Compositor de 'Ora��o': Fomos os primeiros a nos parodiar


Marcela Rocha

Com baixo or?amento, Glauber Rocha fez cl?ssicos do cinema brasileiro. E ? dele que veio a m?xima: "Uma c?mera na m?o e uma ideia na cabe?a". Mais de 70 anos depois, o grupo curitibano "A Banda mais bonita da Cidade" seguiu ? risca o lema do Cinema Novo e os resultados foram 3 milh?es de reprodu??es - durante uma semana e dois dias -, em um canal de compartilhamento de v?deos, do clipe "Ora??o", m?sica de Leo Fressato.

"? um clipe sem custo", define o compositor, que relata para Terra Magazine como foi o processo de produ??o, tanto da m?sica, quanto do clipe:

- As pessoas que foram gastaram as suas gasolinas, comidas e suores. Foi isso. (...) Chamaram os amigos m?sicos e pediram: "quem puder traz seus computadores e seu material, microfones e tal...". Cada um levou o que tinha e assim produzimos o v?deo, que na verdade era apenas um registro. A ideia n?o era ser um clipe, mas um registro pra gente ter, mostrar para os amigos, material de trabalho... - relata o compositor formado em Artes C?nicas na Faculdade de Artes do Paran? (FAP).

Ao comentar as par?dias feitas do clipe e publicadas no Youtube, Fressato diz ter "adorado" e revela: "N?s fomos os primeiros a nos parodiar". Ele postou na internet um v?deo dele e mais uma cantora rezando o "Pai Nosso", em analogia ao tema da m?sica original.(Confira aqui a auto-par?dia da dupla)

Al?m da repercuss?o nacional, a banda foi digna de destaque na internacional. J? figuraram nas p?ginas de di?rios como o Clar?n (Argentina), Corriere della Sera (It?lia) e Washington Post (Estados Unidos). Sucesso instant?neao, gra?as ? internet, a banda pretende desenvolver novos trabalhos em breve, al?m de surfar nessa boa mar? provocada pela can??o que virou hit em menos de uma semana.

Confira abaixo a entrevista com o compositor Leo Fressato. Nela, ele revela que "Ora??o" nasceu de uma frustra??o amorosa, comenta o cen?rio musical nacional e explica como faz sua m?sica dialogar com a dramaturgia.

Terra Magazine - Esperavam essa repercuss?o?
Leo Fressato -
A gente esperava um burburinho. Mas pequeno. Tinham v?rias pessoas no clipe, ent?o elas passariam o v?deo adiante. A gente sabia que teria v?rias visualiza??es, dentro daquele v?deo tem v?rias bandas de Curitiba juntas. Mas nunca pensamos que seria desta forma.

Qual foi o maior retorno?
Por ora, poder mostrar o trabalho, tanto eu, enquanto compositor, tanto a Banda Mais Bonita da Cidade... todos fazem trabalhos s?rios de pesquisa em m?sica e que est?o sendo executados h? anos. O principal ? abrir Curitiba, que tem uma fama de ter pouca cultura local e, talvez por isso, tenha muita pesquisa de linguagem. Essa galera que est? produzindo m?sica aqui dificilmente aparece em n?vel nacional. Acho que agora, um dos maiores ganhos ? cultural, mostrar Curitiba.

Quanto custou esse clipe?
? um clipe sem custo. As pessoas que foram gastaram as suas gasolinas, comidas e suores. Foi isso. Convidamos amigos assim: "Olha, tem essa m?sica do Leo, ele sempre canta no show com galera, e j? que a gente vai gravar, quer?amos filmar com galera". Chamaram os amigos m?sicos e pediram: "Quem puder traz seus computadores e seu material, microfones e tal...". Pronto, foi isso. Cada um levou o que tinha, com a c?mera, com o steadicam (um equipamento para estabilizar a c?mera, dando a impress?o de que ela flutua), e assim produzimos o v?deo, que, na verdade, era apenas um registro. A ideia n?o era ser um clipe, mas um registro pra gente ter, mostrar para os amigos, material de trabalho. Colocamos na internet e, de repente, em uma semana e dois dias, tivemos 3 milh?es de acessos.

Est? escrito no v?deo que a banda adora Beirut. O que mais influencia o grupo?
A banda repagina as m?sicas dos cantores paranaenses, esse ? o trabalho de pesquisa deles. Mas tem outras influ?ncias assim como Beirut, tem Belle and Sebastian, v?rias bandas indies, outras de MPB. Eu tenho mais influ?ncia da MPB, tanto como compositor quanto como int?rprete.

Qual ? a sua forma??o?
Formado em Artes C?nicas pela Faculdade de Artes do Paran? (FAP). Nesse momento, fa?o algumas coisas com a banda e outras individualmente com a Ana Larousse, ela, no viol?o e eu, na performance vocal e c?nica. Acho que essa ? a grande gra?a, ser extremamente dramat?rgico.

O que achou das par?dias?
Eu adoro. Eu fa?o par?dia de m?sicas de todos os compositores da banda. Inclusive, a primeira par?dia de "Ora??o" foi postado no YouTube por mim e pela Ana, uma semana antes da m?sica ser liberada na internet. Eles estavam demorando pra liberar o material, a? eu falei que, como compositor, eu iria liberar sem a Banda Mais Bonita autorizar. A?, eu liberei esse v?deo falso, com a gente rezando o Pai Nosso. (Confira aqui a auto-par?dia da dupla).
Acho que as par?dias mostraram que a m?sica chegou at? as pessoas e as afetarem de uma forma que as incentivou a fazer alguma coisa. Se n?o tivessem feito nada, a? sim, eu teria ficado triste como artista.

O que acha do cen?rio musical brasileiro?
S? se fala de amor em alguns estilos musicais. Ningu?m mais fala de temas para outros grupos. De certa forma, a gente alcan?ou de crian?as a velhinhos. Tem alguns caras do sertanejo falando de amor, mas ? uma coisa mais jovem, os caras do emocore tamb?m falam sobre amor, mas para adolescente. Acho que falta alguns grupos serem atingidos. E, de certa forma, creio que conseguimos fazer um pouco disso talvez...

Qual foi a inspira??o da m?sica "Ora??o"?
Eu tinha feito uma m?sica - anterior a ela " muito rancorosa: "Para um antigo amor". ? uma m?sica linda, mas super dram?tica, super do?da. Passados uns 15 dias, eu pensei que o ?nico jeito de salvar o meu cora??o daquela dor era me livrar de n?o querer mais "te matar com a can??o", mas "salvar seu cora??o". Por conta disso, eu fiz "Ora??o". Foi uma frustra??o amorosa de fato, mas eu sou muito rom?ntico. Algumas pessoas falam que "Ora??o" parece comercial de Margarina. Eu n?o acho, embora o clipe seja um pouco isso, ele representa essa utopia que ? salvar o cora??o. Para mim ? bem triste, no momento em que eu fiz a m?sica, h? dois anos, era bem dif?cil, na verdade...

Pol�cia descarta elo entre assassinatos no campo; CPT rebate


Marcelo Lacerda/Terra MagazineO corpo de Herivelto Pereira dos Santos foi encontrado no s?bado, a oito quil?metros do Assentameto Praialta-Piranheira, em Nova Ipixuna O corpo de Herivelto Pereira dos Santos foi encontrado no s?bado, a oito quil?metros do Assentameto Praialta-Piranheira, em Nova IpixunaFelipe Milanez
De Nova Ipixuna (PA)

A Policia Civil do Par? afirma que o assassinato do assentado Herivelto Pereira dos Santos, encontrado morto neste s?bado (28), n?o teria liga??o com o homic?dio do casal de extrativistas Jos? Claudio Ribeiro da Silva e Maria Bispo do Esp?rito Santo, ocorrido na ter?a-feira passada. Detalhe: duas horas depois de encontrado o corpo de Herivelto, o delegado encarregado do caso j? manifestava tal opini?o. Disse o delegado Jos? Humberto de Melo Jr.:

- N?o tem liga??o, n?o existe l?gica para associar esse crime ao outro caso. At? porque no local existe a quest?o do tr?fico de drogas, o local ? utilizado como uma rota de fuga. Tem que ser apurado o que aconteceu l?, e n?o ser associado ao assassinato.

(Exatamente. H? que ser apurado e isso se aplica a todas as vers?es, inclusive, por certo, ? do delegado).

Jos? Batista, por exemplo, advogado da CPT, recha?a a avalia??o do delegado Jos? Humberto:

-Discordo totalmente da posi??o dele. A Pol?cia Civil n?o investigou nenhuma outra hip?tese de que o crime estivesse relacionado com alguma outra causa. Se a pol?cia divulga que est? relacionada ao tr?fico de drogas, ? irrespons?vel. N?o h? nenhuma prova colhida que aponte isso. ? uma decis?o precipitada que pode desviar o foco da investiga??o.


Corpo foi localizado por familiares (Foto: Marcelo Lacerda)

O corpo da v?tima foi encontrado por familiares. Herivelto, que tinha 25 anos, estava desaparecido desde quinta-feira (26) quando teria, segundo familiares, ido comprar peixe no Porto do Barroso, localizado ? beira do lago da represa de Tucuru?.

Familiares de Herivelto relataram o assassinato a integrantes de uma opera??o conjunta do IBAMA e Pol?cia Rodovi?ria Federal que, com quatro viaturas e um helic?ptero, atuavam na repress?o de crimes ambientais. A equipe, avisada pela fam?lia, se deslocou at? o local onde se encontrava o corpo.

Segundo informa??es do advogado da CPT e de outros assentados ouvidos na delegacia - que pedem sig?lo por temor a repres?lias -, Herivelto seria uma das testemunhas no caso do assassinato dos extrativistas Jos? e Maria.

Conforme esta vers?o que o aponta como testemunha, Herivelto consertava uma estrada danificada pelo per?odo de chuvas, quando foi abordado pelos pistoleiros; que n?o encontravam a rota de fuga do local. Herivelto n?o chegou a ser ouvido pela policia.

Mais assentados afirmam ter visto - como tamb?m relatava Herivelto ? uma moto vermelha da marca Honda, modelo Bros, e nela, dois homens com capacetes; quanto a esse fato e descri??o, portanto, Herivelto n?o ? a ?nica testemunha.


Peritos estiveram no local (Foto: Marcelo Lacerda)

A fam?lia encontrou o corpo ?s 10 horas da manh? do s?bado em um ponto de dif?cil acesso e, duas horas depois de informados, chegaram integrantes da Pol?cia Rodovi?ria Federal e do IBAMA. Agentes da Pol?cia Federal, transportados pelo helic?ptero do IBAMA, tiveram acesso ? cena do crime no meio da tarde. A Pol?cia civil chegou ao local apenas ?s 20h.

O corpo de Herivelto foi encontrado cerca de 50 metros dentro da mata, ao largo de uma trilha que leva ao lago de Tucuru? e que s? pode ser feita a p?. Essa trilha, localizada a aproximadamente 500 metros da casa de um assentado, Jo?o Pereira de Sousa, 69. Segundo a per?cia, Herivelto foi morto com pelo menos dois tiros. N?o havia sinais indicando que a v?tima tenha sido arrastada pela mata. Sua moto foi localizada na trilha.

O assentado Jo?o Pereira de Sousa afirma ter ouvido tiros por volta das 15h, na ?ltima quinta-feira, quando trabalhava em uma ro?a nas proximidades. Sousa diz n?o ter se dado conta dos tiros terem sido disparados t?o pr?ximos de sua casa.

No s?bado, os parentes de Herivelto armaram uma busca pelo desaparecido. "N?s chegamos aqui, na beira da grota, vimos a moto dele, e os urubus bateram asas. Entramos na mata, ?ramos em onze?, afirma a irm? Acleide Pereira dos Santos.

"A Justi?a tem que apurar o caso. N?s temos que pedir refor?o. A informa??o que n?s temos ? que a beira desse rio ? cheio de bandidos", disse Jo?o de Sousa Pereira. Este, embora de nome parecido com o do assentado Jo?o Pereira de Sousa, ? tio de Herivelto e vive na vizinha localidade de Itupiranga.

Segundo o delegado Melo Jr., no caso da morte de Herivelto n?o h? relatos de conflito agr?rio nem ind?cios de conflitos por terra. Por isso o crime n?o ser? investigado (pela delegacia especializada de Marab?) no mesmo processo que apura a morte do casal de extrativistas. Diz o delegado:

- Vai ser aberto um inqu?rito na delegacia local, de Nova Ipixuna.

O delegado Melo Jr. suspeita de um acerto em meio a disputas no tr?fico de drogas. Depoimentos de assentados indicariam, ? a informa??o da Pol?cia, que existiriam grandes planta??es de maconha no assentamento. "H? um indicativo de tr?fico", diz o delegado.

Eduardo Rodrigues da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Nova Ipixuna, confirma que Herivelto era assentado, trabalhava na ro?a, vivia com sua m?e Maria Dolores e que seu pai, Aced?nio, foi v?tima de latroc?nio h? alguns anos.

