De S?o Paulo
Poucas coisas atrapalham mais o desenvolvimento humano do que o preconceito. Cada um de n?s tem uma parcela, maior ou menor, de v?cios, costumes, idiossincrasias que resultam nesse sentimento insuspeito. Para combat?-lo precisamos de perseveran?a, oportunidades e exemplos.
Quem come?ou a beber vinho brasileiro nos ?ltimos 5 ou 6 anos n?o tem id?ia da enorme evolu??o de qualidade que se deu na ?ltima d?cada. Na verdade, ? um processo iniciado h? mais tempo, com a chegada de multinacionais ao pa?s, na d?cada de 70. Os mais velhos e os mais desinformados talvez ainda tragam na mem?ria alguns vinhos esfor?ados, mas ainda com defeitos. Um amargor final aqui, uma falta de corpo ali, e assim por diante. H? que se superar isto. O vinho brasileiro est? cada vez melhor.
A convite do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho), estive na Serra Ga?cha h? algumas semanas. Em obedi?ncia a uma agenda bem montada, apesar de algo extenuante, visitamos v?rias vin?colas e pudemos travar contato com muito do melhor da cultura vitivin?cola brasileira. Tenho de fazer a feliz confiss?o: demoli alguns dos meus preconceitos. Esperava bons espumantes e vinhos apenas corretos.
O espumante
Na oportunidade, fomos apresentados ao CPEG (Cons?rcio dos Produtores de Espumantes de Garibaldi-www.cpeggaribaldi.com.br) por meio de palestra e degusta??o. Uma das certezas que levamos na bagagem foi a da qualidade do espumante brasileiro.
Veja tamb?m:
? O espumante brut brasileiro - parte I
? Os espumantes brut brasileiros - parte II
? Os espumantes brut brasileiros - final
Nisto, t?nhamos raz?o. O CPEG corroborou nossa opini?o. Um grupo de vin?colas de Garibaldi em busca de qualifica??o e reconhecimento optou n?o por uma denomina??o de origem, mas por uma marca coletiva.
Sem contar com os festejados espumantes da Valduga e da Cabe Geisse, por raz?es geogr?ficas, tivemos o destaque para os os brut e nature do argentino-brasileiro Adolfo Lona (www.adolfolona.com.br), figura simp?tica e carism?tica, al?m de profundo conhecedor da t?cnica de vinifica??o de espumantes.
Lona trabalha com ciclos de produ??o um pouco mais longos, tanto no m?todo charmat quanto no tradicional, conseguindo, assim, maior complexidade em seus vinhos. Sua cave ? o que pode se chamar de "garage". Marcas menos famosas no resto do pa?s tamb?m brilham. E at? fora do Brasil.
O Grand Legado Brut Champenoise, da vin?cola Wine Park, por exemplo, conquistou medalha de ouro no International Wine Challenge 2011, um dos concursos independentes de vinhos mais prestigiados e influentes do mundo. O an?ncio foi feito na abertura da London International Wine Fair (LIWF), nesta ter?a-feira (17), em Londres, consagrando o espumante como o primeiro r?tulo verde-amarelo a receber ouro no concurso, disputado por mais de 12 mil amostras de 48 pa?ses, n?mero recorde de participa??es em sua hist?ria.
Mas nem s? de garagem vive o espumante brasileiro. Na mesma oportunidade, os espumantes Aurora Brut Chardonnay e Aurora Brut 100% Pinot Noir, da gigante Cooperativa Aurora, receberam, respectivamente, medalhas de prata e de bronze.
Neste aspecto, temos de louvar o Ibravin (http://www.ibravin.org.br/) e seus projetos de imagem nos mercados interno e externo, respectivamente Vinhos do Brasil (www.vinhosdobrasil.com.br) e Wines of Brazil (http://www.winesfrombrazil.com.br/), este em parceria com a Ag?ncia Brasileira de Promo??o de Exporta??es e Investimentos (Apex-Brasil).
Estes projetos est?o levando, sistematicamente, cr?ticos nacionais e internacionais, jornalistas e blogueiros para vivenciar o florescimento da vinicultura verde-amarela. Alguns como Oz Clarke (veja em http://youtu.be/eItCl7UxWeQ), Julia Harding, bra?o direito de Jancis Robinson, e T.M. Luongo, da Wine Enthusiast, mostram-se muito impressionados, dando conselhos e apoio apaixonado.
Al?m disso, a Wines of Brazil tem marcado presen?a de forma global. Promove periodicamente bem-sucedidas degusta??es, da Su??a a Hong Kong. Sempre surpreendendo os especialistas.
Um exemplo dos resultados se pode medir pela inclus?o de quatro r?tulos brasileiros na carta de vinhos do famoso restaurante River, do Hotel Savoy, em Londres, frequentado por empres?rios, artistas brit?nicos e pela fam?lia real. Tr?s vinhos (um branco, o D?divas Chardonnay, da Lidio Carraro; e dois tintos, o Gran Reserva Cabernet Sauvignon, da Casa Valduga; e o Tannat, da Pizzato) e um espumante (o Cave Geisse Brut Ros?) foram escolhidos pelo sommelier brasileiro ?thila Roos, contratado no ano passado pelo River.
O primeiro master sommelier da pen?nsla ib?rica, Jo?o Pires, do Dinner, do chef Heston Blumenthal, no Hotel Mandarin, em Londres, tamb?m escolheu um Miolo Merlot 2008 para este que ? um dos mais caros e refinados restaurantes da Inglaterra.
Como se v?, os vinhos brasileiros est?o entrando pela porta da frente do exigente e sofisticado mercado do vinho mundial: Londres. Ser? um longo caminho. Mas, pelo ritmo do trabalho, a capacidade das pessoas e a presen?a em feiras internacionais, ? s? quest?o de tempo para o vinho brasileiro come?ar a encontrar seu espa?o nas mesas do mundo todo.
A outra "apresenta??o" feita durante minha visita foi a do D.O. Vale dos Vinhedos. Mas isto fica para a pr?xima semana.
Fale com Mauricio Tagliari: mauricio.tagliari01@terra.com.br
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