A nobre arte de plantar


Lecticia Cavalcanti
De Recife (PE)

"Para tudo h? um tempo", ensina o Livro do Eclesiastes (3,2). "Tempo para plantar e tempo para arrancar o que foi plantado". Mas nem sempre os homens plantaram. Durante muito tempo, apenas usavam as d?divas da natureza. E n?o eram poucas essas d?divas. Deus disse: "Produza a terra plantas, ervas que contenham sementes e ?rvores frut?feras que d?em frutos segundo a sua esp?cie e o fruto contenha a sua semente" (G?nese 1; 11). Por essa ?poca, eram apenas coletores de ervas, frutas e ra?zes. S? aos poucos foram compreendendo a enorme conveni?ncia de ter sempre ? m?o os alimentos. Passaram ent?o a plantar e a criar, a partir de 10.000 a. C. Os primeiros registros dessas atividades remontam ? regi?o do Crescente F?rtil - atualmente Ir?, Iraque, Israel, Jord?nia, L?bano, S?ria, Turquia.

Observando a natureza, logo aprenderam a hora certa para semear e colher o que haviam semeado. Tamb?m domesticaram animais. Dos que conhecemos hoje, primeiro o c?o; depois, em sequ?ncia, boi, porco, bode, carneiro, camelo, cavalo. O leite das f?meas desses animais passou a ganhar import?ncia: como alimento em si ou transformado em rudimentares queijos que eram, ent?o, apenas leite coalhado. Animais logo passaram a ser usados para locomo??o, emprestando tamb?m sua for?a nos trabalhos pesados. Tudo ia ligando os homens ? terra. Surgiram as primeiras aldeias, formadas por moradias mais s?lidas e mais seguras que as improvisa??es de antes.

Nossos ?ndios, antes da chegada do colonizador portugu?s, praticavam uma agricultura de coivara - abriam uma clareira na floresta, deixavam os troncos secarem ao sol e ateavam fogo. Depois das primeiras chuvas, plantavam mudas e sementes de maneira desordenada, misturando vegetais (amendoim, batata doce, mandioca, milho), frutas (abacaxi, caju, maracuj?) e plantas medicinais. Depois de alguns anos, por cansa?o das terras, abandonavam o terreno e se mudavam para um novo local. Assim foi durante muito tempo. At? que evolu?ram nesse plantar; chegando, ? certo, a alguns exageros - desmatar florestas, desviar curso de rios e aterrar vastas ?reas.

Na semana passada, foi votado pela C?mara dos Deputados um novo c?digo Florestal. O assunto ? pol?mico. De um lado, ambientalistas. Do outro, pequenos e m?dios agricultores que ocupam ?reas de Preserva??o Permanente. E grandes tamb?m, claro. O projeto agora vai para o Senado. O que se espera ? que, no fim, prevale?a o bom senso. Algum equil?brio entre ambiente e produ??o agropecu?ria. At? porque, continuando com o Eclesiastes (3; 3, 5 e 8), "H? tempo para demolir e tempo para construir; tempo para atirar pedras, e tempo para ajunt?-las; tempo para a guerra e tempo para a paz".

PLANTAR MANGABEIRA (?rvore em extin??o)

A Embrapa ensina algumas regras simples:

* Sementes devem ser colhidas s? de frutos maduros e sadios. E bem lavadas, que n?o germinar?o se estiverem com restos de polpa. N?o devem nunca secar ao sol; melhor sombra, por 24 horas, para serem semeadas ainda ?midas. Em terra sem adubo e sem esterco, que a planta s? se d? bem em solo arenoso, pobre e sem muitos nutrientes. Como os do Nordeste.

* Enterram-se quatro sementes em cada saco, a 1 cm da superf?cie.

* Cinquenta dias ap?s o semeio, escolhe-se a planta mais bonita do saquinho, abandonando as restantes.

* Mais quatro meses e pode ser plantada no lugar definitivo. De prefer?ncia em per?odo seco - que umidade atrai lagartas e produz um fungo (antracnose) que dizima as mudas. Quem preferir use estufa, onde estar?o sempre mais protegidas.

Lecticia Cavalcanti coordena o caderno Sabores da Folha de Pernambuco, escreve na Revista Continente Multicultural e no site pe.360graus.

Fale com Lecticia Cavalcanti: lecticia.cavalcanti@terra.com.br

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