Moradores aterrorizados

O terceiro assassinato, na mesma semana da morte de Jos? Cl?udio e Maria, trouxe p?nico ao local. Mais do que com medo, assentados est?o aterrorizados. Fam?lias seguem trancadas nas casas, com crian?as chorando. "Preciso avisar l? em casa que est? tudo bem, eles estavam chorando quando sa?", conta o Presidente do Sindicato, Eduardo Rodrigues, que acompanhou o trabalho da pol?cia depois de encontrado o corpo.

Rodrigues, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Nova Ipixuna, resume o clima naquela regi?o do Par?:

-Aqui n?o tem Estado... estamos abandonados . ? preciso esclarecer esses crimes. Tenho medo, a gente est? com medo... quem n?o fica com medo em uma situa??o dessas? Todo mundo est? desesperado. O abandono aqui ? cruel. Muito cruel.

Felipe Milanez ? jornalista e advogado, mestre em ci?ncia pol?tica pela Universidade de Toulouse, Fran?a. Foi editor da revista Brasil Ind?gena, da Funai, e da revista National Geographic Brasil, trabalhos nos quais se especializou em admirar e respeitar o Brasil profundo e multi?tnico.

Fale com Felipe Milanez: felipemilanez@terra.com.br

Opini?es expressas aqui s?o de exclusiva responsabilidade do autor e n?o necessariamente est?o de acordo com os par?metros editoriais de Terra Magazine.

Galo no poleiro


Lula deitou e rolou no meio da multifacetada tropa pol?tica do PMDB, avalia jornalista Lula deitou e rolou no meio da multifacetada tropa pol?tica do PMDB, avalia jornalistaVitor Hugo Soares
De Salvador (BA)

Em seus notici?rios de maior audi?ncia, na noite de quarta-feira (24), as principais redes de televis?o do pa?s, cada uma ao seu estilo e enfoque, exibiram na cobertura sobre os vertiginosos ganhos de Palocci, imagens que mais pareciam retiradas de arquivos da hist?ria recente. Algo assim do tempo em que o ent?o senador e ex-governador Antonio Carlos Magalh?es deitava e rolava da Bahia a Bras?lia, exalando mando e poder ? sua passagem.

"Pura ilus?o de ?tica", como ensinava h? d?cadas a professora Let?cia Campos na escola de Santo Antonio da Gl?ria, no vale do S?o Francisco. No centro da imagem que as TVs mostraram esta semana quem pontificava de fato na capital federal - deitando e rolando no meio da multifacetada tropa pol?tica ao seu redor - era o ex-presidente Rep?blica, Luiz In?cio Lula da Silva.

Principal esfinge do partido dominante instalado no Pal?cio do Planalto, a pleno vapor ele estava de volta ao cen?rio do qual se despedira h? cinco meses. Desta vez em miss?o de negociador e bombeiro, duas de suas mais reconhecidas especialidades, cultivadas no sindicalismo e aplicadas na pol?tica em seus oito anos de governo. Lula tenta apagar o inc?ndio que grassa no gabinete do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, cujas chamas amea?am chamuscar as vestes da presidente Dilma Rousseff.

"Que foto, que imagem!", exclama Margarida, a provocativa e mordaz jornalista que vive ao meu lado. Sempre em alerta e em eterno estado de obje??o. Esp?cie de consci?ncia cr?tica afetiva, permanentemente de plant?o, cheia de desconfian?as de qualquer coisa emanada do poder ou que apare?a com carimbo oficial.

O grito funciona como um despertador. Convoca para "a vida real" que a televis?o anuncia como fazia antes o Jornal do Brasil de minhas mais gratas lembran?as profissionais, no tempo da can??o tropicalista do baiano Gilberto Gil.

At? o alerta da jornalista ao lado, o autor destas linhas prestara pouca aten??o aos principais lances dos notici?rios daquele dia na TV. Por sinal, not?cias de estarrecer. A come?ar por uma das mais lament?veis sess?es da hist?ria da C?mara dos Deputados do Brasil, que aprovou o C?digo Florestal. Tr?gica mas emblem?tica coincid?ncia com o assassinato do casal de seringueiros e defensores da floresta Z? Cl?udio Ribeiro e Maria do Esp?rito Santo, abatidos em mais uma emboscada nas selvas do Par?.

A desaten??o tinha motivo. Estava envolto na leitura de "Contra la prensa", uma referencial antologia de textos sobre o que se poderia chamar de o outro lado do jornalismo ou, se preferirem, da hist?ria da imprensa. Na verdade, esses escritos comp?em agora uma outra hist?ria da imprensa: o descobrimento de margens sombrias e vaidosas do jornalismo, em p?ginas cr?ticas deixadas por profissionais que duvidaram e gozaram ao assinalar suas deser??es e excessos.

"Em muitos casos ? uma hist?ria forjada tamb?m por jornalistas, esp?ritos travessos que com sarcasmo, ironia ou condescendente ceticismo, deixaram um feixe de l?cida incredulidade ante a epopeia da imprensa escrita", como registra a apresenta??o da antologia de Esteban Rodrigues, profissional de comunica??o argentino, respons?vel pela meticulosa compila??o dos textos de primeira linha que integram o livro. Um dos v?rios da pilha de publica??es sobre jornalismo e comunica??o adquirida em recente passagem por Buenos Aires.

Por pouco n?o resultou em multa por excesso de bagagem na hora do embarque no aeroporto de Ezeiza, mas valeu a pena carregar o peso, correr o risco da multa e at? ser acusado esta semana como um dos respons?veis pela explos?o de gastos de turistas brasileiros no m?s passado em viagens ao exterior. N?o sei se j? existe edi??o em portugu?s da obra que indico. Leitura essencial nesta quadra de transe e quase completa confus?o na imprensa brasileira e mundial.

De volta ao come?o:

Mal comparando, nas imagens em movimento da TV, congeladas em expressivas fotografias publicadas nos sites, blogs e jornais impressos do dia seguinte, o ex-presidente Lula reapareceu em Bras?lia "ciscando" com a seguran?a do galo que chega para repor a ordem no poleiro.

Palet? a ponto de ver explodir o ?nico bot?o que o fecha, express?o enigm?tica, bra?o direito estendido em acenos para o alto, Lula parece n?o s? ? vontade, mas satisfeito com a tropa que v? ? sua volta, depois de assumir, na pr?tica, a articula??o pol?tica do governo Dilma Rousseff, enquanto tenta socorrer o companheiro Palocci, atingido na asa.

"Lula almo?ou nesta ter?a-feira, 24, com senadores do PT, jantou com Dilma e Palocci, no Pal?cio da Alvorada, deu voz de comando para a defesa do ministro e nesta quarta-feira, 25, tomar? caf? da manh?, na casa do presidente do Senado, Jos? Sarney (PMDB-AP), com os l?deres da base aliada no Congresso", resume O Globo.

A imagem que contemplo - agora atento - ? de depois do caf? na casa do presidente do Congresso. Lula aparece diante da tropa com aquele ar t?pico de "miss?o cumprida". Ao lado do ex-presidente aparecem Sarney, ? esquerda, e Temer (vice de Dilma) ? direita. Mais afastados, Humberto Costa (PT) e Renan Calheiros (PMDB). Atr?s, o senador Magno Malta em sua pose t?pica de "papagaio de pirata". Ao fundo, uma nuvem densa de parlamentares do baixo clero no Congresso, que se confundem com seguran?as atentos.

?, ou n?o, uma imagem de causar espanto e admira??o? Confira e responda quem souber.


Fale com Vitor Hugo Soares: vitor_soares1@terra.com.br Opini?es expressas aqui s?o de exclusiva responsabilidade do autor e n?o necessariamente est?o de acordo com os par?metros editoriais de Terra Magazine.

Miopia pura


Paulo Nassar
De S?o Paulo

O Congresso Mega Brasil de Comunica??o 2011 reuniu recentemente, em S?o Paulo, mais de 500 comunicadores. Em uma das confer?ncias - "A explos?o das fronteiras (invis?veis) da comunica??o e seu impacto nas estrat?gias corporativas" - debateram-se as transforma??es sociais e tecnol?gicas que atingem a comunica??o, o trabalho, o perfil dos comunicadores das empresas e institui??es e provocam mudan?as em como as empresas e as institui??es se relacionam com consumidores, empregados, comunidades e organiza??es n?o-governamentais, entre outros p?blicos.

O desafio proposto pelo Congresso mostrou que a democracia e as novas tecnologias digitais - cada dia mais acess?veis - provocam nas empresas e institui??es um questionamento: sobre a validade da separa??o conceitual da comunica??o, aquela feita no ?mbito organizacional e aquela feita na sociedade de forma abrangente. Argumenta-se que a circula??o informacional, que ocorre na sociedade contempor?nea, cria um processo comunicacional compartilhado por todos, dentro ou fora da empresa. E por isso, se a empresa ou institui??o quer se comunicar com efic?cia, seus processos comunicacionais devem se ajustar aos ambientes t?cnicos, ?ticos e est?ticos da sociedade. Neste ambiente, perdem o sentido e a sustenta??o te?rica e pr?tica as denomina??es comunica??o organizacional, empresarial, integrada, mercadol?gica, corporativa, entre outras conhecidas, que definem territ?rios e pr?ticas, que tinham algum significado na sociedade industrial, mais lenta nas transforma??es pol?ticas, econ?micas e tecnol?gicas.

Uma comunica??o sem fronteiras

O tr?nsito da informa??o no mundo, o direito de falar e questionar assegurado a empregados e comunidades - antes considerados objetos passivos da comunica??o persuasiva da administra??o - mais o poder das redes sociais integradas por esses p?blicos, tiraram das empresas, institui??es e de seus dirigentes a centralidade e o poder de controlar o processo comunicativo e relacional. Agora, todos se comunicam e tudo o que fazem ? comunica??o, independentemente da posi??o que ocupam na hierarquia ou do que produzem. A empresa e a institui??o s?o mais um dos protagonistas sociais em rede.

O ambiente social e produtivo, agora, ? um s?. E neles todos se relacionam, dialogam em hierarquias atenuadas. O comunicador perdeu o lugar tradicional de trabalho e de fala. A origem de quem ? respons?vel pela comunica??o nas empresas e institui??es ? diversificada e n?o tradicional. Por isso, diante de novas m?dias, novos produtores de conte?do e do ambiente de mudan?as e incertezas, s? sobrevive o profissional culto.

Os temas tratados pelos neg?cios e institui??es tamb?m ajudam a esfarelar a id?ia de comunica??o organizacional para um conceito mais abrangente de comunica??o em organiza??es. ? um conceito radical que n?o enquadra mais a comunica??o de assuntos importantes, que interessam toda a sociedade e sempre provocam muita controv?rsia e in?meros pontos de vista, a partir do balizamento das linhas de produ??o e das estrat?gias administrativas. A comunica??o organizacional n?o explica o mundo de riscos representados pelas regula??es de Estado, terrorismo, fome, crimes e desastres ambientais, homofobia, corrup??o, medos, acelera??o e tirania do presente, identidades e alteridades... A ci?ncia da comunica??o anal?gica e digital ? constitu?da de um pensamento mais do que suficiente para dar significado para os processos comunicacionais, que acontecem no territ?rio que juntou empresa, institui??o e sociedade. Comunica??o Organizacional n?o ? uma nova ci?ncia aut?noma. No m?ximo, ? um metasistema, que tem sua identidade definida em suas rela??es com a Administra??o, a Psicologia, as Ci?ncias Sociais, a Antropologia, a Pol?tica, a Hist?ria, a Filosofia. A Comunica??o Organizacional tem um arsenal te?rico capenga. ? uma reciclagem e resignifica??o pobre das in?meras teorias da Comunica??o. A comunica??o organizacional atual ? a miopia das rela??es p?blicas e do marketing. Caso seja necess?rio beber em alguma fonte, que seja nas fontes de ?gua pura e de mesti?agem relacional e comunicacional.

Paulo Nassar ? professor da Escola de Comunica??es e Artes, da Universidade de S?o Paulo (ECA-USP). Diretor-presidente da Associa??o Brasileira de Comunica??o Empresarial (ABERJE). Autor de in?meros livros, entre eles O que ? Comunica??o Empresarial, A Comunica??o da Pequena Empresa, e Tudo ? Comunica??o.

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Morta testemunha no caso de assassinato de extrativistas


Felipe Milanez
Sul do Par?

Foi encontrado neste s?bado (28), morto em um matagal, Erenilton Pereira dos Santos, 25 anos, integrante do assentamento Praialta-Piranheira, o memo onde vivia o casal Jos? Claudio Ribeiro e Maria do Esp?rito Santo, executados na ?ltima ter?a-feira (24), em Nova Ipixuna, sul do Par?. O corpo estava a sete quil?metros do assentamento e a cerca de 100 metros da estrada. Erenilton era testemunha do caso do homicidio de Jos? e Maria. Ele viu uma moto Bros vermelha sair do assentamento. A mesma moto foi flagrada por outra testemunha entrando no local, minutos antes do crime.

Dois dias ap?s o duplo homic?dio, Erenilton foi comprar peixe em Porto Barroso, no lago Tucuru?. Ele seguiu na mesma dire??o em que os motoqueiros suspeitos do assassinato do casal haviam tomado. Desde ent?o, n?o deu mais not?cias. Como Erenilton era considerado desaparecido, neste s?bado, 10 pessoas sairam a sua procura. Encontraram a moto da v?tima na estrada, pr?xima ao corpo, que foi localizado, por volta das 10h, por equipe do Ibama e da Pol?cia Federal.

