Voz dissidente na oposi??o, o deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP) ? contr?rio a aprovar o C?digo Florestal como ele est? e, salienta, "?s pressas". O parlamentar diz esperar um golpe dos ruralistas j? nesta ter?a-feira (23), quando a vota??o da pol?mica mat?ria deve ir a plen?rio.
Para ele, as solu??es podem estar num veto da presidente Dilma Rousseff, em virtude do receio de eventuais press?es internacionais, ou no Senado, caso ele devolva o texto corrigido para a C?mara como, lembra o parlamentar, j? foi feito na CPMF.
Confira a entrevista:
Terra Magazine - O que o senhor espera do plen?rio nesta ter?a
Ricardo Tripoli - Estou me preparando para apanhar amanh?. Os ruralistas v?o tentar um golpe de ?ltima hora. Tentar?o aprovar isso do jeito que fizeram, sem nenhum dado cient?fico, sem nenhuma audi?ncia p?blica para dar voz aos que pensam diferente. Foi feita uma Comiss?o Mista no ano passado que n?o era parit?ria, havia 13 ruralistas contra cinco ambientalistas.
A proposta de Aldo Rebelo causou pol?micas ap?s altera??o. Antes disso, havia acord?o para aprovar. Qual a avalia??o do senhor sobre o conte?do do relat?rio e n?o sobre a forma como ele iria ser aprovado?
Esse projeto come?ou porque Michel Temer desengavetou e resolveu criar a comiss?o. O primeiro parecer da comiss?o mista de Aldo Rebelo ignorava a quest?o ambiental, as decis?es do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) praticamente n?o existiam. Pressionado, Aldo resolveu acatar a decis?o do presidente da C?mara ? ?poca, Marco Maia, de criar uma C?mara de negocia??o, que era um pouco mais parit?ria, mesmo com desequil?brio. O relator, embora n?o tenha participado de nenhuma dessas reuni?es, recebeu todas as nossas 55 propostas formuladas. Ele examinou e disse que incorporaria alguma coisa. Foi preparado ent?o um relat?rio quase ideal, dentro do poss?vel. O problema foi no dia da vota??o.
O senhor avalia que houve tanta mudan?a assim?
Aldo fala uma coisa e escreve outra. Ent?o todo mundo checa porque nem sempre o que ele fala consta no texto. Ele n?o l? os pareceres, ele faz aquela apoteose do PCdoB, aquela aula de hist?ria. Quando o pessoal foi ver o parecer que ele estava oferecendo, havia um monte de pegadinhas. Mas pior do que tudo isso foi o DEM, atrav?s de ACM Neto, que resolveu incorporar tudo o que ficou de fora do relat?rio inicial. Ou seja, uma bagun?a.
S? para te dar um dado, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ci?ncia (SBPC) diz que s?o necess?rios dois anos para identificar onde se pode mexer ou n?o como ?rea agr?cola. N?s estamos pedindo alguns meses s? para dar tempo de consultarmos cientistas.
O que o senhor acha que ? poss?vel fazer?
Os ex-ministros foram entregar um documento ? presidente Dilma Rousseff. Porque tanto ela quanto Jos? Serra subscreveram um documento no segundo turno das elei??es, se comprometendo com essa quest?o. Eu acho, ent?o, que a presidente deveria avisar esse pessoal que se realmente partirem para esse processo de a?odamento como est?o fazendo, ela vai vetar. Ela tem que mandar um recado para a base dela, que ? maior do que foi a base de Lula, ent?o, ela pode aprovar o que quiser aprovar.
O senhor acredita mais na interven??o de Dilma do que no Congresso?
Dilma ter? um papel estrat?gico, assim como a sociedade civil. Porque a manifesta??o da sociedade n?o ? uma coisa s? dos ambientalistas. At? porque teremos que prestar contas no ano que vem na Rio+20. Teremos que ir nesse evento internacional e quero ver como v?o explicar que o Brasil desmatou 500% a mais em mar?o e abril, em compara??o com o ano anterior.
O senhor tem respaldo do seu partido?
Boa parte sim, como a Mara Gabrilli, que vai votar contra. Nem todos v?o fechar com o governo. Mas essa quest?o ? suprapartid?ria. A bancada ruralista permeou toda a C?mara, n?o tem mais um partido identificado com isso, nem um Estado. Tem muita gente preocupada com quest?es de ordem pessoal nessa vota??o.
Como esse processo est? se alongando por tr?s meses, n?o sabemos qual ser? o efeito deste documento apresentado a Dilma. Obviamente, se ela mandar uma determina??o para a bancada adiar a vota??o para o segundo semestre, seria o ideal. Outra possibilidade ? eles aprovarem e o Senado corrigir, como j? aconteceu algumas vezes - na vota??o da CPMF, por exemplo.