Irm� Dulce e outros santos


Janio Ferreira Soares
De Paulo Afonso (BA)


Est?tua de Irm? Dulce, no Hospital Santo Ant?nio (Foto: Ag?ncia A Tarde).

Em meio a ladainhas jornal?sticas que perecem n?o ter fim, finalmente a Bahia se prepara para a beatifica??o de Irm? Dulce, fato mais do que justo nesta terra repleta de santos estrangeiros, divindades diversas e entidades estabelecidas.

A beatifica??o, leio, ? a etapa que precede a concess?o da patente de santo. A partir da?, uma comiss?o exige a apresenta??o de mais alguns milagres comprovados, para s? ent?o o agraciado ser canonizado pelo Papa e a? poder ser cultuado em todo o mundo.

No caso de Irm? Dulce nem precisava esse protocolo todo, j? que sua obra em vida lhe permitiu um exclusiv?ssimo cart?o fidelidade azul-celeste, desses que vem com um chip divino que d? acesso direto a sala vip do firmamento, embora, pelo seu estilo, ela preferisse padecer como uma simples mortal na longa fila do check-in eterno.

N?o tenho muita intimidade com santos tradicionais apesar de ter crescido no meio deles, vizinho que fui da igreja de Santo Ant?nio da Gl?ria. Mas lembro bem das imagens com suas bochechas rosadas parecendo sorrir toda vez que o coral comandado por minhas tias desafinava a Ave Maria. Meus santos e santas favoritos continuam sendo aquilo e aqueles que, de alguma forma, deixam a vida mais leve. E isso vale tanto para o momento em que meus filhos me d?o um sorriso molhado de piscina, quanto para a vez em que ouvi Milton numa distante noite de orvalho e breu, com sua voz de zabumba saindo de um velho r?dio sintonizado na Inconfid?ncia de Minas. Merecia uma vela.

Mas agora ? hora de festejar a primeira santa baiana, apesar de ela j? s?-la de h? muito no meu altar secreto, local onde tamb?m guardo outros baianos areolados por mim, a exemplo de Caymmi, esse mestre de can??es em forma de rezas que al?m de acalentar t?m o dom de espregui?ar minha alma; de Glauber, um santo guerreiro de premoni??es certeiras e inspira??es geniais; de Jorge Amado, santo sonso do pau-oco e maioral em inventar personagens divinais; e de Raul, Wally, Greg?rio, Waldick..., sem falar nos vivos. Mas a? s?o outros caracteres.


Janio Ferreira Soares ? secret?rio de Turismo e Cultura de Paulo Afonso (BA).

Fale com Janio Ferreira Soares: janios.ferreira@terra.com.br

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