Segundo a Comiss?o Pastoral da Terra, Erenilton tamb?m morreu com um tiro na cabe?a e a arma seria do mesmo calibre da utilizada na execu??o do casal de extrativistas Z? Cl?udio e Maria.

A v?tima, que praticamente nasceu no assentamento Praialta-Piranheira, era casada e tinha quatro filhos. A fam?lia da v?tima est? assustada e teme retalia??es. As pol?cias Federal e Rodovi?ria Federal j? se encontram no local. Instituto M?dico Legal e Pol?cia Civil est?o a caminho.

Este foi o quarto homic?dio de trabalhador rural em cinco dias, tr?s deles aconteceram no Par?.

Veja tamb?m:
? Z? Cl?udio: "N?o ficarei calado nem que custe minha vida"
? Leia o relato de Felipe Milanez
? CNS culpa governo por assassinato de l?deres extrativistas no Par?
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O vinho brasileiro 2


Mauricio Tagliari
De S?o Paulo

Na semana passada, comentei sobre os progressos do vinho brasileiro, mas fiquei devendo discorrer sobre a D.O. Vale dos Vinhedos. O conceito de Denomina??o de Origem ? consequ?ncia direta da ideia de Indica??o Geogr?fica, que por sua vez se baseia no fato de que vinhos de diferentes regi?es, elaborados com a mesma tecnologia, apresentam-se distintos, com caracter?sticas pr?prias.

Some-se a isso a experi?ncia continuada que mostra as cepas mais adequadas, as que valorizam as peculiaridades das diferentes regi?es de cultivo e a experi?ncia humana, traduzida em t?cnicas de plantio, manuseio, colheita e vinifica??o. Uma D.O. exige mais do produtor. ?, em tese, um diferencial de qualidade.

O Vale dos Vinhedos obteve em 2002 o reconhecimento como Indica??o Geogr?fica e ser? tamb?m a primeira regi?o com Denomina??o de Origem (DO) de vinhos no Pa?s.


Foto: Gustavo Kauffman

A partir de 2011, ap?s ultrapassados alguns detalhes burocr?ticos, com o reconhecimento do Vale como Denomina??o de Origem (DO), alguns dos produtos dever?o obedecer a regras mais espec?ficas em rela??o ? produ??o da uva e ? elabora??o do vinho.

Sua norma estabelece que 100% da produ??o de uvas e o processamento da bebida sejam realizados na regi?o delimitada do Vale dos Vinhedos. Localizado na Serra Ga?cha e inserido no encontro dos munic?pios de Bento Gon?alves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, re?ne o legado cultural e gastron?mico dos imigrantes italianos veneto-trentinos, que chegaram ? regi?o em 1875.

Muitas ser?o as exig?ncias. A DO tamb?m apresenta regras de cultivo, produtividade m?xima, grada??o alco?lica e de processamento mais restritas que as estabelecidas para a Indica??o de Proced?ncia (IP), em vigor at? a obten??o do registro da DO, outorgado pelo INPI em 2011. A colheita ser? obrigatoriamente feita manualmente.

As castas autorizadas s?o apenas Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat, Chardonnay , Riesling It?lico e Pinot Noir. Esta ?ltima para espumantes.

Os tintos varietais devem ter um m?nimo de 85% de merlot, a cepa que vem se notabilizando ultimamente pelos resultados de alta qualidade na regi?o. Em blends, o percentual m?nimo de merlot cai para 60%. A comercializa??o somente poder? ser realizada ap?s um per?odo de 12 meses de envelhecimento.

Os brancos varietais ser?o 85% chardonnay e os blends devem ter 65% desta cepa. Os espumantes de chardonnay ou pinot (m?nimo de 60%) devem ser elaborados pelo m?todo tradicional com segunda fermenta??o em garrafa, que dever? constar no r?tulo principal, nas classifica??es nature, extra-brut e brut.

H? quem critique a iniciativa, pois, por se tratar de uma regi?o relativamente jovem para os padr?es enol?gicos, seria muito cedo para definir regras t?o restritivas. Haveria muito ainda a explorar. Cepas e t?cnicas. Ouvi de muitos produtores europeus que adorariam n?o ter tantos limites como os impostos por suas DOC. Seria uma troca da liberdade e criatividade pela camisa de for?a de regras nem sempre ?teis ou ben?ficas. Como colocar um adolescente numa escola militar!

Exageros ? parte, o fato ? que ningu?m ? obrigado a fazer todos os seus vinhos dentro da DO vale dos vinhedos. Os produtores podem testar as vantagens e desvantagens da DO com alguns vinhos, impor-se este desafio e ainda experimentar fora da DO. Vejam o exemplo radical do Pizzato Egiodola Reserva 2004. Feito com esta rara uva francesa, cruzamento das cepas Fer Servadou e Arbouriu. Um vinho bem diferente, muito t?nico, que revela um potencial interessante de guarda.


Foto: Gustavo Kauffman

Mas para quem est? cansado deste assunto burocr?tico, a boa not?cia ? que, no jantar/degusta??o oferecido na vin?cola Pizzato, a impress?o deixada pelos vinhos da DO foi excelente. Os espumantes dispensam coment?rios. Faria um destaque aqui justamente para os menos conhecidos: Peculiare Merlot 2009 e Terragnolo Merlot 2009. Este ?ltimo, de uma min?scula vin?cola, artesanal e familiar.

Ambos s?o vinhos de excelente qualidade, com estrutura e aromas ?timos. Elegantes e agrad?veis. N?o tive acesso ao pre?o. Mas sabemos que a famigerada substitui??o tribut?ria no estado de S?o Paulo maltrata o produtor e o bolso do consumidor. Imagino que chegar?o, se chegarem, ? faixa dos R$ 90. Mas vale arriscar.

A lista dos outros vinhos (todos muito bons) aptos a serem classificados como DO Vale dos vinhedos ?:

Alma?nica Reserva Merlot 2009
Casa Valduga Chardonnay Gran Reserva 2009
Dom C?ndido Documento Merlot 2009
Don Laurindo Reserva Merlot 2009
Miolo Cuv?e Giuseppe Merlot/Cabernet Sauvigon 2009
Miolo Cuv?e Giuseppe Chardonnay 2009
Espumante Brut Miolo Mill?sime 2009
Espumante Pizzato Brut
Pizzato Chardonnay 2009

Um detalhe importante para o consumidor ? que os vinhos com D.O possuem identifica??o gr?fica impressa no r?tulo frontal e no contrarr?tulo. Numa pr?xima vez, falarei de outros vinhos raros brasileiros.


Fale com Mauricio Tagliari: mauricio.tagliari01@terra.com.br
Opini?es expressas aqui s?o de exclusiva responsabilidade do autor e n?o necessariamente est?o de acordo com os par?metros editoriais de Terra Magazine.

Elei��es na It�lia viram "plebiscito" sobre Berlusconi


W?lter Maierovitch

Na It?lia, amanh? e segunda, ser?o realizadas, em algumas cidades, o segundo turno para as elei??es municipais, tamb?m chamadas de administrativas.

Nas cidades onde as elei??es foram resolvidas no primeiro turno (15 e 16 de maio passado), o grande perdedor foi o pol?mico primeiro ministro S?lvio Berlusconi.

Agora, no segundo turno, as duas grandes disputas ocorrer?o em Mil?o e N?poles. Duas cidades chaves e onde o premier Silvio Berlusconi imaginava que iria, tranquilamente, faturar no primeiro turno.

Em Mil?o, de onde ? natural e ? o mandachuva da esquadra de futebol do Milan, o premier Berlusconi fez da elei??o um plebiscito para aprova??o do seu governo. Mergulhou de corpo e alma nas campanhas e colocou os candidados do seu partido (Pdl) em segundo plano.

A prop?sito, Berlusconi deu-se mal no primeiro turno.

O candidato de oposi??o em Mil?o, Giuliano Pisapia, teve 48% dos votos, enquanto Letizia Moratti, a candidata de Berlusconi que tenta a reelei??o, obteve 41,6% das prefer?ncias.

Na bela cidade de N?poles, tr?s candidatos disputaram. O berlusconiano Gianni Lettieri conseguiu 38,5% dos votos. O segundo colocado foi o europarlamentar e juiz licenciado Luigi de Magistris, que chegou a 27,5%. Em terceiro lugar restou Mario Marcone com 19,1%.

Pelo que corre na monumental piazza del Plebiscito, - com o golfo e o Vesuvio a emoldurar o estupendo cen?rio, os votos dados a Mario Marcone poder?o ser transferido a Luigi de Magistris. Poder?o, pois o jovem Luigi de Magistris, pelo seu protagonismo quando esteve na Magistratura e pela incontrolada sede de poder que revela, n?o agrada a todos os napolitanos votantes em Mario Marcone.

Nas pesquisas sobre o "Ballotaggio" (segundo turno), o premier Berlusconi ser? derrotado em Mil?o. Em N?poles, tudo pode acontecer. Ontem por exemplo, Berlusconi foi vaiado no palanque.

Berlusconi, no palco e ao lado do c?lebre cantor Gigi D?Alessio (napolitano que faz sucesso em Nova York), cantou a c?lebre "o sudato innamurato": Berlusconi, quando jovem, cantava profissionalmente em cruzeiros mar?timos pela ilhas Gregas.

Depois de cantar, Berlusconi disparou: - "De Magistris virou juiz famoso por condenar inocentes".

Hoje, no jornal Corriere dela Sera, o humorista Beppe Grillo, famoso por ter promovido a concorrida manifesta??o "Vaffanculo Day", disse, sobre pol?tica e pol?ticos, quem "sonno tutti uguali, magiano tutti la mesma zuppa" (em pol?tica s?o todos iguais. Comem todos eles a mesma sopa).

Pano R?pido. A derrota de Berlusconi, que depende de Umberto Bossi, l?der do partido da Liga Norte (separatista com discurso novo de ser federalista), o colocar? em queda livre. E Bossi, desde o primeiro turno, tomou dist?ncia de Berlusconi, a ponto de n?o comparecer nesta semana aos com?cios em Mil?o.

Hoje, segundo registra o jornal La Repubblica, Bossi disse que o premier se preocupa muito com a Justi?a e os processos, ou seja, com a pr?pria pele (responde a quatro processos criminais, tr?s em fase final). Na verdade, Bossi fez uma cr?tica a Berlusconi que, na quinta e no G8, quando em conversa com o presidente Barack Obama, declarou que os ju?zes italianos s?o comunistas e o perseguem. Como se percebe e referentemente a Berlusconi, o gato subiu no telhado.

SP: Manifestantes mant�m concentra��o de Marcha da Liberdade


Ana Cl?udia Barros

A decis?o da Justi?a de S?o Paulo de proibir a Marcha da Liberdade, prevista para este s?bado (28), na Avenida Paulista, provocou a revolta dos organizadores da manifesta??o. Mesmo diante do veto, eles anunciaram que a concentra??o no v?o do Masp est? mantida para as 14h. A Marcha pela Liberdade, conforme os respons?veis pelo protesto, ? uma resposta ? "violenta repress?o ? Marcha da Maconha, no ?ltimo dia 21", tamb?m proibida pela Justi?a.

Em nota, eles repudiaram a decis?o e n?o pouparam o Minist?rio P?blico e o Tribunal de Justi?a do Estado de cr?ticas, afirmando que as duas institui??es "mais uma vez mostram que pararam em algum lugar entre 1964 e 1985", numa alus?o ? Ditadura Militar.

- Impedir o exerc?cio da livre express?o dos indiv?duos significa retirar dos cidad?os o controle e o poder de decis?o sobre os assuntos p?blicos.

Eles foram informados do veto na noite de sexta-feira (27). O respons?vel pela decis?o, o desembargador Paulo Rossi, da 2? C?mara de Direito Criminal do TJ-SP, alegou que o ato seria uma Marcha da Maconha com outro nome.

- Eis que o movimento ? surpreendido na noite desta sexta-feira por mais uma absurda proibi??o impetrada pelo Tribunal de Justi?a de S?o Paulo, sem que haja tempo para defesa pelas vias legais. A Marcha da Liberdade, que tem site oficial com diversos comunicados e lista das entidades que a comp?em e apoiam, foi acusada de ser a Marcha da Maconha sob outro nome e proibida sob a acusa??o de apologia ao crime, em clara viola??o n?o s? ao artigo 5? da Constitui??o como ao pr?prio conceito de democracia que supostamente existe nesse pa?s.

Para Gabriela Moncau, organizadora da Marcha, o an?ncio da decis?o no apagar das luzes foi "vergonhoso".

- ? uma prova de que sabiam que a fundamenta??o deles era fraca. Sabiam que, se recorr?ssemos, ganhar?amos judicialmente - afirma, explicando o porqu? de n?o suspender a concentra??o no v?o do Masp:

- Mantemos a concentra??o para que possamos decidir coletivamente o que fazer. Vamos ver como ficar? o clima, como se comportar? a pol?cia.

Outro motivo que despertou a indigna??o dos organizadores foi o fato de a manifesta??o ter sido discutida em reuni?o "que acordou a realiza??o da Marcha com a Pol?cia Militar na quinta-feira(26), com presen?a de diferentes setores do poder p?blico".

