a quest?o pol?tica, foi uma vit?ria da sociedade e da imprensa livre", completa.

Alemanha re�ne 80 jovens artistas em mostra


Homem observa a obra Mapeamento de ?rg?os , de Mariechen Danz Homem observa a obra Mapeamento de ?rg?os, de Mariechen Danz

Foi inaugurada na Alemanha, nesta quarta-feira (8) uma exposi??o que promete ser a maior vitrine de arte contempor?nea. Based in Berlin (algo como "radicado em Berlim"), traz obras de cerca de 80 jovens artistas. S?o pinturas, desenhos, esculturas, fotografias, v?deos, instala??es e at? mesmo trabalhos liter?rios.

O evento dura mais de um m?s, vai at? 24 de julho. J? no nome, os curadores procuram refor?ar o papel de Berlim como um polo de atra??o de artistas. Eles s?o de diferentes nacionalidades, mas escolheram a capital alem? para viver e divulgar seu trabalho.

Um dos crit?rios de sele??o das obras foi justamente qu?o novo era o artista. De acordo com a organiza??o, em geral os escolhidos n?o tem mais de cinco anos de atua??o.

Dentro do evento, palestras e workshops ser?o promovidos. Em debate, o financiamento e a entrada no mercado desses jovens. Logo no primeiro dia, a ideia j? foi contestada. Blogs alem?es deram destaque a associa??es de artistas independentes que reclamam das poucas verbas e que avaliam que um grande evento n?o ? suficiente.

Dallari: Pris�o de Battisti era ilegal, STF deu ponto final


Dayanne Sousa

Preso desde 2007 no Brasil, o ex-ativista Cesare Battisti deve ser libertado imediatamente, afirma o jurista Dalmo Dallari. Nesta quarta-feira (8), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela soltura do italiano.

A maioria dos ministros do STF j? votou a favor do pedido de liberdade feito pela defesa do italiano. Este ser? o ponto final de anos de desencontros entre o Executivo brasileiro, o governo italiano e o posicionamento de ministros como o relator Gilmar Mendes, contr?rio ? soltura.

A Corte j? havia decidido por validar o ato do ex-presidente Luiz In?cio Lula da Silva, pela n?o extradi??o do italiano. Mais cedo nesta quarta, os ministros rejeitaram, sem analisar o m?rito, a??o do governo da It?lia contra a decis?o de Lula.

No ?ltimo dia de seu mandato, fundamentado num parecer da AGU (Advocacia Geral da Uni?o), o ex-presidente Lula decidiu n?o extraditar o ex-ativista Cesare Battisti, considerado terrorista pelo governo italiano. Ex-membro do Prolet?rios Armados pelo Comunismo (PAC), Battisti foi condenado ? pris?o perp?tua por quatro assassinatos ocorridos na d?cada de 1970. Depois de exilar-se na Fran?a por mais de 10 anos, ele fugiu para o Brasil assim que o governo franc?s decidiu pela extradi??o para a It?lia, em 2004.

Em 2009, o ent?o ministro da Justi?a, Tarso Genro (PT-RS), havia concedido asilo ao ex-ativista, mas o Supremo decidiu por mant?-lo em reclus?o.

Leia a entrevista

Terra Magazine - O que representa essa decis?o, a valida??o do ato de Lula?
Dalmo Dallari - Vai ser determinada a imediata soltura de Battisti. Hoje n?o estava em discuss?o a validade da decis?o do presidente Lula. Estava em discuss?o a soltura e foi decidida a imediata soltura.

? um ponto final?
? um ponto final no caso. A quest?o da extradi??o j? estava decidida. S? estava em decis?o mant?-lo ou n?o preso e n?o havia nenhum fundamento em mant?-lo preso. Isso foi um artif?cio que se criou para retardar a soltura.

N?o ? estranho que o pr?prio Supremo - que havia decidido por mant?-lo preso - agora determine a soltura?
Isso foi pura manobra. Absolutamente ilegal.

Por qu??
Os perdedores inclu?am o pr?prio presidente da Suprema Corte, Cezar Peluso, e o relator do processo, Gilmar Mendes. Eles ? que deveriam ter tomado a iniciativa de determinar a soltura. Como eles foram derrotados na quest?o da validade do voto do ex-presidente Lula, buscaram de alguma forma retardar a liberta??o. Um ato de vingan?a.

Os pr?prios ministros, como Luiz Fux, por exemplo, falaram que o julgamento se tratava de defender a soberania nacional. O senhor concorda?
N?o, n?o tem nada a ver. ? claro que a quest?o da soberania era importante, mas, mais importante era o respeito ? Constitui??o brasileira, como v?rios ministros ressaltaram.

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Deputado do DEM: Sa�da de Palocci era �nica decis�o poss�vel


Eliano Jorge

O desligamento do ministro Antonio Palocci da Casa Civil, oficializado na noite desta ter?a-feira (7), ap?s suspeitas em torno de seu enriquecimento repentino, ? apontado pelo deputado Rodrigo Maia, do DEM do Rio de Janeiro, como ?nica alternativa encontrada pelo governo diante da propor??o que tomou a primeira crise da gest?o de Dilma Rousseff.

- Ele j? tinha perdido as condi??es pol?ticas. A decis?o jur?dica da Procuradoria (Geral da Rep?blica) n?o ia cessar a necessidade de uma explica??o pol?tica, j? que a legisla??o brasileira n?o ? clara em rela??o ao que pode ou n?o pode um parlamentar no exec?cio do mandato. A d?vida se era legal podia at? ser superada, mas ia ficar viva a quest?o se era correto ele, como deputado do PT, muito pr?ximo ao presidente, ter feito aquelas consultorias. Ia inviabilizar seu pr?prio trabalho e o trabalho do governo. Acho que a decis?o do governo era a ?nica poss?vel a partir do momento em que ele perdeu a completa condi??o pol?tica de ser o chefe da Casa Civil - afirmou a Terra Magazine o ex-presidente do Democratas.

O parlamentar da oposi??o considera que a situa??o de Palocci ficou insustent?vel a partir do momento que at? os aliados cobravam esclarecimentos.

- Acho que um dos motivos da sa?da ? ele dar uma resposta aos pr?prios senadores governistas, que estavam come?ando a pression?-lo. Ele decidiu tamb?m que n?o valia mais a pena continuar no assunto, inevitavelmente amanh? ele seria convocado para alguma comiss?o. Ele encerrou o assunto hoje. A partir do momento em que ele pede demiss?o, a convoca??o j? n?o ? mais legal. Voc? s? pode convidar ministro, n?o pode convidar um cidad?o para vir depor, s? em CPI. Como n?o tem CPI, a convoca??o cai automaticamente. Essa decis?o dele deve diminuir a press?o da pr?pria base (governista) em rela??o ?s explica??es.

