As escassas explica??es do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci (PT), podem complic?-lo nos pr?ximos dias, avalia o ex-ministro da Justi?a e do Supremo Tribunal Federal (STF), Paulo Brossard. "? estranh?vel que ele se encoberte de expedientes para que isso (esclarecimento) n?o aconte?a. H? muita gente que pode partir da? e dizer: a recusa significa uma confiss?o. ? um risco que ele corre no curso dos acontecimentos", analisa o jurista.
Brossard acredita que a presidente Dilma Rousseff corre o "perigo" de se tornar "conivente", caso permita que Palocci n?o esclare?a detalhes das consultorias para o setor privado. Segundo revelou a Folha de S.Paulo, o faturamento da empresa do ministro, a Projeto, superou R$ 10 milh?es entre novembro e dezembro de 2010, quando ele coordenava a equipe de transi??o de governo. No ano eleitoral, ele faturou R$20 milh?es.
- ...Ou a pessoa procede com absoluta clareza, e quem tiver errado, errou... Ou ent?o acoberta. E a? ? muito perigoso. Porque pode se tornar conivente - diz Brossard, a respeito da conduta de Dilma Rousseff durante a crise na Casa Civil.
Ex-ministro da Fazenda do governo Lula, Palocci multiplicou por 20 seu patrim?nio, entre 2006 e 2010, e adquiriu um apartamento de R$6,6 milh?es em S?o Paulo. Nesta segunda-feira (23), o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) pediu a ren?ncia de Palocci. "Cabe ao ministro Antonio Palocci renunciar ao cargo para evitar maiores danos ao governo ou cabe ? pr?pria presidente da Rep?blica justificar a sua fama de gerente intransigente, cortando na carne ao afastar o principal auxiliar", defendeu Vasconcelos, na tribuna.
Terra Magazine - Como o senhor avalia, jur?dica e eticamente, o faturamento de R$10 milh?es de Antonio Palocci, por consultorias nos dois meses seguintes ? elei??o, quando ele coordenava a transi??o para o governo Dilma?
Paulo Brossard - N?o quero falar sobre um assunto que ainda n?o foi investigado e que o pr?prio interessado n?o tem inten??o de destelhar seu acampamento empresarial. De modo que eu n?o desejo formular um ju?zo defintivo. Os dados s?o muito limitados at? agora. Houve uma certa publicidade, mas depois, pelo mau resultado obtido, apareceram erros crassos na maneira de divulgar... De que maneira que n?o falo em termos definitivos. Posso lhe falar em termos gerais, dizendo o seguinte: me parece que o maior interessado no amplo esclarecimento do assunto seria o pr?prio ministro. ? estranh?vel que ele se encoberte de expedientes para que isso n?o aconte?a. H? muita gente que pode partir da? e dizer: a recusa significa uma confiss?o. ? um risco que ele corre no curso dos acontecimentos. E eu n?o sei por que um homem inteligente como ele ?, e cercado de gente inteligente, continua nessa persist?ncia de n?o narrar tudo o que houve, nos pormenores. Na opini?o de muitos, isso o incrimina. Essa orienta??o por ele adotada ? infeliz, isso reverte em desfavor.
Ele precisa dizer, neste momento, quais foram os seus contratantes?
Dizer tudo o que tinha a dizer. Porque, como est?, n?o est? bem para ele.
Se ele continuar em sil?ncio, pode haver mais desgastes para o governo Dilma?
N?o posso fazer previs?es. N?o conv?m. O que posso dizer ? que n?o ? bom.
O fato de esse faturamento de R$ 10 milh?es ter ocorrido no per?odo em que ele liderava a transi??o do governo Lula para o de Dilma, numa fun??o p?blica, agrava a situa??o do ministro?
Acho que sim. Tudo aquilo que j? tinha sido publicado formava assim um conjunto que n?o lisonjeava. Afinal de contas, nessa posi??o, ele n?o tinha sido nomeado porque a presid?ncia n?o tinha sido assumida. Mas ele j? estava indicado, indigitado. Tamb?m isso n?o ajuda.
O senhor se referiu ? posi??o de Palocci, mas qual deveria ser a posi??o da presidente Dilma diante desse epis?dio?
Ah, eu n?o sei, n?? Ela pensa com a cabe?a dela, n?o ? a minha...
Mas qual deve ser, institucionalmente, o comportamento da presidente?
De duas, uma: ou a pessoa procede com absoluta clareza, e quem tiver errado, errou... Ou ent?o acoberta. E a? ? muito perigoso. Porque pode se tornar conivente.
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