- Para a infelicidade dos promotores e desembargadores respons?veis pelo mandado de seguran?a, o movimento pol?tico que se constituiu em torno da Marcha da Liberdade ? forte, e n?o silenciar? sua revolta - cada vez mais justificada - frente ao cerceamento das liberdades por parte do poder p?blico - avisa a nota.

Veja tamb?m:
? Repress?o ? Marcha da Maconha ? nostalgia da ditadura
? Manifestantes fizeram apologia ao uso de drogas, alega PM
? Mesmo diante de proibi??o, grupo assegura Marcha da Maconha
? Brasil exalta cacha?a, mas pro?be maconha, critica Soninha
? Em meio a embates com o MP, Marcha da Maconha acontece em SP
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Entrevista com Robert Shearman, escritor da s�rie Doutor Who


Roberto de Sousa Causo
De S?o Paulo

O escritor ingl?s Robert Shearman est? no Brasil a convite da Cultura Inglesa, para participar do 15? Cultura Inglesa Festival. Ele vai falar neste s?bado (28) na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, Teatro Eva Herz (Av. Paulista, 2073, perto da Esta??o Consola??o do Metr?), ?s 17h30. Tamb?m vai falar no evento carioca Space Blooks 2011: A Fic??o Cient?fica em ?rbita do Rio - na Blooks Livraria - Praia de Botafogo 316, Botafogo (Unibanco Arteplex), dia 31, ?s 19h00.

Shearman ? um dos escritores da s?rie inglesa Doctor Who, produzida pela BBC e criada em 1963. Teve 26 temporadas entre 1963 e 1989, e outras seis no revival que a BBC produziu a partir de 2005. A s?rie trata das aventuras de um certo "Doutor" que viaja no tempo com uma m?quina disfar?ada de cabine telef?nica, enfrentando diferentes inimigos - em especial os Daleks, mutantes do planeta Skaro, que usam uma armadura em forma de tanque, imagem que se tornou ic?nica da s?rie. No Brasil, Doctor Who ? exibida no canal a cabo Sci-Fi do Brasil (http://scifibr.wordpress.com/tag/doctor-who).

Os livros de Shearman s?o Tiny Deaths (2007), Love Songs for the Shy and Cynical (2009) e Everyone's Just So So Special (2011). Ele estar? autografando, neste s?bado na Livraria Cultura.

Fale de sua atividade de escritor, e como voc? acabou escrevendo para Doctor Who?
Eu passei os primeiros dez anos da minha carreira de escritor profissional trabalhando no teatro. Eu evitava totalmente a televis?o! Era mais conhecido por meu trabalho com com?dia. Mas as minhas com?dias, como as pessoas perceberam, tinha um estranho sabor de fic??o cient?fica e fantasia: casais que se comunicavam por meio de amigos imagin?rios, pessoas que ficavam em hot?is onde elas podia interagir com vers?es mais jovens delas mesmas. Na ?poca em que Doctor Who foi revivida, eu acho que todo mundo j? sabia que eu tinha sido um grande f? da s?rie, quando menino, e a BBC pensou que o meu amor e conhecimento do programa (naquela altura ela n?o tinha sido uma s?rie regular h? uns quinze anos!) poderia ser ?til.

Voc? tem oportunidade de interagir com diretores, atores e produtores da s?rie?
Russell T. Davies, o produtor executivo do programa, se liga a cada aspecto da produ??o. Sendo ele mesmo um escritor, ele se destaca por insistir que todos n?s freelancers tenhamos tanto poder sobre os nossos scripts quanto poss?vel - mas ele tamb?m coordenava esses scripts, e nos conduzia por um ano inteiro de reuni?es! O que chega ? tela ? com certeza tanto uma vis?o dele quanto minha, e um resultado muito melhor por conta disso - eu aprendi muito com ele! Na altura em que o script estiver produzido, o trabalho do escritor na maior parte j? terminou. Eu me encontrei e conversei com o diretor, e com alguns dos atores, que foram todos educados e entusiasmados - mas voc? tem que passar o bast?o e deix?-los tornar o epis?dio deles tamb?m. Mas fiquei muito orgulhoso do meu dia no set de grava??o. Consegui at? abra?ar um Dalek!

H? desafios e dificuldades pr?prios de se escrever para essa s?rie?
A maioria das s?ries de televis?o vem automaticamente com um estilo pr?prio. Voc? tem sets padronizados que deve usar, todo um grupo de atores regulares - e um tom de escrita do qual voc? n?o pode se afastar. Doctor Who ? not?vel porque nela nada disso ? verdade. Voc? tem uma liberdade extraordin?ria, lan?ando-se para o futuro distante ou para o passado, contando uma hist?ria dom?stica intimista ou alguma narrativa ?pica em que planetas lutam uns contra os outros. Em uma semana voc? pode ter uma com?dia, na outra ser? uma hist?ria de horror, ou um drama pesado. ? primeira vista essa liberdade parece maravilhosa. Voc? pode fazer de tudo! Mas ? muito dif?cil, porque sem um modelo com o qual trabalhar, como voc? sabe que a sua escrita est? funcionando? Naquela primeira s?rie do revival, eu realmente n?o tinha id?ia!

Como voc? enxerga o fato de Doctor Who ser uma s?rie Cult internacional?
? espantoso. Na Inglaterra ela ? realmente uma institui??o. Foi primeiro criada em 1963, quase cinq?enta anos atr?s - e com certeza n?o h? ningu?m no pa?s que n?o tenha ouvido falar nela, ou a assistido em algum ponto de sua vida. Entre os meus doze e quinze anos, fui um fan?tico por ela, completamente obcecado. ? uma sensa??o muito estranha escrever para uma s?rie que vai sobreviver a voc?, que sempre ser? maior do que voc? jamais ser?. Num sentido, voc? quase que se ressente disso, desse monstro enorme que te coloca na sombra. Mas por outro lado, voc? se sente privilegiado, porque mundo afora dezenas de milh?es de pessoas ter?o ouvido o seu di?logo ou visto o que voc? tinha a dizer. Escrever para Doctor Who ? como receber um pequeno presente da minha pr?pria inf?ncia.

Fale da sua carreira como ficcionista, e como escrever para a TV impactou a sua escrita liter?ria.
Eu s? me voltei para a publica??o de livros poucos anos atr?s, e sei que s? me pediram para escrev?-los por causa da aten??o que me foi dada por Doctor Who! S?o na maior parte colet?neas muito estranhas de contos - tipo uma mistura de com?dia e horror. Adoro escrev?-las, nunca me diverti tanto. E tenho tido muita sorte, j? que elas colecionam muitos pr?mios internacionais, o que sugere que outras pessoas tamb?m as apreciam! Meu novo livro vai sair em julho, chama-se Everyone's Just So So Special (Todo Mundo ? T?o, mas T?o Especial), e eu estou muito entusiasmado com ele.

Voc? vai falar em S?o Paulo e no Rio de Janeiro. Tem outras atividades no Brasil?
Vou ficar s? uma semana! Nunca estive no Brasil antes, ent?o vou ver o m?ximo das duas cidades que eu puder, mergulhar na sua cultura e atmosfera ?nicas, e me divertir!

Veja tamb?m:
? Drops

Escritor e cr?tico, Roberto de Sousa Causo ? autor do romance Anjo de Dor.
Fale com Roberto Causo: roberto.causo@terra.com.br Opini?es expressas aqui s?o de exclusiva responsabilidade do autor e n?o necessariamente est?o de acordo com os par?metros editoriais de Terra Magazine.Assassinado em Rondonia sobrevivente do massacre de Corumbiara http://blogdaamazonia.blog.terra.com.br/2011/05/27/assassinado-em-rondonia-sobrevivente-do-massacre-de-corumbiara/

PM filma Marcha da Maconha e diz: usaremos meios necess�rios


Ana Cl?udia Barros
De S?o Paulo

Sob olhares de 250 policiais militares, dispostos em um intimidador cord?o de isolamento e espalhados ao redor do Museu de Arte de S?o Paulo (MASP) - na Avenida Paulista -, cerca de 2 mil manifestantes se preparam para a Marcha da Liberdade. Vetada pela Justi?a na sexta-feira (27) ? noite, a manifesta??o ? uma resposta ? viol?ncia da pol?cia no s?bado passado. Apesar da criticada atua??o no protesto anterior, a PM adianta que se for necess?rio n?o abre m?o das bombas de g?s lacrimog?neo.

- Usaremos todos os meios necess?rios - adianta o capit?o Jos? Carlos de Brito.

Conforme informa o capit?o, "se a manifesta??o for somente pela liberdade de express?o, a inten??o ? s? acompanhar". E complementa: "Nossos homens foram orientados a coibir qualquer manifesta??o de incentivo ao crime". Crime, para o coronel, s?o cartazes, camisetas, qualquer coisa que fa?a, segundo ele, alus?o a drogas, por exemplo.

- Vamos agir como sempre atuamos durante as manifesta??es - diz, evasivo, o capit?o Brito.

Ele acrescenta para Terra Magazine que a "fun??o ? oferecer seguran?a e evitar acidentes, porque as pessoas se exaltam um pouco e esquecem como ? o tr?nsito de S?o Paulo". Os manifestantes est?o sendo filmados por policiais, que se posicionaram na escadaria do Museu. Uma central de monitoramento, instalada em furg?o, est? sendo usada pelos policiais. Margaridas e balas s?o distribu?das aos presentes e faixas com palavras de ordem pela livre manifesta??o foram dispostas no v?o livre do MASP.

Fernando Bizarri, 32, arquiteto d? a sua opini?o: "Vejo esse tipo de repress?o ? liberdade de express?o como algo sistem?tico e contra tudo que se oponha aos grupos que financiam o governo do Estado e suas campanhas eleitorais. Eles sobrep?em os interesses dos grandes grupos aos da popula??o.

Grupos LGBTs tamb?m estavam presentes, pedindo a criminalizar?o da homofonia. Luis Arruda, 34, participa da Frente Paulista Contra Homofobia: "? uma marcha pela liberdade, portanto, queremos a liberdade de manifestar a nosso amor e sexualidade, como qualquer outro cidad?o".

O escritor Marcelo Rubens Paiva criticou cord?o de isolamento feito pelos policiais. "Isso me fez lembrar as passeatas dos anos 1970. Rid?culo. ? para intimidar".

- Temos que nos unir contra a falta de liberdade de express?o, e contra manifesta??es autorit?rias e abusivas. Temos que ficar atentos.

Peixe em Lisboa


Lecticia Cavalcanti
Do Recife (PE)

Os portugueses encontraram ao chegar, na terra a que primeiro chamaram de Vera Cruz, um povo com divis?o de tarefas muito bem definida. Mulheres ?ndias faziam artesanato (adornos, cer?mica, cestos), cuidavam da lavoura, preparavam alimentos e bebidas. Aos homens cabiam tarefas mais duras - ca?a, pesca, constru??o das ocas e defesa dos territ?rios de cada tribo. Havia ent?o lutas ferozes, entre tupis e guaranis, pela conquista do litoral e das margens dos rios. Por haver, nessas ?reas, grande quantidade de alimentos - crust?ceos, mariscos, moluscos e sobretudo peixes. A esses peixes deram nomes que, ainda hoje, permanecem: beijupir?, camurim, caramuru, curim?, ja?, piaba, piranha, sa?na, surubim, tambaqui, tra?ra, tucunar?. Al?m de pirarucu, com l?ngua que usavam para ralar guaran?. Eram todos assados no moqu?m, primitivos antepassados das churrasqueiras de hoje, tendo como tempero apenas pimenta pura ou misturada com sal, que chamavam "ionquet".

Esses peixes foram descritos, com entusiasmo, em cartas e relat?rios dos primeiros mission?rios jesu?tas - N?brega, Anchieta, Cardim, Leonardo Nunes, Francisco Soares; ou de escritores como G?ndavo, Gabriel Soares de Souza, Crist?v?o de Lisboa, Sim?o Vasconcelos. Nesses textos, comparavam sabores buscando semelhan?as entre os peixes daquela terra nova e aqueles que conheciam em Portugal - caramuru com amoreas, camurim com robalo, piaba com pech?es, piranha com sargo, beijupir? e ja? com solho, curim? e sa?na com tainha.

Passa o tempo, e peixes continuam sendo prefer?ncia na mesa de todos os portugueses. Para deixar isso bem claro inclusive celebram, todos os anos, o "Peixe em Lisboa" - um festival organizado pela Associa??o de Turismo da cidade. Neste ano, entre 7 e 17 de abril, sob as belas e hist?ricas arcadas do P?tio da Gal?, no Terreiro do Pa?o. Ali, 23 chefes nacionais (entre eles George Mendes, Nuno Mendes, Serge Vieira, Victor Sobral) e estrangeiros - (Sergi Arola, da Espanha e Gennaro Esp?sito, da It?lia), juntamente com 13 dos melhores restaurantes locais, mostraram ao p?blico suas mais variadas cria??es de mariscos, crust?ceos e peixes. Durante o festival tivemos aulas de cozinha, cursos de harmoniza??o de vinhos, exposi??o dos produtos t?picos da regi?o (dispon?veis para compra no Espa?o Gourmet) e debates em audit?rio. Sem contar concurso para escolha do "Melhor Pastel de Nata". O presidente do j?ri, Virg?lio Gomes, falou das dificuldades nessa escolha - "nenhum dos bolos provados se distiguiu pela negativa". Seja como for, depois de analisar cuidadosamente textura e sabor da massa e do recheio, ganhou aquele produzido pela pastelaria "Chique de Bel?m". Quem andar por l?, aproveite e tire a prova.