Para Rodrigo Maia, a crise se ameniza, mas n?o necessariamente se extingue. Pesa contra Palocci, inclusive, o valor milion?rio da multiplica??o dos bens do ex-ministro em quatro anos:

- O volume de recursos foi muito alto. Em rela??o ? crise estar dentro do Pal?cio do Planalto, ela diminui coma decis?o dele de sair. Porque senadores do PDT hoje assinaram. Amanh? ia ser de outro partido (aliado). Daqui a pouco, ia bater o n?mero (necess?rio de assinaturas), em vez de uma explica??o, ia se fazer uma investiga??o. A?, acho que a decis?o do governo foi essa.

As explica??es de Palocci, na sua opini?o, ainda n?o foram convincentes. "As respostas n?o est?o colocadas, e a d?vida vai permanecer. Agora, se nada de novo aparecer, fica dif?cil que o assunto possa sobreviver por muito tempo", opinou o antigo l?der do extinto PFL.

Ele avalia que a oposi??o precisa cobrar mais transpar?ncia sobre o caso. "Acredito que ? importante que as explica??es ocorram. Ele era deputado do PT, ex-ministro da Fazenda, coordenador da campanha (eleitoral de Dilma Rousseff) e ministro da Casa Civil. N?o ? poss?vel que, mesmo de forma indireta, n?o exista uma rela??o entre as contrata??es e a fun??o que exerceu".

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"Resposta de Palocci veio tarde", diz secret�rio do PT


Claudio Leal

Sem rodeios, o secret?rio de Comunica??o do PT, deputado federal Andr? Vargas, afirma que o ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci reagiu com atraso ? crise pol?tica, ao pedir demiss?o somente nesta ter?a-feira (7). "Primeiro, era previs?vel. A resposta veio tarde", diz Vargas. "Nessa crise, como era uma quest?o pessoal, a rea??o era dar seguran?a aos que queriam explica??es. Ele demorou pra se apresentar, portanto".

Depois do desgaste com as den?ncias sobre a multiplica??o por 20 de seu patrim?nio, Palocci apresentou sua carta de demiss?o ? presidente Dilma Rousseff. Ontem, a Procuradoria Geral da Rep?blica havia decidido arquivar os pedidos de investiga??o sobre o enriquecimento do ministro. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) vai substitui-lo no cargo.

"O ministro considera que a robusta manifesta??o do Procurador Geral da Rep?blica confirma a legalidade e a retid?o de suas atividades profissionais no per?odo recente, bem como a inexist?ncia de qualquer fundamento, ainda que m?nimo, nas alega??es apresentadas sobre sua conduta. Considera, entretanto, que a continuidade do embate pol?tico poderia prejudicar suas atribui??es no governo. Diante disso, preferiu solicitar seu afastamento", diz a nota da Casa Civil.

Para Andr? Vargas, a investiga??o sobre o enriquecimento de Palocci "n?o se justifica" porque ele "n?o ? mais homem p?blico". "Eu avalio que a crise n?o podia ser enfrentada dessa forma. Esse jeito de enfrentar, deixando de dar esclarecimentos, nunca deu certo e n?o vai dar", admite o secret?rio do PT.

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O que fizeram com a autoridade do professor?


Nelson Pretto
De Salvador (BA)

Conversava recentemente com uma amiga, colega professora do ensino m?dio, sobre a situa??o das escolas p?blicas no Estado da Bahia e sobre o trabalho do professor. Constatamos, ali?s sem nenhuma novidade, que est? muito dif?cil ser professor com as atuais condi??es de trabalho. Estouram greves em v?rios Estados, em todos os n?veis. Um v?deo circulou na internet, de forma viral, com o discurso da professora potiguar Amanda Gurgel em uma audi?ncia p?blica na Assembl?ia Legislativa do Rio Grande do Norte, onde se discutia a greve dos docentes naquele Estado. A professora usou seus cinco minutos de fala para, com uma precis?o cir?rgica, expor a dura vida do professor.

Esses s?o problemas concretos que muito dificultam o trabalho dos mestres. Mas existem outros importantes aspectos que merecem ser discutidos.

Est? dif?cil a pr?pria rela??o com os estudantes, que n?o conseguem ver na escola e no professor algo de significativo para as suas vidas. Observo isso tamb?m na universidade. Apesar de uma parcela da juventude estar animada, com disposi??o para o aprendizado e a intera??o com colegas e professores, percebo um certo des?nimo em boa parte dos meus atuais alunos. Minha colega professora constata que, nas aulas no col?gio onde trabalha, o n?vel de desrespeito em rela??o ao professor ? enorme, com alunos saindo e entrando da sala sem a menor cerim?nia, agredindo os mestres verbalmente (nem me refiro ?s agress?es f?sicas, que tamb?m sabemos existir) e pouco ligam para os colegas e os professores.

Para n?s, pesquisadores da educa??o, est? evidente que os curr?culos, a estrutura das escolas, a forma??o dos professores, entre outros aspectos, est?o muito aqu?m do que necessitamos para que a escola possa enfrentar os desafios contempor?neos. Mas algo nos chama a aten??o e, por conta disso, resgato aqui um belo artigo escrito por M?e Stella de Ox?ssi, Iyalorix? do Il? Ax? Op? Afonj?, na Bahia, publicado no jornal A Tarde de 13 de abril passado. "No outono da vida" ? uma reflex?o sobre o papel dos velhos na sociedade e discorre sobre a esta??o do ano em que as folhas secas se desprendem das ?rvores e caem por terra. As folhas caem da mesma forma que os mais velhos curvam o seu corpo, compara M?e Stella. Mas aqui ela traz uma sabedoria yourub? que n?s ? muito cara: "Mesmo quando o velho curva o corpo, ainda continua de p?".

No Candombl?, como em outras religi?es de proced?ncia oriental e nas tribos ind?genas, "o velho ? muito valorizado, ele ? considerado um s?bio, tendo uma condi??o de destaque e respeito", sentencia M?e Stella no seu artigo.

Trago essa bela refer?ncia para retomar a quest?o do professor e de sua autoridade. O que temos visto ao longo dos ?ltimos anos ? que a correta pol?tica de universaliza??o do acesso ? educa??o b?sica n?o foi acompanhada de um necess?rio e urgente resgate do papel do professor. Resgate este que tem que se dar em pelo menos tr?s dimens?es: salarial, condi??es de trabalho e forma??o (inicial e, principalmente, continuada). Nesse ?ltimo aspecto, as redes tecnol?gicas possuem um papel fundamental, uma vez que possibilitam articula??o entre todos os entes do sistema, de forma a ter o professor, na escola, no seu ambiente de trabalho, apoio e suporte acad?mico para o desempenho das suas atividades.

