De Porto Alegre (RS)
Uma grande montadora norte-americana queria lan?ar um carro para jovens. Mas enfrentava um grande problema: entender o jovem. Por mais que se tentasse adotar um design arrojado, novo posicionamento do volante, painel digital e bancos em tecido especial, sempre era a vers?o de algu?m de "meia idade" sobre os jovens. N?o funcionava.
At? que um dia o diretor de marketing teve uma ideia: chamou propriet?rios de carros de primeira linha para uma experi?ncia ?nica, em um cinema da cidade. Projetou na mesma tela, simultaneamente, dois filmes, lado a lado. Um completamente diferente do outro. Para piorar, tirou o som.
O que se viu nos minutos seguintes foi uma mistura de irrita??o, gritos, pessoas levantando e indo embora, revoltados. Aos que resistiram distribui-se uma folha de papel com apenas uma pergunta: o que voc? entendeu da atividade de hoje? A melhor resposta foi algu?m que disse "n?o entendi nada".
Na semana seguinte convidou-se filhos e netos de propriet?rios de carros, entre 14 e 23 anos. Projetaram os mesmos dois filmes simultaneamente. Sem som. Ningu?m se levantou, ningu?m gritou escandalizado. Alguns colocaram o iPod para que sua pr?pria m?sica embalasse as imagens. E ao final, no question?rio, a grande maioria escreveu exatamente o que contavam os dois filmes.
A conclus?o foi simples: a cabe?a do jovem funciona por "zapping". ? poss?vel concentrar-se em mais de uma coisa ao mesmo tempo, ainda que com pouca profundidade em cada uma. O novo autom?vel deveria ter muitos acess?rios, todos f?ceis de utilizar. E era fundamental que cada comprador optasse por muitos extras, cada um montando seu pr?prio carro.
A solu??o algumas vezes vem de pesquisa - como essa da montadora - embora outras vezes venha de alguma cabe?a iluminada, em dia de gra?a.
Foi assim com uma ind?stria de creme dental nos EUA, l?der de mercado. O produto j? era o preferido do pa?s e seguia em crescimento. A marca havia bancado uma campanha de dentes limpos, com incentivo ? escova??o ap?s as refei??es. Aparentemente n?o havia por onde crescer.
At? que, pressionado por acionistas, um assistente da diretoria se apresentou com uma f?rmula com uma proposta diferente:
- ? f?cil - observou - basta aumentar o tamanho do orif?cio por onde sai o creme.
A partir daquele dia, creme dental tem a largura da bitola como ? conhecida hoje. At? aquele dia o furo era bem pequeno.
As boas ideias t?m prioridade. Em qualquer lugar do mundo.
Eduardo Tessler ? jornalista e consultor de empresas de comunica??o. Edita o blog M?dia Mundo.Fale com Eduardo Tessler: edutessler@terra.com.br
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