Esse festival tem tamb?m, como tradi??o, homenagear um nome importante da gastronomia. Em anos anteriores foram sempre gastr?nomos portugueses - Maria de Lourdes Modesto, Jos? Bento dos Santos e David Lopes Ramos. Esse ano, a homenagem recaiu em um brasileiro ilustre, J.A Dias Lopes, profundo conhecedor da gastronomia brasileira e portuguesa, escritor de v?rios livros, articulista do caderno Paladar (do Estado de S?o Paulo) e editor da revista Gosto (da qual sou colunista, com muita honra). Viva, pois, Dias Lopes! E viva Lisboa essa que para Cam?es era a "nobre Lisboa que no mundo facilmente dos outros ?s princesa", e que era, para Pessoa, uma "eterna verdade vazia e perfeita".

RECEITA: CALDEIRADA ? PESCADOR (regi?o do Ribatejo)

INGREDIENTES:
3 kg de peixe
3 cebolas grandes
6 dentes de alho
2 folhas de louro
500 g de tomate
Salsa
Azeite
600 g de batata
Sal e pimenta

PREPARO:
* Coloque em uma panela de barro as cebolas (cortadas em rodelas), o tomate (cortado em rodelas), alhos (picados), louro, um ramo de salsa e azeite. Por cima o peixe cortado em peda?os grandes. Tempere tudo com sal e pimenta. Cubra com as batatas (cortadas em rodelas). Tempere novamente com sal e pimenta. Repita essas camadas mais uma vez. Tampe a panela e leve ao fogo brando. Estar? pronto quando as batatas e o peixe estiverem cozidos. Sirva com fatias de p?o.

Lecticia Cavalcanti coordena o caderno Sabores da Folha de Pernambuco, escreve na Revista Continente Multicultural e no site pe.360graus.

Fale com Lecticia Cavalcanti: lecticia.cavalcanti@terra.com.br

Opini?es expressas aqui s?o de exclusiva responsabilidade do autor e n?o necessariamente est?o de acordo com os par?metros editoriais de Terra Magazine.

Ex cortador de cana, fot�grafo retrata vida nos canaviais


Jos? Ant?nio da Silva /Divulga??oImagem de Suor , do fot?grafo Jos? Ant?nio da Silva Imagem de Suor, do fot?grafo Jos? Ant?nio da Silva Dayanne Sousa

Foi na primeira exposi??o de fotografias que viu na vida que Jos? Ant?nio da Silva decidiu seu futuro. As imagens eram de suor e trabalho, sa?das das lentes de Sebasti?o Salgado. "Ali eu falei: um dia eu vou fazer isso".

Hoje, quase trinta anos depois de trocar a pequena Juripiranga, na Para?ba, por S?o Paulo, o fot?grafo Jos? Ant?nio voltou aos canaviais onde trabalhou ainda crian?a. Como Salgado, apontou as lentes para os trabalhadores. Eles que lhe eram t?o familiares.

Uma parte desse trabalho - 16 fotos - poder? ser vista a partir desta quarta-feira (1?), na exposi??o Suor, no Sesi A. E Carvalho, em S?o Paulo. A mostra ? a segunda de Jos? Ant?nio.

O artista deixou sua cidade natal aos 12, quando os pais se mudaram para a capital paulista em busca de trabalho. Depois de tanto tempo afastado do corte da cana, Jos? Ant?nio ainda tem bons pensamentos sobre a inf?ncia dura.

- L? o trabalho ? pesado, mas ningu?m fica estressado. L? ningu?m tem nada e ? feliz, aqui a gente da cidade tem de tudo e ainda se estressa.

Agora, ele sonha em reunir todas as suas fotos num livro. "J? tentei, mas me perguntam quanto eu posso pagar. Ora, se eu pudesse pagar, j? tinha feito o livro sozinho".

Servi?o

Suor
SESI A. E. Carvalho
R. Deodato Saraiva da Silva, 110
De 1? a 15 de junho
De segunda a sexta, das 10h ?s 17h
Informa??es: (11) 2280-2366
Entrada franca

Drops


Roberto de Sousa Causo
De S?o Paulo

Lan?amento Hoje: O Peregrino, novo romance de Tibor Moricz, 28 de maio a partir das 15h00 na Livraria Martins Fontes da Av. Paulista (N.? 509, perto da Esta??o Brigadeiro do Metr?).

Publica??es Recebidas: Da Devir, de S?o Paulo, recebemos A Casta dos Metabar?es Tomo Quatro: O Final da Saga (La Caste des Meta-Barons: Tome 7: Aghora le P?re-M?re/ La Caste des Meta-Barons: Tome 8: Sans-Nom le Denier Meta-Baron), fabulosa space opera em quadrinhos, escrita por Alejandro Jodorowsky e ilustrada por Juan Gimenez. ? o ?ltimo volume da saga, que se conecta com a s?rie Incal, de Jodorowsky & Moebius.

Da University of Texas in Browsnville recebemos a revista acad?mica Extrapolation de outono de 2010, volume 51, No. 3, um especial sobre apocalipse, utopia e distopia. A revista, que ? uma das tr?s principais do campo da FC em l?ngua inglesa, ? editada por Javier Martinez e tem M. Elizabeth "Libby" Ginway (autora do livro Fic??o Cient?fica Brasileira) no seu conselho editorial. O n?mero em quest?o tem 472 p?ginas, apreneta??o de Dale Knickerbocker e ensaios de Christopher Pizzino, Deborah Bailin, Adam Johns, Jessie Stickgold-Sarah e Gerry Canavan.

Da hiperativa Editora Draco (http://www.editoradraco.com), de S?o Paulo, chegou enviado pelo autor Antonio Luiz M.C. Costa o seu primeiro romance, Cr?nicas de Atl?ntica: O Tabuleiro dos Deuses, tomo de 471 p?ginas, ambicioso na constru??o de mundo e no car?ter libert?rio das suas situa??es. A colorida arte de capa de Erick Sama sugere um mural ou mosaico antigo. O livro tamb?m traz um tratamento gr?fico diferenciado.

Da N?o-Editora (http://www.naoeditora.com.br), de Porto Alegre, recebemos Fic??o de Polpa Volume 4: Crime!, antologia editada por Samir Machado de Machado, com hist?rias de Carlos Orsi, Yves Robert, Oct?vio Arag?o, Rafael B?n Jacobsen, Carol Bersimon e Carlos Andr? Moreira, com arte de capa de Jader Corr?a & Matias Strebb. Essa ? a mais antiga antologia de hist?rias originais em atividade.

Lan?amentos: A Editora Draco, de S?o Paulo, divulgou as datas dos pr?ximos lan?amentos de t?tulos do seu cat?logo: A Guardi? da Mem?ria, novo romance de Gerson Lodi-Ribeiro, ser? lan?ado no dia 1.? de junho na Livraria Blooks (Praia de Botafogo, 316 - Espa?o Unibanco Artplex), a partir das 19h30; Space Opera: Odisseias Fant?sticas Al?m da Fronteira Final, antologia organizada por Hugo Vera & Larissa Caruso: no mesmo local e hor?rio.

Exposi??o Fic??o Cient?fica Brit?nica: O 15? Cultura Inglesa Festival deste ano ter? uma exposi??o multim?dia na esta??o de metr? Para?so com pain?is, fotos, v?deos, m?sica e quadrinhos vai tra?ar uma linha do tempo e mostrar a influ?ncia do tema em toda a cultura brit?nica. Haver? videoclips, exibi??o de s?ries de TV, capas de livros e outras refer?ncias ? literatura, da criadora de Frankenstein, Mary Shelley, ? Guerra dos Mundos de H. G. Wells, al?m de uma seq??ncia de filmes do g?nero exibidos no mesmo local. A exposi??o tamb?m incluir? um painel sobre Henrique Alvim Corr?a, o ilustrador brasileiro desse romance de Wells. A curadoria ? de Rog?rio de Campos, o editor da Conrad Livros, e a atividade tamb?m inclui bate-papo com Rog?rio de Campos e Roberto Causo, gratuito para usu?rios do metr?, no dia 28 de maio ?s 12h30, no espa?o de exposi??es da Esta??o Para?so do Metr?.

Fic??o Cient?fica Brit?nica. De 27 de maio a 30 de junho.

O Festival tamb?m apresentar? Bate papo e tarde de aut?grafos com o autor Robert Shearman, finalista do World Fantasy Awards e do Pr?mio Hugo e roteirista da s?rie cult brit?nica Dr. Who.

Quando: 28/05, ?s 17h30

Onde: Livraria Cultura do Conjunto Nacional - Teatro Eva Herz (Av. Paulista 2073, perto da Esta??o Consola??o do Metr?). Retirar ingresso 1h antes no local

Acompanhe via Blog: festival.culturainglesasp.com.br/blog; Twitter: twitter.com/culturainglesa; Facebook: facebook.com/culturainglesasp; Youtube: youtube.com/culturainglesa.

Evento Space Blooks 2011: A Fic??o Cient?fica em ?rbita do Rio: Com curadoria de Octavio Arag?o, doutor em Artes Visuais (UFRJ) e professor da Escola de Comunica??o da UFRJ, a segunda edi??o do encontro traz a cidade, de novo, para o centro do universo de alien?genas, mundos paralelos e fen?menos inexplic?veis que conquista uma crescente legi?o de f?s.

Este ano, o Space Blooks ganhou mais uma noite e um convidado internacional: Rob Shearman, escritor brit?nico vencedor do World Fantasy Awards, finalista do prestigiado pr?mio Hugo, e um dos roteiristas da s?rie cult brit?nica Doctor Who. "A maior parte dos seriados tem seu p? bem plantado em conceitos de Sci-Fi, vide os fen?menos Lost, Heroes, Fringe e The 4400... Ter um roteirista do g?nero e escritor premiado falando sobre seu processo de trabalho na TV inglesa ser? um presente para todos n?s", comemora Octavio Arag?o. A programa??o inclui L?cio Manfredi, de Dom Casmurro e Os Discos Voadores (Leya), e Pedro Vieira, de Mem?rias Desmortas de Br?s Cubas (Tara Editorial) - autores de mashups que ousaram lan?ar m?o de obras do "bruxo do Cosme Velho" em romances pol?micos, que mexeram com o panorama liter?rio no final do ano passado. Al?m deles, Gerson Lodi-Ribeiro faz a noite de aut?grafos do seu A Guardi? da Mem?ria (Draco), no terceiro e ?ltimo dia do evento. A Draco aproveita e lan?a, tamb?m, Space Opera, antologia com textos de diversos autores brasileiros sobre naves espaciais, alien?genas e armas futuristas.

Data: 30 e 31/05 e 01/06, ?s 19h. Local: Blooks Livraria - Praia de Botafogo 316, Botafogo (Unibanco Arteplex) - (21) 2559-8776 / Gr?tis.

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FantastiCon 2011 J? Tem Data e Local: O principal evento brasileiro de fic??o cient?fica e fantasia, organizado por Silvio Alexandre, acontecer? nos dias 12, 13 e 14 de agosto, na Biblioteca Viriato Corr?a. Ser? a quinta FantastiCon.

Novo Livro de Simone Saueressig ? Fic??o Cient?fica: O romance de fic??o-cient?fica B9, da escritora ga?cha Simone Saueressig, ganhou uma nova edi??o: agora ? poss?vel ler o livro completo - que at? o momento s? estava dispon?vel em forma de e-book em blogue pr?prio - na forma tradicional. A edi??o acontece atrav?s do site http://www.clubedeautores.com.br. O romance tamb?m pode ser adquirido em forma de e-book, o que significa uma redu??o enorme em termos de pre?o e rapidez de entrega. J? n?o ? preciso esperar o volume ser confeccionado e enviado pelo Correio. Em todo o caso, para quem prefere o tradicional suporte em papel, o site tamb?m oferece o livro em volume comum. A entrega ? oferecida em 5 dias ?teis em todo o territ?rio nacional. B9 conta a trajet?ria de Douglas Carges, o ?nico piloto aceito pelo computador da nave NCA 4468 para assumir o tim?o da nave. A sobreviv?ncia de tripulantes e passageiros est? em jogo, porque durante sua viagem a nave atravessou uma nuvem de aster?ides que a danificou, causando importantes baixas entre os tripulantes, e seu comandante a levou at? a ?rbita de um sistema estelar duplo de onde eles esperam pelo resgate. Contudo, a estrela dominante do sistema ? um buraco negro que vai, pouco a pouco, devorando sua companheira e atraindo a NCA 4468 para si. Se Douglas n?o assumir seu papel junto ao comando, a nave est? fadada ? destrui??o. Por?m Douglas n?o sabe disso: est? mais interessado em desaparecer para dentro da pr?pria NCA, tentando fugir dos pesadelos que marcaram o fim de sua inf?ncia. B9 tem, nas entrelinhas, uma mensagem que tenta dialogar com pessoas que sofreram abusos de qualquer natureza na inf?ncia. "O sil?ncio ? pior op??o", afirma Simone. "N?o ? f?cil, as dificuldades s?o imensas, a press?o deve ser aterrorizante, mas a den?ncia ? a ?nica forma de que a sociedade, como um todo, se proteja de seres humanos que abrem m?o da civilidade. As v?timas de abuso precisam dar voz aos seus horrores, para que a Justi?a possa fazer a sua parte." Simone Saueressig ? muito ativa na ?rea juvenil, e tem t?tulos publicados pelas editoras Scipione, Cortez, L&PM e Artes e Of?cios, como A Noite da Grande Magia Branca e A Estrela de Iemanj?, da Cortez Editora (2007 e 2009, respectivamente), e A Fortaleza de Cristal da L&PM Editores (2007). Seu livro Aurum Domini: O Ouro das Miss?es, foi lan?ado pela Artes e Of?cios Editora em 2010.