A escola precisa resgatar para si a beleza e a genorosidade dos seus espa?os e arquiteturas, como j? tivemos o Pedro II no Rio e a Escola Parque na Bahia, para citar apenas dois antigos exemplares casos. Nestes ricos espa?os, todos conectados e com boa infra-estrutura, os professores viveriam o dia a dia das escolas, a rela??o com os alunos, funcion?rios e colegas, numa ambi?ncia de respeito, colabora??o e cria??o.

A necessidade de resgate da autoridade do professor est? associada tamb?m ? de fortalecimento das figuras de autoridade dos pais - hoje t?o fragilizadas -, n?o significa, em absoluto, qualquer nostalgia de tempos autorit?rios. O fortalecimento dessas figuras de autoridade n?o pode perder de vista a import?ncia do protagonismo de alunos e filhos nas rela??es que se estabelecem na escola e na fam?lia. Muito pelo contr?rio. Passariam todos, jovens e velhos - estes com a sabedoria que lhe foi outorgada pelas experi?ncias de vida e aqueles com a irrever?ncia fundamental de quem quer tudo questionar, mudar e reconstruir - a trabalhar para o estabelecimento de um rico di?logo, com trocas, permutas, respeito m?tuo e crescimento coletivo e individual.

M?e Stella foi direto ao ponto: "Os mais novos, que vivem em uma sociedade imediatista, n?o querem ou n?o conseguem encontrar tempo para ouvir experi?ncias que um dia ter?o que enfrentar. (...) Na cultura yorubana, o velho ? um her?i, pois conseguiu vencer a morte, que nos procura e ronda todos os dias".

Nem todos os professores t?m a sabedoria dos velhos, temos clareza disso. Mas resgatar essa dimens?o intelectual do professor, acrescida de uma outra dimens?o caracter?stica de nosso tempo, a do sujeito verdadeiramente ativista, pode vir a constituir um dos mais significativos passos para retomarmos a perspectiva cidad? que estamos vendo se perder em nossa sociedade.

Nelson Pretto ? professor e j? foi diretor (2000-2004 e 2004-2008) da Faculdade de Educa??o da Universidade Federal da Bahia. Membro titular do Conselho de Cultura do Estado da Bahia. F?sico, mestre em Educa??o e Doutor em Comunica??o.
Opini?es expressas aqui s?o de exclusiva responsabilidade do autor e n?o necessariamente est?o de acordo com os par?metros editoriais de Terra Magazine. M?e Stella de Ox?ssi: "Os mais novos, que vivem em uma sociedade imediatista, n?o querem ou n?o conseguem encontrar tempo para ouvir experi?ncias que um dia ter?o que enfrentar"

Cortez: Casa Civil � foco de crises por ter excesso de poder


Marcela Rocha

O cientista pol?tico Rafael Cortez avalia que a Casa Civil abrigou s?rie de esc?ndalos por concentrar excesso de poder. Professor da PUC de S?o Paulo e especialista da Tend?ncia Consultoria, ele explica que, principalmente no posto rec?m deixado por Antonio Palocci, ? necess?rio um "hist?rico limpo, que o livre de qualquer tipo de acusa??o e interfer?ncias n?o pol?ticas". Do contr?rio, salienta, "crises como essa s?o sempre poss?veis de acontecer".

"A Casa Civil ? um posto muito importante por ser muito pr?ximo ao governo e porque por l? passam os mais diferentes projetos com or?amentos elevados", afirma o professor. Para ele, dada a import?ncia da Casa, "ela atrai interesses de diversos grupos da sociedade civil, que fazem lobby para ter suas demandas contempladas nos projetos do governo".

A presidente Dilma Rousseff determinou que a sucessora de Palocci, senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) tenha atribui??es mais t?cnicas, relacionadas aos programas desenvolvidos pelo governo federal. "Desde o in?cio do governo petista, a Casa Civil tem concentrado muito poder, n?o s? na gest?o de projeto, mas na articula??o com os demais partidos da base aliada", diz Cortez, para quem, "dentro dessas condi??es, o ministro fica suscet?vel ?s mais diversas press?es".

O especialista avalia que a interfer?ncia do ex-presidente Luiz In?cio Lula da Silva evidenciou uma falha da gest?o Dilma. "Lula mostrou que Dilma n?o tem coordena??o da base aliada, que n?o foi montada por ela, mas por ele. Isso mostrou - com ?nfase - a necessidade de Dilma construir um capital pol?tico para fazer a gest?o e articula??o do governo", explica o cientista.

Palocci apresentou sua carta de demiss?o ? Dilma nesta ter?a-feira (7), depois do desgaste causado por den?ncias sobre a multiplica??o por 20 em quatro anos. Ainda nesta ter?a, a Procuradoria Geral da Rep?blica decidiu arquivar os pedidos de investiga??o sobre o enriquecimento do ministro.

- O Minist?rio da Casa Civil ? o laborat?rio dos projetos do governo e como o sistema pol?tico est? muito centrado no Executivo e n?o tanto no Legislativo, o lobby mais eficiente para influenciar os rumos da pol?tica p?blica ? encontrar espa?o no Executivo, e a Casa Civil ? o principal alvo porque os petistas concentraram muito poder nessa Casa com figuras centralizadoras - conclui o especialista.

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? Presidente do PT-SP v? "falta de unidade" no caso Palocci
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Um homem l�


Este homem que l? se transporta para o mundo que imagina enquanto l? "Este homem que l? se transporta para o mundo que imagina enquanto l?"Amilcar Bettega
De Lisboa

Um homem levanta da sua cadeira e vai at? a biblioteca apanhar um livro. Fazia algumas horas, talvez mesmo alguns dias que ele era obrigado a adiar este gesto, esta sucess?o de gestos: levantar da cadeira, caminhar at? a biblioteca, localizar o livro na estante e tom?-los nas m?os.

O homem tem agora o volume nas m?os mas ainda n?o o abriu. Ele o sopesa, sente a textura da capa, passa os dedos sobre a lombada. Rememora os momentos imediatamente anteriores a este, em que ele pensava na chegada do ? momento ?. ? uma esp?cie de prepara??o para o mergulho que est? prestes a empreender.

Aos poucos, mesmo antes de come?ar a ler, o homem vai se afastando do que o cerca de maneira t?o pr?xima. E desliza para uma outra forma de vida. Alguma coisa em seu corpo se altera, como se pequenos ajustes fossem necess?rios, uma ligeira diminui??o da temperatura (ou um aumento) e alguma ansiedade, uma altera??o dos batimentos card?acos, e j? est?. O homem est? lendo. Em pouco tempo ele est? imerso no mundo criado pelas frases que correm como um rio por aquelas p?ginas. Ele deixa-se ir junto. Seus olhos percorrem as palavras e seu c?rebro associa significados, a imagina??o se expande. Cada palavra ? um est?mulo, cada frase suscita uma profus?o de imagens mentais, as cenas se tornam vivas. Ele se afasta do seu mundo e se regozija deste profundo isolamento. Este homem que l? se transporta para o mundo que imagina enquanto l?.