Nas Bancas: A revista Ci?ncia Hoje N.? 279, de mar?o de 2011, trouxe longo artigo de Fred Furtado, intitulado "Fic??o Cient?fica: Quando a Ci?ncia Encontra a Arte". O artigo cita os professores L?cia Rodrigues de La Roque e F?bio Fernandes, e os escritores Gerson Lodi-Ribeiro e Roberto de Sousa Causo, entre outros. A revista ? publicada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ci?ncia.

Tamb?m nas bancas, a revista de design e ilustra??o Zupi, em edi??o especial de arte de hist?rias em quadrinhos. Traz portfolio de Dave McKewan, entrevista com Danilo Beyruth, e perfis de Octavio Cariello, Marcelo Campos e Fl?vio Colin, al?m de uma amostra da arte do ?timo ilustrador Kako.

Foi distribu?do em bancas selecionadas, o ?lbum A Casta dos Metabar?es Tomo Quatro: O Final da Saga (Devir), de Alejandro Jodorowski & Juan Gimenez.

Escrivonauta Entrevista Roberto Causo: Lydia Rodrigues entrevista Roberto de Sousa Causo sobre fic??o cient?fica no Brasil, no blog Escrivonauta: http://www.escrivonauta.com/?p=60

Jorge Luiz Calife Duas Vezes Entrevistado: O autor da Trilogia Padr?es de Contato e da sua preq??ncia, Angela entre dois Mundos (Devir), foi entrevistado por Lydia Rodrigues, no blog Escrivonauta: http://www.escrivonauta.com/?p=46. Calife tamb?m foi entrevistado pela revista Platero, da rede Martins Fontes de Livrarias.

Vagner Vargas Coloca Online Site Renovado: O prol?fico ilustrador de fic??o cient?fica e fantasia reformou o seu site pessoal: http://www.vagnervargas.com.br/

Renato Rosatti Distribui Outro Juvenatrix: O veterano fanzineiro distribui gratuitamente o seu fanzine Juvenatrix 127, baix?vel em http://www.juvenatrix.blogspot.com. Este n?mero traz bela capa de Rafael Tavares, uma extensa cobertura de bandas de black metal no Brasil, divulga??o de livros recentemente lan?ados, contos de M?rio Carneiro e Emanuel Marques, artigo de Marcello Branco sobre o escritor franc?s Stephan Wul, e de Renato Rosatti sobre o filme Daqui a Cem Anos, entre outros.

FC e o C?none Liter?rio: O jornal ingl?s The Guardian discute, em artigo de Damian G. Walter, a possibilidade da fic??o especulativa vir a integrar o c?none da fic??o liter?ria no futuro. O foco se concentra na atual produ??o inglesa de FC e fantasia, e de como ela deveria ser representada no maior pr?mio liter?rio ingl?s, o Booker Prize: http://www.guardian.co.uk/books/2011/feb/02/science-fiction-literary-canon

Blog de Estudos da Cultura: O jovem acad?mico Arnaldo Pinheiro Mont?Alv?o J?nior lan?ou o blog Z-12 (http://z12z.blogspot.com), com material dele e de seus alunos. Confira l? not?cias sobre a revista Cadernos de Estudos Culturais e a antologia de contos Das Prateleiras de Babel.

Lan?amentos Futuros: A Editora Draco anunciou que a antologia Dieselpunk, organizada por Gerson Lodi-Ribeiro, ser? lan?ada na FantastiCon 2011, em agosto deste ano. Tamb?m anunciou os autores selecionados para a antologia Imagin?rios 4: Erick Santos Cardoso, Leonel Caldela, F?bio M. Barreto, Georgette Silen, Luiz Bras, Nazarethe Fonseca, Cris Lasaitis, Antonio Luiz M. C. Costa, Claudio Brites e Renato A. Azevedo. Imagin?rios ? uma das s?ries de antologias originais em atividade no Brasil, criada por Tibor Moricz, Saint-Clair Stockler & Eric Novello, agora editada por Erick Santos Cardoso.

A Devir fechou contrato para publica??o de The Windup Girl, do ?talo-americano Paolo Bacigalupi. ? o mais recente romance multipremiado da fic??o cient?fica, tendo recebido os pr?mios Hugo, Nebula e Locus, entre outros. O tradutor Carlos Angelo ajudou na negocia??o com a agente Fl?via Sala.

O pr?ximo t?tulo da cole??o Asas do Vento, da Devir, ser? Duplo Sobrenatural: O Recipiente/A F?brica, de Orson Scott Card e Carlos Orsi.

A Editora Aleph, que republicou recentemente Duna, de Frank Herbert, j? contratou v?rias seq??ncias desse cl?ssico.

Veja tamb?m:
? Entrevista com Robert Shearman, escritor da s?rie Doutor Who

Escritor e cr?tico, Roberto de Sousa Causo ? autor do romance Anjo de Dor.
Fale com Roberto Causo: roberto.causo@terra.com.br Opini?es expressas aqui s?o de exclusiva responsabilidade do autor e n?o necessariamente est?o de acordo com os par?metros editoriais de Terra Magazine.

Pimenta Neves est� preso. E os outros?


O jornalista Pimenta Neves, assassino confesso e condenado pela morte da ex-namorada Sandra Gomide O jornalista Pimenta Neves, assassino confesso e condenado pela morte da ex-namorada Sandra GomideJos? Luiz Teixeira
De S?o Paulo

O jornalista Pimenta Neves, assassino da namorada Sandra Gomide, finalmente foi preso, esta semana, em S?o Paulo.

Fazia tempo que a opini?o p?blica queria que ele fosse ver o Sol nascer quadrado.

Foi uma surpresa, pois, como ? voz corrente no Brasil, aqui s? os pobres v?o para a cadeia.

Mas a realidade n?o ? bem essa: h? muitos assassinos pobres e an?nimos soltos por a?.

S?o aqueles que matam diariamente pessoas que saem dos bancos com algum dinheiro no bolso, motoristas parados nos sem?foros, jovens da periferia...

S? na quinta e na sexta-feira passadas, na capital paulista, quatro pessoas foram mortas em assaltos.

N?o imagino quantos sejam os homicidas livres pelas ruas do Brasil, prontos para matar novamente. S?o muitos, com certeza.

Se os mais abastados t?m dinheiro para pagar bons advogados, os assassinos pobres acabam nem sendo presos na maioria das vezes.

No Estado de S?o Paulo, por exemplo, somente cinco por cento dos crimes s?o solucionados, de acordo com pesquisa do N?cleo de Estudos da Viol?ncia da USP.

Grosso modo, pode-se interpretar que de cada 20 criminosos, apenas um est? na cadeia; os outros 19 est?o por a?, soltinhos da silva.

E se os ricos contam com bons escrit?rios de advocacia para escapar da cadeia, os "diferenciados" simplesmente fogem.

Uns se valem da lentid?o da Justi?a; outros, da inefici?ncia da Pol?cia.

E assim, por linhas tortas, escreve-se uma perversa igualdade social.

***

Os advogados de Pimenta Neves conseguiram postergar o seu (l? dele) encarceramento mais de cinco anos depois da condena??o.

Em conversa com o delegado que o deteve, o jornalista disse que preferia ter cumprido a senten?a logo depois de seu julgamento.

Se isso tivesse ocorrido, ele j? estaria solto, pois no sistema penal brasileiro, ? comum que se cumpra apenas um ter?o da pena.

Agora, ? prov?vel que morra no c?rcere, pois j? est? com 74 anos de idade.

Ainda que cumpra s? cinco atr?s das grades, ser? dif?cil ultrapassar os 79, ainda mais no insalubre ambiente penitenci?rio - se ? que as cadeias sejam mais insalubres do que as reda??es.

Jos? Luiz Teixeira ? jornalista. Formado pela Faculdade C?sper L?bero, trabalhou em diversos ?rg?os de imprensa, entre os quais as r?dios Gazeta, Tupi e BBC de Londres, e os jornais O Globo, Folha de S.Paulo e Folha da Tarde.

Fale com Jos? Luiz Teixeira: jl.teixeira@terra.com.br

Opini?es expressas aqui s?o de exclusiva responsabilidade do autor e n?o necessariamente est?o de acordo com os par?metros editoriais de Terra Magazine.

Brasil copia o mau, diz Osni, de 1,58m, sobre final europeia


Eliano Jorge


Iniesta, Messi e Xavi, que n?o superam a marca de 1,70m, foram premiados
pela Fifa como melhores jogadores do mundo em 2010 (foto: Reuters)

A Liga dos Campe?es da Europa, a competi??o interclubes mais prestigiosa do planeta, ser? decidida ?s 15h45 deste s?bado, em Londres, por Manchester United e Barcelona, que contradizem a reinante prefer?ncia por atletas de maior porte f?sico.

No time espanhol, n?o passam de 1,80m simplesmente 14 dos 18 jogadores de linha que mais foram a campo no torneio continental. No Manchester, s?o 13 entre 24 atletas. Entre estes barcelonistas, a m?dia de altura dos encarregados de fun??es criativas ? de 1,72m. No concorrente, 1,76m. Uma economia de fita m?trica, para os padr?es vigentes.

O trio de ataque catal?o re?ne David Villa, de 1,75m, Messi e Pedro, ambos de 1,69m. O mais alto da turma ofensiva, o reserva Afellay, tem 1,80m. No Manchester, somente o artilheiro Berbatov ultrapassa esta medida. Por oito cent?metros. Por?m, a titularidade cabe ao franzino Chicharito, de 1,75m.

Um dos menores jogadores a atuar em primeiro n?vel no futebol brasileiro, o ex-atacante Osni sa?da o predom?nio de "baixinhos" na elite do futebol mundial, na contram?o de uma realidade constatada na Copa do Mundo de 2010.

- ? a prova de que o Brasil s? imita o que n?o presta - conclui, criticando a prefer?ncia nacional por jovens com porte f?sico avantajado, inspirada na tradicional for?a f?sica dos europeus.

Ele sequer tenta disfar?ar sua irrita??o com as pr?ticas atuais.
- O Brasil, por ter alguns insucessos, principalmente na Copa de 82, come?ou a achar que o futebol-for?a seria mais importante. De l? para c?, come?aram a produzir jogadores altos e fortes, achando que isso seria o suficiente. Deixaram de lado aquilo que seria mais importante: a habilidade, que se encontra mais em jogadores baixos.

Do "alto" do seu declarado 1,58m, dois cent?metros a mais do que divulgam algumas fichas t?cnicas, Osni acredita que n?o teria espa?o hoje em dia. "N?o me deixariam jogador, iam vetar", admite o paulista de 58 anos que jogou no Flamengo.

Sucesso mesmo, ele obteve no Bahia e no Vit?ria, nas d?cadas de 1970 e 1980. R?pido, driblador, homem-gol. Com direito ? artilharia e ao t?tulo estadual simultaneamente como jogador e t?cnico em 1984, pelo tricolor. Uma lenda. Faturou duas vezes a Bola de Prata da Revista Placar, defendendo o rubro-negro no Brasileir?o, em 1972 e 1974.

- Eu era centroavante. Fazia gols de cabe?a. Porque (o segredo) n?o ? saltar mais do que o zagueiro, ? se colocar ou chegar ? frente. Se voc? se antecipa, tem muito mais chance, n?o precisa nem pular. Zico fazia muito. Rom?rio era o mais esperto de todos, se colocava na frente ou ficava atr?s do beque - ensina Osni, dono de uma revendedora de carros em Salvador.

Ele cita as modestas estaturas de Neymar, Zico, Rom?rio, do ex-cruzeirense Alex e e do s?o-paulino Lucas para minimizar a import?ncia dos grandalh?es nos gramados. E retorna ? final europeia: "O melhor jogador do mundo hoje ? baixo, o Messi".

Erro na base

A prospec??o de garotos guiada pelo potencial atl?tico ? duramente condenada por Osni. "Estamos caminhando para perder craques. Os craques est?o sumindo. E quando aparecem, v?o embora (para o exterior)", adverte.

- Infelizmente isso est? sendo levado para a divis?o de base, que n?o vai dar nada. Quem tem o futebol-arte como mais importante consegue um Ganso, um Neymar e outras p?rolas que a gente j? sabe que v?o surgir no Santos - observa o antigo goleador, que surgiu justamente na Vila Belmiro.