E neste momento se passa uma coisa curiosa : uma esp?cie de desdobramento, uma duplica??o, e o homem pode ver-se a si pr?prio debru?ado sobre o livro. V?-se um pouco de cima, pelas costas, um tanto encurvado e sem erguer os olhos das p?ginas. Sobre a mesa h? uma l?mpada direcionada para o livro, formando um cone de luz que aviva as p?ginas. A sua m?o esquerda repousa na mesa, a direita acaricia levemente a p?gina que em breve vai virar.

Este homem agora tem sua consci?ncia dividida : uma parte embarcou na hist?ria que ele l?, ou seja, no mar de imagens que ele cria para corresponder ?s palavras que l?; outra parte o observa de fora, v? sua imagina??o em marcha, percebe a sua implica??o na leitura, seu recolhimento e sua entrega, que o emociona.

Com um leve sorriso e sem esconder certo orgulho e, sobretudo, o prazer que experimenta, ele diz baixinho : ? este homem sou eu, que sorte eu tenho, ainda bem que este homem sou eu ! ?

Amilcar Bettega ? escritor, autor de O v?o da trapezista, Deixe o quarto como est? e Os lados do c?rculo(livro vencedor do Pr?mio Portugal Telecom de Literatura Brasileira em 2005).
Fale com Amilcar Bettega: amilcar.bettega@terra.com.br Opini?es expressas aqui s?o de exclusiva responsabilidade do autor e n?o necessariamente est?o de acordo com os par?metros editoriais de Terra Magazine.

Briga com EMI tira discos cl�ssicos da festa de 80 anos de Jo�o Gilberto


Festa incompleta - Aus?ncia de discos cl?ssicos do mercado prejudica a divulga??o da obra de Jo?o Gilberto Festa incompleta - Aus?ncia de discos cl?ssicos do mercado prejudica a divulga??o da obra de Jo?o GilbertoClaudio Leal

Uma refrega judicial torna incompleta a festa dos 80 anos do maior artista popular brasileiro, Jo?o Gilberto. Os ?lbuns "Chega de Saudade" (1959), "O Amor, o Sorriso e a Flor" (1960) e "Jo?o Gilberto" (1961), marcos da Bossa Nova, seguem fora do mercado fonogr?fico e sem a certeza de que ser?o relan?ados com a aprova??o t?cnica do m?sico.

Em 1992, a gravadora brit?nica EMI, detentora do cat?logo da Odeon, reuniu os tr?s bolach?es e o EP "Orfeu da Concei??o" num ?nico CD, "O Mito", ? revelia de Jo?o Gilberto, que se indignou com o fim da "sequ?ncia harm?nica" das faixas. Ele questiona os defeitos da remasteriza??o e os estragos na mudan?a para o formato digital, com a deforma??o das grava??es originais.

O m?sico abriu um processo contra a EMI, em 1997, e at? 2011 n?o entrou em acordo com a multinacional. Jo?o Gilberto busca a "absten??o definitiva" da EMI e da Gramophone de produzir e comercializar sua obra no Brasil e no exterior, a retirada de "O Mito" do mercado, a indeniza??o por danos morais e o pagamento de royalties.

Os arranh?es ? obra do artista se desdobram na esfera comercial. Outro calo de Jo?o tamb?m est? na Inglaterra. Sem autoriza??o, a gravadora inglesa Cherry Red Records passou a reproduzir os ?lbuns "Chega de Saudade" (1959) e "O Amor, o Sorriso e a Flor" (1960).

Dispon?veis no site da gravadora e na loja virtual Amazon, os discos mimetizam o projeto gr?fico original e preenchem uma parte da lacuna fonogr?fica. A brit?nica Cherry Red argumenta que est? amparada pelos fundamentos jur?dicos europeus, pois as leis de direitos autorais na Europa permitem que o repert?rio caia no dom?nio p?blico depois de 50 anos.

No primeiro semestre de 2011, para celebrar os 80 anos do m?sico, Terra Magazine publicou uma s?rie de reportagens sobre a preserva??o da obra de Jo?o Gilberto e as querelas judiciais com as gravadoras. Confira a sequ?ncia de textos:

? Imagens raras de Jo?o Gilberto correm risco de deteriora??o
? EMI diz que "os discos m?steres n?o sofreram altera??o"
? Ana de Hollanda: "N?o fui procurada" para falar de Jo?o Gilberto
? Jo?o Gilberto faz 80 anos sem ter discos cl?ssicos no mercado
? EMI "amesquinhou" obra de Jo?o Gilberto, diz laudo de Paulo Jobim
? Caetano: Jo?o Gilberto continua sofrendo "incalcul?veis preju?zos"
? Gravadora inglesa ? acusada de vender discos ilegais de Jo?o Gilberto
? Zuza: M?dia ? sensacionalista e folcl?rica com Jo?o Gilberto

Por onde come�ar a mudan�a na economia


Antonio Corr?a de Lacerda
De S?o Paulo

Para a economia mundial no cen?rio que sucede ? grande crise deflagrada em 2008, ainda insol?vel para muitos pa?ses, tem prevalecido uma revolu??o. O Estado teve o seu papel revisto para fazer frente aos enormes desafios e as pol?ticas macroecon?micas, fiscal, monet?ria e cambial, t?m sido revistas para combater os efeitos da crise, a corrigir as distor??es e buscar retomar o crescimento.

? curioso que diante de tanta mudan?a no quadro mundial ainda haja quem afirme, aparente com convic??o, que n?o h? o que ser mudado na pol?tica econ?mica brasileira. No que se refere ?s taxas b?sicas de juros, por exemplo, as explica??es convencionais sobre as causas do seu elevado n?vel s?o, cada vez mais, insustent?veis. A economia brasileira apresenta indicadores de d?ficit p?blico e divida publica, proporcionalmente ao Produto Interno Bruto, muito melhores do que a maioria dos pa?ses. Al?m disso, o fato de sermos classificados como Grau de Investimento pelas principais agencias internacionais de classifica??o de risco, deveria ser mais um fator diferencial.

Tomando-se as taxas de juros praticadas h? uma boa ilustra??o da distor??o. Enquanto o Brasil oferece juros de 12% ao ano para t?tulos de dez anos, outros pa?ses com fundamentos macroecon?micos muito piores praticam juros bem mais baixos: Irlanda 10,8%, Portugal, 9,8%, Espanha 5,2% e It?lia 4,6%, os PIIGS, que enfrentam graves problemas de solv?ncia. Mesmo a Gr?cia, dentre os casos mais flagrantes,adota uma taxa de juros de 15,9%, poucos pontos apenas acima da nossa.

Outra disparidade evidente est? na falta diferencia??o no Brasil entre os juros de longo, m?dio e curto prazos. Enquanto na maioria dos pa?ses as aplica??es de curt?ssimo prazo s?o remuneradas a taxas nominais muito baixas, pr?ximas de zero, a economia brasileira mant?m uma estrutura de remunera??o que oferece uma trindade pouco prov?vel nos mercados: seguran?a, liquidez e rentabilidade.

Para al?m da alegada necessidade gen?rica de "corte nos gastos p?blicos", que virou uma panaceia, o Brasil tem uma vasta agenda de assunto a evoluir visando corrigir as distor??es:

1) criar uma estrutura de mercado que diferencie os juros t?tulos dos longo, m?dio e curto prazos;

2) avan?ar no processo de desindexa??o de contratos e tarifas publicas, para diminuir a rigidez e a in?rcia da infla??o;

3) aprimorar o sistema de metas de infla??o, tornando-o mais flex?vel em termos de prazo e indicadores a serem considerados;

4) ampliar a capta??o de expectativas do mercado e o di?logo com os agentes, hoje excessivamente restritos ao mercado financeiro.

Sob o ponto de vista das metas de infla??o em si, no sistema brasileiro, h? aspectos que lhe d?o um relativo grau de flexibilidade, como a toler?ncia de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo do centro definido. Esta margem serviria justamente para acomodar distor??es. Ocorre que nos momentos em que a infla??o acumulada come?a a se aproximar do teto, como h? alguns meses, observa-se uma certa histeria nos mercados. Ainda mais se a pol?tica monet?ria ousar adotar alternativas, como as chamadas medidas macroprudenciais adotadas com coer?ncia nos ?ltimos meses.

A quest?o ? o tratamento a ser dado aos choques de oferta, quando pre?os de commodities, por exemplo, que s?o formados no mercado internacional, baseados n?o apenas na demanda f?sica, mas tamb?m na especula??o dos mercados futuros, especialmente na fase atual, de juros baixos nos pa?ses mais ricos.

Estes choques de oferta acabam tendo que ser combatidos no Brasil com medidas t?picas de combate ? infla??o de demanda. Este processo provoca distor??es, pois desestimula o n?vel de atividades e de investimentos produtivos, al?m de encarecer fortemente o custo de financiamento da divida p?blica e fomentar a valoriza??o do real.

? muito importante que o Banco Central tenha autonomia operacional. Mas, a autonomia necess?ria n?o se restringe exclusivamente aos Poderes da Rep?blica. Urge criar as condi??es para torn?-lo menos ref?m das vis?es excessivamente de curto prazo do mercado financeiro.

Embora elas devam fazer parte do leque de fontes a serem consideradas, n?o devem se constituir no "monop?lio das expectativas" observado no nosso caso.

Antonio Corr?a de Lacerda ? professor-doutor do departamento de economia da PUC-SP e autor, entre outros livros, de "Globaliza??o e Investimento Estrangeiro no Brasil" (Saraiva). Foi presidente do Cofecon e da SOBEET.

Fale com Antonio Corr?a de Lacerda: alacerda@terra.com.br

Opini?es expressas aqui s?o de exclusiva responsabilidade do autor e n?o necessariamente est?o de acordo com os par?metros editoriais de Terra Magazine.

Registros hist�ricos por grandes nomes da fotografia


Surfistas de trem em foto de 1990 tirada no Rio de Janeiro Surfistas de trem em foto de 1990 tirada no Rio de Janeiro

Abre no Rio de Janeiro neste s?bado (11) a exposi??o Extremos, que traz fotografias da cole??o da Maison Europ?ene de la Photographie - Paris. As imagens, selecionadas pelo Instituto Moreira Salles, representam situa??es extremas da hist?ria, das sociedades, dos indiv?duos e dos costumes ao longo dos ?ltimos 65 anos.

Entre os artistas representados, grandes nomes da fotografia mundial como Henri Cartier-Bresson, Pierre Molinier, Pierre Verger e os brasileiros Sebasti?o Salgado e Vik Muniz.

Na exposi??o, ser?o exibidas fotografias que, em seu tempo e a seu modo, tornaram-se ?cones de situa??es extremas ao registrar o belo, o transcendente, entre outros temas que marcam a contemporaneidade.

No mesmo dia da abertura da exposi??o, ser? lan?ado o cat?logo com as imagens que fazem parte da mostra e textos dos curadores Milton Guran e Jean-Luc Monterosso, da cr?tica Fran?oise Gaillard e da fil?sofa Seloua Luste Boulbina.

Servi?o

Exposi??o Extremos: fotografias na cole??o da Maison Europ?ene de La Photographie - Paris
Instituto Moreira Salles - Rio de Janeiro
Rua Marqu?s de S?o Vicente, 476, G?vea
Abertura: 11 de junho, ?s 16h
Exposi??o: de 12 de junho a 28 de agosto de 2011
De ter?a a sexta, das 13h ?s 20h
S?bados, domingos e feriados, das 11h ?s 20h
Entrada franca

Ministro: Battisti pode cobrar Brasil por per�odo preso


Marcela Rocha

O ex-ativista Cesare Battisti pode cobrar do Estado brasileiro uma fatura pelo seu encarceramento. Por seis votos a tr?s, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou nesta quarta-feira (8) sua liberdade imediata. Segundo explica o ministro Marco Aur?lio Mello, o italiano pode questionar sua perman?ncia na pris?o em dois per?odos, entre a concess?o e a efetiva libera??o, e quando foi considerado refugiado.

- ? inconceb?vel que uma pessoa, com a qualifica??o de refugiada, esteja presa pelo motivo que deu margem ao pedido de extradi??o no Brasil. E s?o esses dois per?odos os question?veis. A responsabilidade civil, que ? do particular, ainda engatinha no Brasil. Pouco a pouco caminhamos - avaliou o ministro, sem adiantar sua opini?o sobre uma eventual cobran?a do ex-ativista.

A maior parte dos ministros - vencidos Gilmar Mendes, Ellen Gracie e o presidente, Cezar Peluso - entendeu que n?o cabe nem ao Supremo nem ao governo da It?lia contestar uma decis?o "soberana" do ex-presidente Luiz In?cio Lula da Silva, tomada no ?ltimo dia de seu governo, em dezembro de 2010. Lula se posicionou contra a extradi??o de Battisti. Os ministros Dias Toffoli e Celso de Mello se declaram impedidos e n?o participaram da an?lise dos processos.

Ex-integrante da organiza??o Prolet?rios Armados pelo Comunismo (PAC), Battisti foi condenado na It?lia ? pris?o perp?tua por quatro assassinatos, ocorridos no final da d?cada de 1970. O italiano nega as acusa??es.