Seus exemplos, entretanto, s?o se limitam aos santistas.
- O pr?prio Flamengo fez esse trabalho e colheu frutos com Djalminha, Marcelinho, Paulo Nunes... Todos que fizeram trabalho voltado para a habilidade e a t?cnica tiveram sucesso. Ficam cobrando da divis?o de base que ganhe t?tulo. Ela n?o ? para isso, ? para fazer jogador.

Ele reclama ainda do trabalho nas academias. "Botam o jogador para ser rob? na sala de muscula??o, para que ele ganhe uma for?a muscular, mas perde totalmente a habilidade e o jogo de cintura".

E exemplifica: "Robinho perdeu o que era quando foi para fora do pa?s. Meteram um preparo f?sico nele, ficou mais forte e n?o tem a habilidade que ele tinha. Veja o Neymar, magro, ningu?m pega. E pode dar pancada que ele aguenta. Sabe se defender, tem ginga de corpo e velocidade".

Na avalia??o de Osni, tamb?m poderia ter sido superior o desempenho do maior artilheiro das Copas do Mundo:
- O pr?prio Ronaldo, quando jogava no Cruzeiro, era um monstro. L? fora, fizeram dele um rob?. Continuou bom porque era bom, mas pode ter certeza que ele perdeu muito da ginga de corpo para driblar, ficou mais pesado, sem mobilidade.

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Presidente cogita Morumbi se Santos for � final da Libertadores


Eliano Jorge


No seu mais recente jogo no Morumbi, o Santos eliminou o S?o Paulo nas semifinais do Campeonato Paulista de 2011 (foto: L?o Pinheiro/Terra)

Logo ap?s a magra vit?ria de 1 a 0 sobre o Cerro Porte?o pelas semifinais da Copa Libertadores da Am?rica, no paulistano Est?dio do Pacaembu, quarta-feira (25), o presidente do Santos n?o escondia sua empolga??o com o time. Por?m, evitava o clima de "j? ganhou", antes de decidir a classifica??o uma semana depois, no Paraguai.

Luis ?lvaro de Oliveira Ribeiro escolhia as palavras ao se referir ? presen?a santista na final da competi??o. "Vou por etapas", precavia-se. Diante da insist?ncia de Terra Magazine, entretanto, admitiu que, caso o Peixe alcance a decis?o, pode atuar no Est?dio do Morumbi, que tem o dobro da capacidade de p?blico do Pacaembu, mais de 70 mil espectadores.

- A possibilidade existe. N?s n?o temos veto - afirmou o cartola, distinguindo-se de Corinthians e Palmeiras, que v?m rejeitando a casa s?o-paulina nas ?ltimas temporadas.

Recentemente, o Santos conquistou no Morumbi o Brasileir?o de 2002 sobre os corintianos e o Campeonato Paulista de 2007 sobre o S?o Caetano. Mas perdeu l? a Libertadores de 2003 para o argentino Boca Juniors.

Rombo milion?rio

Neste m?s de maio, estudo da BDO RCS Auditores Independentes imputou aos santistas uma d?vida de R$ 211 milh?es, a sexta maior entre os clubes brasileiros, abaixo apenas de Atl?tico Mineiro (R$ 527 milh?es), Botafogo (R$ 378 milh?es), Vasco (R$ 373 milh?es), Fluminense (R$ 368 milh?es) e Flamengo (R$ 342 milh?es).

- ? um n?mero controlado. O Santos foi superavit?rio no ano passado - contemporizou o presidente alvinegro.

Ele conta que houve uma redu??o do rombo em 2010. "Parte importante se deve a um saneamento que a gente fez", disse, indicando a tentativa de tirar de antigas parcerias do clube algumas parcelas dos direitos financeiros de jogadores.

Ao explicar o milion?rio montante, Ribeiro acusou a gest?o anterior, de Marcelo Teixeira, de gastar no departamento de futebol, por m?s, R$ 2 milh?es a mais do que arrecadava. "Com sal?rios de jogadores em fim de carreira e comiss?o t?cnica muito cara", criticou.

Batalha dos ingressos

A obten??o de entradas para o duelo com o Cerro Porte?o n?o repetiu os tumultos das partidas anteriores do Santos no Pacaembu. "Desta vez, n?o houve problemas", avaliou Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, embora ainda busque melhorar o servi?o, que maltratou a torcida principalmente antes do confronto com o Deportivo T?chira, da Venezuela.

- ? preciso mais tempo para se organizar. A tarefa ? muito dif?cil, um exerc?cio que j? estamos fazendo. Pegamos um sistema de venda de ingressos com problemas. E n?o est?vamos acostumados a jogar no Pacaembu - argumentou o presidente.

Em duas breves entrevistas a radialistas, entre poses para fotos com torcedores na porta de seu camarote no Pacaembu, Ribeiro distribuiu ansiadas frases de efeito.

- O Santos ? o time mais ?pico do Brasil - exaltou, em refer?ncia ?s dificuldades das classifica??es e dos t?tulos estaduais recentes, al?m da Copa do Brasil de 2010.

Sobre as reclama??es da torcida por erros dos atletas, ele declarou:
- O jogador n?o ? perfeito. Se fosse, n?o seria jogador, seria deus.

E acrescentou, sobre os ataques do Cerro Porte?o:
- Eles n?o entraram na nossa ?rea. Nossa defesa foi uma fortaleza inexpugn?vel.

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Serristas amea�am n�o ir a conven��o caso n�o haja acordo


Marcela Rocha

Serristas amea?am n?o comparecer ? Conven??o do PSDB caso n?o haja acordo para entregar a chefia do Instituto do Teot?nio Vilela ao ex-presidenci?vel Jos? Serra (SP). Aliados do ex-governador designaram o seu sucessor, Geraldo Alckmin, e o l?der na C?mara, Duarte Nogueira, para tentarem renegociar com o presidente do PSDB, deputado S?rgio Guerra, as novas possibilidades de acordo.

A proposta inicial previa o ex-governador Alberto Goldman na secretaria-geral do partido, lugar ocupado pelo deputado Rodrigo de Castro (MG), aliado do senador A?cio Neves (MG). No entanto, sabendo das dificuldades de impedir a manuten??o de Castro no posto, os serristas pedem agora a vice-presid?ncia para Goldman. Quanto a Serra, insistem em reivindicar para ele a presid?ncia do ITV.

A chefia do Instituto ? preenchida atrav?s da indica??o de Guerra, que desconsidera a possibilidade de retroceder do convite j? feito a Tasso Jereissati, ex-senador pelo Cear?, para ocupar o posto. Para aecistas, Serra no ITV criaria outra estrutura e desagregaria ainda mais o partido.

O presidente do partido alega a correligion?rios que pretende negociar com serristas. No entanto, n?o admite retirar o convite feito a Jereissati.

Serra e Guerra se encontraram nesta ter?a-feira para destensionar a rela??o. Aliados do ex-governador paulista viram no encontro uma sinaliza??o de abertura para negocia??es a respeito de Serra no ITV. No entanto, o parlamentar n?o demonstrou aos aliados essa mesma disposi??o.

Os serristas partilham da opini?o de que A?cio quer alijar Serra. E ? com base nisso que justificam o isolamento do paulista no partido ?s v?speras da Conven??o Nacional, prevista para acontecer neste s?bado (28). Tucanos esperam que haja um acordo entre as duas alas at? sexta-feira.

Rastros na noite


Amilcar Bettega
De Lisboa

J? n?o sei se ? sonho, ou lembran?a de um sonho, ou se li no livro que repousa sobre o criado-mudo e que todas as noites, antes de cair no sono, eu leio. Sei apenas que h? uma tartaruga (no sonho, ou na lembran?a dele, ou no livro), uma tartaruguinha min?scula, dessas que cabem na palma da m?o de uma crian?a. Sei que h? um piso frio (lajota ou uma pedra imitando m?rmore) por onde ela desliza sua barriga amarelo-p?lido, empurrada por uns pezinhos fr?geis que lutam contra a falta de atrito do piso.

Sei, mas n?o vejo, ? claro.

O que vejo (ou ? ainda o sonho, ou a lembran?a do sonho, etc?) ? o seu rastro no piso pela manh?. Como se uma gosma se soltasse (? poss?vel que seja exatamente isso) deixando as marcas no piso, um rastro luzidio, meio molhado, como o rastro das lesmas. Sei que ela faz isso (que ela sai de noite de sua bacia com ?gua no canto da cozinha) porque tem fome, ela consegue (n?o sei como) subir at? a borda da bacia e se deixa cair do outro lado, no piso duro e frio da cozinha, e peregrina durante a noite inteira em busca de comida.

De manh?, damos-lhe comida, umas casquinhas feitas com farelo de peixe que ficam boiando na superf?cie da ?gua at? que ela saia do seu sono e, com movimentos curtos do pesco?o que lembram o de uma galinha, as abocanhe. E depois disso, creio, ela volta a dormir. Vai dormir o dia inteiro, vai ficar como morta sob a ?gua (? assim que a vejo sempre), im?vel, fossilizada, junto a umas pedrinhas que meu filho recolheu no jardim e jogou ao acaso dentro da bacia.

E depois eu me esque?o, vou fazer outras coisas, j? nem me lembro que ela existe. O dia passa assim. At? que tudo recome?a, ou seja, vem a noite, vou me deitar, pego o livro, vem o sono e a?, em algum momento antes de despertar, j? de manh? (ou um pouco antes, ? dif?cil precisar), os rastros da tartaruga no piso da cozinha tornam-se "fortes" demais. Isto n?o diz nada, ? claro, mas ? exatamente isso: tornam-se muito fortes, muito evidentes, muito vis?veis, eu poderia dizer. A ponto de me despertarem. Depois, quando j? estou de fato desperto e vou at? a cozinha e vejo de fato os rastros no piso, vejo que os que eu tinha "visto" antes estavam dentro de um sonho (ou de algo parecido com isso).

Tem tamb?m o livro. Ele est? sempre ali no criado-mudo e invariavelmente eu me adorme?o lendo um trecho dele. De manh?, quando acordo (pensando no rastro deixado pela tartaruga no piso da cozinha, ou quando sou acordado por este pensamento), o livro est? de novo pousado sobre o criado-mudo, sem que eu jamais consiga lembrar o momento em que, um segundo antes de dormir, eu o tenha fechado e posto em cima do criado-mudo. S?o coisas que se fundem: o livro, a leitura, o sono, o sonho, a tartaruga, seus rastros no piso da cozinha.

Por isso que de uns tempos para c? comecei a pensar na hip?tese de a tartaruga estar querendo dizer alguma coisa. Foi quando comecei a copiar em uma folha de papel, em cujo cabe?alho eu ponho a data, os trajetos feitos pela tartaruga naquela noite. S?o desenhos curiosos, ora pr?ximos de figuras, ora mais parecidos com letras escritas num alfabeto a ser ainda descoberto. At? agora n?o houve repeti??o exata de um trajeto, mas alguns s?o bastante semelhantes, enquanto outros diferem inteiramente entre si. N?o sei se posso esperar alguma mensagem cifrada nessas folhas que j? come?am a se acumular de forma assustadora ao lado da minha cama (deixo-as l? para poder estud?-las quando estou deitado, antes de pegar o livro). Um dia terei que me ocupar delas. Mas se a tartaruga continua a deixar suas marcas durante a noite? E eu a copi?-las? Isso pode ser uma coisa sem fim! ?s vezes penso que a tartaruga est? de fato morta e eu n?o vou mais precisar, a cada manh?, refazer no papel os seus tra?os. Mas a? ela faz aquele movimento com o pesco?o e abocanha uma casquinha de comida. E volta para a sua imobilidade. Que vai durar at? a madrugada, quando ent?o no sil?ncio absoluto da casa toda adormecida, ela volta a se movimentar, a arrastar-se sobre o piso frio da cozinha deixando essas marcas, esses tra?os, vest?gios de algo que eu copio com a esperan?a - bastante vaga, ? verdade - de um dia poder olhar para a aquilo e sentir que me acalmo um pouco.

Amilcar Bettega ? escritor, autor de O v?o da trapezista, Deixe o quarto como est? e Os lados do c?rculo(livro vencedor do Pr?mio Portugal Telecom de Literatura Brasileira em 2005).
Fale com Amilcar Bettega: amilcar.bettega@terra.com.br Opini?es expressas aqui s?o de exclusiva responsabilidade do autor e n?o necessariamente est?o de acordo com os par?metros editoriais de Terra Magazine. "Tem tamb?m o livro. Ele est? sempre ali no criado-mudo e invariavelmente eu me adorme?o lendo um trecho dele"
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CPT: novo C�digo Florestal provocar� mais mortes no campo


Marcela Rocha

O Bispo Dom Ladislau Biernaski, presidente da Comiss?o Pastoral da Terra (CPT), lamenta o assassinato do casal de seringueiros no Par? nesta ter?a-feira (24) e apresenta, para Terra Magazine, a avalia??o da entidade sobre o Novo C?digo Florestal. Para ele, "certamente", a mat?ria aprovada pela C?mara far? crescer ainda mais o n?mero de mortes geradas por conflitos agr?rios, caso vire lei.