Confira a entrevista:

Terra Magazine - Em primeiro lugar, o senhor poderia avaliar a decis?o do STF?
Marco Aur?lio Mello -
Em primeiro lugar, prevaleceu a separa??o dos Poderes, quando n?s n?o admitimos em si a reclama??o do Estado italiano. Tamb?m tivemos o envolvimento de um ato de um Estado estrangeiro em fun??o de um ato pol?tico do Estado brasileiro, do ex-presidente da Rep?blica. Na extradi??o, quando apreciamos e conclu?mos que realmente o pedido se enquadra na Legisla??o, n?s simplesmente declaramos a legitimidade desse pedido.

Tivemos algo inusitado que foi o fato de um governo estrangeiro impugnar o ato da Presid?ncia da Rep?blica.
Sim, um ato que tem contornos essencialmente pol?ticos, porque quem conduz o relacionamento com Estados estrangeiros ? o presidente da Rep?blica. A nossa decis?o ? conclusiva quanto a legitimidade, ela n?o obriga, ela ? apenas declarat?ria. Quando ela ? negativa, o presidente n?o pode atuar, entregando o estrangeiro. Ele pode at? expulsar o estrangeiro, mas isso ? outra coisa.

Houve um conflito de compet?ncias? Quem decide ? o presidente ou o STF?
Evidentemente, vem da Constitui??o federal, a integra??o dos Poderes e a harmonia entre eles. E ainda a Constitui??o ? quem define as ?reas de atua??o. Ressalto muito que n?s n?o poder?amos nos substituir ao presidente da Rep?blica, procedendo no campo da pol?tica internacional. N?o houve desrespeito ? decis?o, tanto ? que seis ministros assim conclu?ram.

Essa foi uma decis?o que desagradou muito o Estado italiano. O senhor acredita que a presidente Dilma herda uma crise diplom?tica?
Eu gostaria de saber como a It?lia procederia se fosse o inverso. Se o Estado brasileiro pretendesse uma entrega de um nacional brasileiro, que l? estivesse e gozasse de um ato do governo italiano de perman?ncia no pr?prio Estado. Ser? que eles defeririam na entrega? Ser? que eles procederiam a entrega? Penso que n?o.

A It?lia afirmou que pretende levar o caso ao Tribunal de Haia. O que o senhor pensa a respeito?
A?, atuar? considerando-se os dois Estados, n?o o Supremo em si. No cen?rio internacional, temos o Estado representando o Brasil, n?o o Supremo.

H? um desgaste?
Vamos aguardar. Na Inglaterra, a C?mara dos Lordes concluiu pela entrega do general Augusto Pinochet (ditador chileno) ao governo da Espanha e o Poder Executivo n?o procedeu essa entrega. E n?o houve a press?o contra o Executivo ingl?s. O mesmo ocorreu na Fran?a, relativamente a um ativista da ?poca de Battisti, em que tamb?m se implementou um asilo e n?o houve essa press?o toda. O fato de se ter a press?o em si sinaliza que h? um conte?do emotivo muito grande na busca pela entrega de Battisti.

Em que medida esse conte?do emotivo ? prejudicial ou deve ser levado em conta nos pr?ximos passos?
N?s n?o podemos nos deixar sensibilizar por paix?es. N?s temos que tornar prevalente a Constitui??o Federal.

? o fim da novela Battisti?
Sim, sim, finalmente teve fim. Depois de quatro anos de cust?dia. Evidentemente, prevaleceu a presun??o do direito.

O ex-ativista poderia cobrar do Estado brasileiro o per?odo em que esteve preso?
Isso ? uma mat?ria em aberto porque houve, de in?cio, um m?vel para a pris?o, previsto em Lei, que seria a entrega. A entrega s? foi frustrada agora com a concess?o da perman?ncia no Brasil, feita pelo ex-presidente Lula. Esse per?odo da concess?o at? a libera??o ? que ele pode questionar. Anteriormente, teve outro per?odo em que ele deveria ter sido solto, o do ref?gio. ? inconceb?vel que uma pessoa, com a qualifica??o de refugiada, esteja presa pelo motivo que deu margem ao pedido de extradi??o no Brasil. E s?o esses dois per?odos os question?veis. A responsabilidade civil, que ? do particular, ainda engatinha no Brasil. Pouco a pouco caminhamos.

Caso ele entrasse com esse processo pelo encarceramento...
Por esses dois per?odos, seria algo para se discutir. No entanto, n?o posso levantar meu ponto de vista sem que haja, de fato, um processo. No restante, a lei autoriza a pris?o.

Veja tamb?m:
? Cardozo: Pa?s tem direito de decidir como quer com Battisti
? Tarso Genro: "STF violou lei v?rias vezes no caso Battisti"
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Marieta Severo, uma mulher de teatro


Deolinda Vilhena
De Salvador (BA)


Socorro e Zaninha, as carpideiras de "As centen?rias" (Foto: Nana Moraes/Divulga??o)

O fato de ter enveredado nas coxias do teatro brasileiro muito cedo, debutei aos 17 anos, fez com que muito cedo aprendesse muitas coisas. Coisas por vezes agrad?veis, por outras nem um pouco. Uma das mais s?rias e dolorosas, foi ter compreendido, antes do 20, que n?o h? nada que obrigue um grande artista a ser um grande humano. Ainda que possa parecer um paradoxo, s?o coisas completamente diferentes. Perdi a conta de quantas vezes quebrei a cara. Houve um momento em que desisti de querer uma aproxima??o dos meus ?dolos. Tudo para me proteger de eventuais decep??es. De perto ningu?m ? normal. Entretanto, toda regra tem sua exce??o e hoje vamos falar de uma dessas exce??es: Marieta Severo.

Aproveito a passagem da pe?a de Newton Moreno, As Centen?rias, dirigida por Aderbal Freire-Filho, estrelada por Marieta e Andr?a Beltr?o, pelo Teatro Castro Alves para contar aos meus leitores um pouco mais dessa atriz que conseguiu inscrever seu nome no pante?o matriarcal do teatro brasileiro.

ENTRE ELEG?NCIA, BOM GOSTO E SABEDORIA


Dame Marieta Severo (Foto: Nana Moraes/Divulga??o)

Marieta Severo ? desde sempre um nome presente em minha vida. A primeira lembran?a que tenho dela est? relacionada a minha fase de noveleira convicta. Est?vamos nos anos 60, 1966 mais precisamente, tinha euzinha apenas 7 anos, quando a ent?o novata, Rede Globo produziu O Sheik de Agadir, da Gl?ria Magadan, baseada num romance de Gogol. No elenco, al?m de Marieta, Yon? Magalh?es, Amilton Fernandes, Claudio Marzo, minha amada Leila Diniz e Henrique Martins fazendo o Sheik de Agadir e assinando a dire??o da novela em parceria com R?gis Cardoso. Marieta fazia uma princesa que n?o era s? princesa, era tamb?m uma assassina...enfim um novel?o digno de sua autora, Gl?ria Magadan. Ano seguinte Demian, o justiceiro, traz no elenco Marieta Severo ao lado de Carlos Alberto transformado numa esp?cie de Zorro e dividindo com Yon? Magalh?es, Diana Morell - uma das mais belas atrizes que conheci, dona de uma voz deslumbrante - o estrelato.