"Aldo Rebelo perdeu uma grande oportunidade de ajudar o Pa?s a sair da devasta??o, impunidade dos grileiros e pouco investimento nos pequenos agricultores. Ele perdeu uma grande oportunidade de fazer a diferen?a. Lamento por ele", afirma, cr?tico, o presidente da CPT.

Confira abaixo a entrevista:

Terra Magazine - O Conselho Nacional dos Seringueiros responsabilizou o governo federal pelo assassinato do casal no Par?. O senhor concorda?
Dom Ladislau Biernaski -
Pelo menos indiretamente, o governo tem responsabilidade, sim.

Como o senhor avalia o papel do Estado, ent?o?
O Estado, infelizmente, n?o cumpre a sua fun??o de fiscaliza??o. Temos leis muito boas - como a da preserva??o da floresta, de terras quilombolas e ind?genas -, mas que s?o constantemente invadidas porque n?o existe fiscaliza??o. E a morte deste casal, Maria do Esp?rito Santo e Jos? Cl?udio Ribeiro, j? estava anunciada. Eles avisaram que estavam sendo amea?ados. E o que eles faziam para serem perseguidos? Faziam algo important?ssimo para o Pa?s e, principalmente, para as pessoas que viviam l? na regi?o deles. Eles denunciavam invas?es, tinham uma grande coragem.

Pode-se dizer que esta ? uma morte isolada?
N?o! Pelo simples fato de n?o ser a primeira. H? pouco tempo lembramos o anivers?rio de tantas mortes, entre elas, a da irm? Doroty, que passou pelo mesmo caminho que este casal assassinado ontem. Se n?o houver fiscaliza??o rigorosa, haver? muitas mortes mais no Brasil.

Quais medidas a CPT pretende tomar? O que ? poss?vel ser feito?
N?o podemos fazer muito, a n?o ser manifestar apoio e ajudar essas pessoas a se organizarem.

O Congresso discute o C?digo Florestal. O que o senhor achou da aprova??o dele nesta ter?a-feira na C?mara?
Infelizmente, hoje (quarta-feira, 25), temos que lamentar uma derrota, com a esperan?a de que talvez no Senado a situa??o possa melhorar um pouco. Mas, sobretudo, torcemos para que Dilma possa coibir, n?o aprovar, este atual C?digo, e pedir para que se fa?a outro.

O senhor acredita que este novo C?digo Florestal vai contribuir para o aumento da viol?ncia?
Certamente. Sem d?vida nenhuma, porque permite que respons?veis por graves crimes ambientais fiquem impunes. Isto n?o ? poss?vel! Eles ser?o perdoados por crimes contra a natureza. Isto, sem contar aqueles que expulsaram popula??es de suas terras, fizeram amea?as de morte, mataram... O lobby ruralista ? muito forte.

Como o senhor v? o papel desempenhado pelo PCdoB, que se diz comunista?
Eu n?o posso afirmar nada pelo partido, porque um dos representantes n?o constitui a totalidade de uma agremia??o. E nem sei se o PCdoB aprova a conduta de Aldo Rebelo. Acredito que n?o. Aldo perdeu uma grande oportunidade de ajudar o Pa?s a sair da devasta??o, de acabar com a impunidade dos grileiros e de melhorar o pouco investimento nos pequenos agricultores. Ele perdeu uma grande oportunidade de fazer a diferen?a. Lamento por ele.

Em 2010, segundo relat?rio da CPT, houve 34 assassinatos por conflitos agr?rios. Em 2009, foram 26. O n?mero cresceu. A que se deve esse crescimento?
Se deve ? disparidade da distribui??o da terra. Quando 2% de propriet?rios possuem mais de 50% da terra, os outros que buscam essa terra n?o v?o encontrar, nem ter?o acesso. O Brasil nunca pensou numa reforma agr?ria s?ria. A viol?ncia tem causa: falta de distribui??o da terra.

O senhor acredita que a pol?tica de distribui??o de renda atenuou essa realidade?
Crescemos na distribui??o de renda. Mas isto atinge a regi?o urbana. No campo tamb?m, mas poderia ser feito muito mais se houvesse uma distribui??o igualit?ria daquilo que o governo proporciona. Ele d? quase R$ 100 bilh?es ao agroneg?cio e apenas R$ 10 bilh?es para os pequenos agricultores. ? uma grande injusti?a. E depois o governo alega falta de recurso para fazer a reforma agr?ria.

O que o senhor espera dessa estat?stica de assassinatos em 2011?
Espero que diminua, mas as perspectivas n?o s?o muito boas. Agora foi esse casal assassinado, esperamos que sejam os ?ltimos. Mas da forma como as coisas caminham, dificilmente esse n?mero vai cair. Ainda recebemos muita informa??o de pequenos agricultores sendo amea?ados.

Evang�licos amea�aram ir contra Palocci para coibir kit gay


Dayanne Sousa

L?der da Frente Parlamentar Evang?lica, o deputado Jo?o Campos (PSDB-GO) confessa que o apoio ao ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, foi usado como moeda de barganha pelos religiosos contra o kit anti-homofobia do Minist?rio da Educa??o.

- N?s reunimos, nesta ter?a-feira (24), a bancada evang?lica e a cat?lica, decidimos impor uma s?rie de condi??es. Se o governo insistisse em manter o kit, bloquear?amos a vota??o na C?mara e apoiar?amos a convoca??o do ministro Palocci para dar explica??es - relata Campos.

Depois da amea?a das duas bancadas - que somadas t?m mais de 90 deputados e 4 senadores - o secret?rio-geral da Presid?ncia da Rep?blica, ministro Gilberto Carvalho, convocou os parlamentares e anunciou o recuo do Planalto em rela??o ao material. "A presidenta Dilma n?o gostou dos v?deos, achou o material inadequado, e determinou que n?o circule oficialmente. Est?o suspensas todas as produ??es de materiais que falem dessas quest?es", disse o ministro.

Uma semana antes, o ministro da Educa??o, Fernando Haddad, havia anunciado que manteria o kit sem altera??es, mesmo com a press?o dos religiosos. Campos avalia que houve uma mudan?a de posi??o no Planalto. "? claro que o governo se sentiu amea?ado porque est? num momento delicado com Palocci, mas ? esse o jogo pol?tico. N?o quiseram nos ouvir antes, agora ouviram".

A base governista na C?mara havia conseguido anular, na ?ltima quarta-feira (18), as tentativas da oposi??o de convocar o ministro Palocci para depor. Palocci sofre com as revela??es de que aumentou seu patrim?nio em 20 vezes entre 2006 e 2010. Segundo revelou a Folha de S.Paulo, o faturamento da empresa do ministro, a Projeto, superou R$ 10 milh?es entre novembro e dezembro de 2010, quando ele coordenava a equipe de transi??o de governo.

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ZAP: foi a vida ou o controle remoto?


Paulo Costa Lima
De Salvador (BA)

Moral da hist?ria: O capitalismo cultural exercita sua habilidade

No sil?ncio, sem TV: flashes de tudo me azucrinam. Cortei o servi?o a cabo, estou com s?ndrome de abstin?ncia. Era v?cio. Diversas coisas se alinham na mem?ria, ligam e desligam. Imagine s?, Carlos - o vigilante rodovi?rio da d?cada de 1960! Zap! Hebe e Gabriela, oh vida! Zap! Aloprado ingl?s cozinhando, esse rapaz tempera tudo com afoba??o. Zap! Um carro explodiu. Zap! Militares ninjas est?o cercando uma casa. Zap! Sexo misturado com Viol?ncia. Zap. Humor americano (contradi??o nos termos?). Zap! Persegui??o na estrada. Zap! Finalmente uma orquestra - e est? executando Brahms, mas que chatice, tem-um-sujeito-irradiando-o-concerto, dizendo o que devo ouvir, e como: "ou?am a clarineta nesse segundo tema, bel?iissimo". Zap! A queda dos juros. Zap! Transe religioso! Cadeiras vazias no Congresso. Massagens er?ticas. As mulheres do Curdist?o. A vida selvagem do Alaska. O crocodilo abocanhou a zebra pelo pesco?o. Que pena! A mulher amassa os seios gigantes querendo ser irresist?vel. Zap! Hora de entender tudo sobre cremes hidratantes.

Com que realidade o mundo ? sonho!
Eu cantarei de amor t?o docemente...
Meninas de bicicleta, que fagueiras pedalais, quero ser vosso poeta...
Ningu?m pode saber que ? que tu sonhas, nem tampouco tu sabes...
E, no entanto, a vida ? um milagre.
A mem?ria ? um milagre. Tudo ? milagre. Zap!
Chega de saudade.

J? experimentou essa posi??o? Tudo sobre sexo. Lubrifique bem. Pr?xima pergunta... Voc? deve decidir se est? ou n?o disposta a aceitar que ele fa?a xixi em voc?. Dog style. Pode sim causar infec??o. Tem uns aparelhinhos maravilhosos, eu recomendo este daqui!

Agora come?ou uma guerra. Os correspondentes j? est?o sendo acionados. Mandam not?cias pelo telefone, mas logo estar?o ao vivo. Tanques invadem o territ?rio inimigo. Quem ? mesmo que est? na linha do mal? Zap! Manifesta??es de jovens contra a globaliza??o. Os soldados usam escudos transparentes. Vai come?ar o quebra-quebra. Zap! Remodelagem total. Cirurgia radical. Nem o marido conhece quando a fulana retorna. Voc? n?o sabe se vestir, com o tamanho do traseiro que tem, devia usar isso! Zap. Fora com essas gorduras criminosas. Voc? ? um enfarte ambulante.

Trezentas pessoas vestidas como Capit?o Kirk ou como Spock, exercendo seu direito e mania de serem 'guerra nas estrelas': "N?o estamos fazendo mal a ningu?m, voltamos pra casa pacificamente". Est?o em todos os lugares: S?o Paulo, Fran?a, Austr?lia. A francesa diz revoltada que l? eles n?o tem espa?o, pois as pessoas n?o consideram isso 'cultural'. Vive la France! Numa cidadezinha americana uma delas foi participar de um J?ri, vestida de 'guerra nas estrelas'. A coisa esquentou. J? em Vars?via, depois da Lista de Schindler, surgiu um curioso roteiro tur?stico: conduz os visitantes ao lugar onde 'o menino gordo' foi espancado e caiu! ? o filme que faz a cidade. Na Bol?via, todos querem ver o lugar onde Guevara foi morto.

Hora de entender tudo sobre cremes faciais. A vida dos famosos. Os trejeitos s?o muito mais importantes que as ideias. Vivemos num mundo de muitos trejeitos e poucas ideias. Inunda??o no sul da ?ndia. Uma not?cia em espanhol. A mesma em alem?o. Agora o sotaque ? brit?nico. Pelo menos, os italianos t?m uma fanfarronice que os distingue. Todos falam ao mesmo tempo. Ser? que ? pela via da It?lia que vem a deseleg?ncia discreta de nossas meninas? Enquanto isso, Rita Lee posa de Brigitte Bardot, levanta bruscamente a blusa pra mostrar dois seios enormes, de borracha. Moleca, hil?ria, consegue entrar no jogo e ao mesmo tempo sinalizar o seu ponto de rid?culo.

Moral da hist?ria: O capitalismo cultural exercita sua habilidade aparentemente inesgot?vel de indexa??o imagin?ria do mundo, e da vida. O resultado tem jeito de libera??o, mas tamb?m parece algo da ordem de uma depend?ncia qu?mica paralisante, o v?cio da informa??o fragmentada como divertimento, gerando bilh?es de d?lares em algum lugar do planeta. Todas as fantasias escancaradas s?o tamb?m produtos, com etiqueta e tudo. Qual o limite do processo? Ser? que ? poss?vel mesmo manter um mundo sem causas? Ultrapassar tudo isso em nome do espet?culo? Num mundo sem causas a quem devo obedi?ncia civil? Ao apresentador mais comunicativo? Se tudo funciona como se estiv?ssemos num grande fast-food de informa??o, o que seria mesmo a realidade? Morreu? Talvez fosse melhor voltar ao mundo da poesia, onde as fantasias apareciam com todo o cuidado da forma:

Farei que amor a todos avivente, pintando mil segredos delicados... Meninas soltai as al?as, bicicletai seios nus!
A crian?a que pensa em fadas e acredita nas fadas, sabe como ? que as coisas existem, que ? existindo.

N?o faz mal. Flui, para que eu deixe de pensar.

PS - Obrigado Cam?es, Vinicius, Drummond, Bandeira e Pessoa.

Paulo Costa Lima ? compositor. Bacharel e Mestre (University of Illinois), Doutor (USP e UFBA). Professor de Composi??o e An?lise - UFBA. Pesquisador-CNPq. Membro da Academia de Letras da Bahia. Apresenta??es de sua obra musical (em 2010) incluiram festivais no Brasil, China, Su?cia, Estados Unidos e Fran?a. Outras informa??es: www.paulocostalima.wordpress.com
Fale com Paulo Costa Lima: paulocostalima@terra.com.br Opini?es expressas aqui s?o de exclusiva responsabilidade do autor e n?o necessariamente est?o de acordo com os par?metros editoriais de Terra Magazine.
 

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