O tempo passa, o tempo voa e de garotinha virei pr?-adolescente. Nessa ?poca a Marieta passou a ser uma refer?ncia de verdade. Foi quando decidi fazer teatro e as atrizes me fascinavam. Mas ela, al?m de atriz, era a mulher do Chico Buarque de Hollanda, meu ?dolo m?ximo e uma das raras unanimidades desse pa?s. Ningu?m ? por 30 anos mulher do Chico por acaso. Tem que ser muito mulher para segurar essa onda, sem se deixar aniquilar pela figura do homem genial, marido e genro ideal no imagin?rio feminino do pa?s.

Acompanhei a saga do casal e na sequ?ncia da fam?lia. Meio que de longe porque eles sempre foram avessos ? exposi??o da vida privada. A milit?ncia pol?tica. As agress?es sofridas com Roda viva. O ex?lio for?ado. O nascimento da primeira filha, Silvinha, na It?lia. A volta para o Brasil. A carreira do Chico arrebentando e Marieta, dando um tempo na TV, fazendo teatro sempre e dedicando-se com afinco a criar as meninas, cantadas lindamente por Chico em As minhas meninas... Al?m da Silvinha, a Helena e a Luiza, sem falar na Jana?na, filha da Leila Diniz e do Ruy Guerra, que perdendo a m?e com apenas sete meses de vida encontrou em Marieta, grande amiga de Leila, a melhor heran?a deixada pela m?e.

Mas, apenas em 1977, aos 17 anos e j? trabalhando na Companhia Maria Della Costa, vi Marieta no palco pela primeira vez fazendo Os Saltimbancos. Um dos mais belos espet?culos infantis que vi na vida. Mas posso dizer que foi em 1978, que o talento de Marieta me seduziu para toda a eternidade, quando a vi no Teatro Gin?stcio fazendo A ?pera do Malandro. Depois seria uma sequ?ncia de espet?culos que s? confirmariam a grande atriz que ela ?: No Natal A Gente Vem Te Buscar, Aurora da minha vida, Um Beijo, Um Abra?o, Um Aperto de M?o, Liga??es Perigosas, A Estrela do Lar, do meu querido Mauro Rasi, Torre de Babel, do n?o menos querido Gabriel Villela, em A Dona da Hist?ria e em Quem Tem Medo de Virg?nia Woolf, quando a vi em cena pela ?ltima vez...e de repente descubro que j? l? se v?o dez anos...

Nesse meio tempo tive o privil?gio de trabalhar com uma das maiores cantoras desse pa?s - e um dos melhores seres humanos que conheci - Clara Nunes. Entre as muitas lembran?as desses dois anos passados ao lado de Clara, algumas envolvem Marieta e Chico Buarque. Relato aqui duas, ambas datam de 1982. Estava eu tranquilamente trabalhando no escrit?rio da Odara, empresa da Clara situada no segunda andar do Teatro Clara Nunes no shopping da G?vea, quando recebo uma liga??o da pr?pria. Ela estava nos est?dios da Odeon na Mena Barreto, preparando aquele que seria seu ?ltimo disco, Na??o e acabara de receber um telefonema do Chico avisando que a m?sica dela estava pronta e que ela poderia mandar busc?-la. Essazinha que vos escreve foi incumbida desse servi?o b?sico: ir ? casa de Chico Buarque pegar uma fita cassete com uma m?sica rec?m-sa?da do forno buarquiano para o vinil da Clara. Confesso que tremi. Peguei um t?xi e rumei para a casa dos Buarque, l? no alto da G?vea, n?o muito longe do teatro. Pedi ao t?xi que me esperasse, pois imaginava receber um pacote e partir. Qual nada...Fui recebida por Marieta, e informada que Chico estava falando ao telefone e viria me ver em seguida...pois ele veio, e n?o me entregou a fita. Convidou-me para ouvir a m?sica. E depois me perguntou o que eu achava...quase desmaiei de emo??o. Isso n?o ? coisa que se fa?a com uma simples mortal...A m?sica era Novo Amor. Sai de l? em ?xtase...deixando para tr?s um casal lindo como deveriam ser todos os casais do mundo enquanto unidos pelo amor.

Meses depois, em meio a primeira elei??o direta para governador depois dos anos de chumbo, Chico ? frente de v?rios artistas e em articula??o com o CEBRADE, Guguta Brand?o e companhia, organizava as viagens de apoio aos candidatos do PMDB - em Minas Tancredo, em Pernambuco Marcos Freire, em Sampa Franco Montoro, no Rio Grande Pedro Simon e vai por a?...no Rio era Miro Teixeira e ai os artistas e intelectuais fecharam com o Brizola que era PDT...e no ?ltimo com?cio Clara e Paulo C?sar Pinheiro transformaram a casa do Jardim Bot?nico, l? na Eng. Alfredo Duarte, em ponto de partida para a Cinel?ndia. V?rias pessoas passaram por l?. Mas lembro-me, como se fosse hoje, de Marieta e Chico, Angela e Jo?o Bosco. E o melhor peda?o da hist?ria. Temendo a confus?o no centro do Rio, fomos de carro at? Botafogo e de l? seguimos de metr? para a Cinel?ndia. Sim, eu j? andei no metr? do Rio com Marieta Severo e Chico Buarque, com Angela e Jo?o Bosco, e com Clara Nunes...na ?poca n?o havia nem celular nem m?quina digital para registrar um momento desse...mas a mem?ria est? ai pra isso mesmo...eu me lembro...

Voc?s podem ver que a minha queda por Marieta n?o data de hoje, mas confesso que o golpe de miseric?rdia foi dado quando mostrou seu lado mulher de teatro da maneira mais bonita poss?vel: comprando um teatro. Em 2005, ao lado da amiga e comadre, Andr?a Beltr?o, inaugurou o Teatro Poeira, em Botafogo, Rio de Janeiro. Um sonho antigo das atrizes, no qual investiram mais de 1,5 milh?o de reais, e sobre o qual passaram mais de dois anos envolvidas diretamente nas obras do antigo casar?o que abriga o teatro. Na ?poca da inaugura??o uma rep?rter perguntou a Marieta qual era a principal diferen?a entre a Marieta de 20 anos e a Marieta de hoje? A resposta dela ? linda: "aos 20 anos, achava que o teatro era a coisa mais importante do mundo e era atrav?s dele que eu conseguiria revolucionar o Pa?s e o ser humano. Hoje, de certa forma, ainda acredito em alguns desses ideais. No momento em que invisto minhas economias na constru??o de um teatro, em que dedico meu tempo e minha energia a esse espa?o, ? porque acredito no poder que o teatro tem de tocar as pessoas.". Quem faz teatro pode medir a for?a dessa declara??o.

Nos ?ltimos anos encontrei Marieta, diversas vezes, em Paris. Ora no Th??tre du Soleil, dileta amiga que ? de Juliana Carneiro da Cunha e admiradora do trabalho de Ariane Mnouchkine. Ora nas ruas da Cidade Luz, numa das ?ltimas vezes est?vamos em pleno inverno parisiense e ela desfilava sua eleg?ncia natural ao lado de Aderbal Freire-Filho na avenida do Champs Elys?es...porque Marieta al?m de tudo o que a gente falou aqui ? bem nascida, classuda e tem bom gosto...basta dar uma conferida no seu repert?rio, nos parceiros de trabalho...

Tudo isso contribuiu para fazer dela uma atriz premiad?ssima. Confiram comigo: por seu trabalho em A Estrela do Lar, conquistou o Mambembe, o Moli?re e o pr?mio Shell. Por sua atua??o em No Natal a Gente Vem te Buscar foi duplamente premiada: Mambembe e Moli?re, ambos em 1981. Al?m de ser produtora de espet?culos muito importantes, alguns inesquec?veis, contando sempre com a parceria de prestigiados diretores: Gianni Ratto, Paulo Affonso Grisolli, Jos? Celso Martinez Corr?a, Lu?s Ant?nio Martinez Corr?a, Jo?o das Neves, Ant?nio Pedro, Naum Alves de Souza, Gabriel Villela, Felipe Hirsh, Mauro Rasi, Jo?o Falc?o, Aderbal Freire-Filho e tantos outros.

Antes que digam que anunciei escrever sobre a Marieta e acabei contando a minha vida, fa?o um par?nteses para dizer que um artista muitas vezes n?o tem ideia de como sua presen?a marca a vida do seu p?blico. Assim como o p?blico n?o tem no??o disso. S? no momento de escrever essa coluna, me dei conta de quantas hist?rias a Marieta escreveu na minha vida, sem que ela mesmo saiba... e ? com muito prazer que irei aplaudi-la hoje no Teatro Castro Alves e tenham certeza de que n?o perderei a oportunidade de agradecer cada um desses momentos guardados na minha mem?ria e que, gra?as a passagem de As Centen?rias por Salvador, pude reviver. Obrigada Marieta, pela atriz extraordinariamente talentosa, inteligente e dedicada. Obrigada pelas li??es de como administrar uma carreira com bom gosto, eleg?ncia e sabedoria. Obrigada pela grande atriz que voc? ?, mas grandes atrizes existem muitas. Por isso, obrigada pelo belo ser humano que voc? ?, seres humanos belos est?o em extin??o.

AS CENTEN?RIAS EM SALVADOR


Detalhes do cen?rio (Foto: Luccas Cunha Opus)

Duas das maiores atrizes brasileiras, Marieta Severo, Andr?a Beltr?o estar?o em cena hoje no palco principal do TCA. Ao lado delas o ator S?vio Moll. Os soteropolitanos ter?o a oportunidade de descobrir as del?cias da com?dia As Centen?rias, que chega ?s terras do Senhor do Bonfim ap?s quatro anos de estrada, a estreia foi em 2007.

Enorme sucesso de cr?tica e de p?blico, o espet?culo conquistou os maiores pr?mios dedicados ao teatro no Brasil, entre eles o Pr?mio Shell (melhor atriz para Andr?a Beltr?o, melhor cen?rio e melhor autor), Pr?mio Contigo! (Melhor atriz para Andr?a Beltr?o, Melhor espet?culo de Com?dia por j?ri e voto popular e melhor autor) e Pr?mio Qualidade Brasil (Melhor atriz para Marieta Severo, Melhor Diretor e Melhor pe?a de com?dia).

Com texto de Newton Moreno e dire??o de Aderbal Freire-Filho, o espet?culo apresenta, da juventude at? a velhice, a vida das carpideiras. Socorro, experiente na profiss?o e maternal nas rela??es humanas; e sua colega Zaninha, carpideira mais nova, voluntariosa e ainda inexperiente. Amigas, as duas se apresentam ao p?blico em dois diferentes tempos: em 1921, quando se conhecem ainda jovens e come?am a amizade; e em 2006, j? velhas e cheias de causos impag?veis para relembrar e refletir.

Atrav?s de Zaninha e Socorro, Newton Moreno explora, de maneira divertida, o tema da morte, seus ritos e as personagens que a tradi??o popular evoca. Um vasto repert?rio de causos registra a dupla e importante miss?o das carpideiras dentro do ritual que envolve a morte: confortar os familiares e tentar enganar a indesejada, aplicando todo o seu saber fundado na esperteza e na dissimula??o. Dizem que s?o centen?rias, que nunca morrem porque fizeram pacto com a "Patroa". Explorando o imagin?rio popular, a pe?a ? um programa imperd?vel, e segundo B?rbara Heliodora, cr?tica do jornal O Globo "garante excelentes momentos de risadas, sem deixar de lado a reflex?o."

SERVI?O AS CENTEN?RIAS
Texto: Newton Moreno
Dire??o: Aderbal Freire-Filho
Elenco: Marieta Severo, Andr?a Beltr?o e S?vio Moll
Cen?rio: Fernando Mello da Costa e Rostand Albuquerque
Figurinos: Samuel Abrantes
Ilumina??o: Maneco Quinder?
Trilha Musical: Tato Taborda
Pesquisa de repert?rio das incelen?as: Silvia Sobreira
Bonecos de cena: Miguel Vellinho / Bonecos do cen?rio: Mestre Tonho e Ivete Dibo
Quando: hoje e amanh? ?s 21h
Onde: Teatro Castro Alves - Pra?a Dois de Julho,s/n - Salvador
Quanto: R$ 80 (sex. e dom.) e R$ 90 (s?b.)
Informa??es: (71) 3117.4899
Ingressos: Filas A a P - R$ 120 / Filas Q a Z6 - R$ 80 / Filas Z7 a Z11 - R$ 60

Deolinda Vilhena ? jornalista, produtora teatral, Doutora em Estudos Teatrais pela Sorbonne e professora do Departamento de T?cnicas do Espet?culo da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia.

Fale com Deolinda Vilhena: deolindavilhena@terra.com.br

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