Palestino n�o se iludem com discurso de Obama, diz professor


Marcela Rocha

"Os palestinos n?o t?m nenhuma ilus?o de que os israelenses se retirariam para a fronteira original de 1967. Qualquer palestino que declare isso como ponto de partida est? fechando as portas para negociar. Isso vale tanto quanto a posi??o do Hamas de eliminar o Estado israelense".

A avalia??o ? de Samuel Feldberg. Cientista pol?tico da Universidade de Tel Aviv e doutor em Ci?ncia Pol?tica pela Universidade de S?o Paulo. ? pesquisador do N?cleo de Pesquisa em Rela??es Internacionais da Universidade de S?o Paulo, onde se dedica ?s quest?es do Oriente M?dio e do LEI - Laborat?rio de Estudos sobre a Intoler?ncia.

Na entrevista abaixo, o professor faz uma an?lise do discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Em longo discurso sobre o Oriente M?dio, proferido nesta quinta-feira (19), o estadista americano afirmou pela primeira vez que as fronteiras entre Israel e um futuro Estado palestino devem se basear nas tra?adas em 1967, "com trocas m?tuas e acertadas de forma que fronteiras seguras e reconhecidas sejam estabelecidas nos dois Estados".

Para Feldberg, o discurso ? vago e n?o aponta para nenhuma mudan?a num horizonte pr?ximo. "N?o acrescentou nada de concreto". No entanto, pode ser ?til para pa?ses em conflito como Egito e S?ria.

Confira:

Terra Magazine - O que o senhor achou do discurso do Obama?
Samuel Feldberg -
De maneira geral, ele reafirmou a defesa - por parte dos EUA - das manifesta??es em prol da democracia nos pa?ses do Oriente M?dio. Ele deu tamb?m um apoio moral para as popula??es que est?o se manifestando. Mas eu n?o vi nenhum elemento revolucion?rio nas declara??es dele. Foi um discurso muito bem feito, muito bem elaborado. Mas do ponto de vista de um analista que conhece essas quest?es, achei mon?tono. ? raro eu concordar com um porta-voz do Hamas, mas nesse caso, concordo com o que ele disse: Discurso n?o importa, mas o que importa s?o os passos que os EUA v?o dar.

Quais passos o senhor acredita que ser?o dados?
Eu n?o acho que ser? dado nenhum passo pr?-ativo. Os EUA est?o sinalizando com promessas de rea??es ao que est? acontecendo.

Alguns analistas dizem que o discurso aponta para a manuten??o do favorecimento de Israel...
Os palestinos n?o t?m nenhuma ilus?o de que os israelenses se retirariam para a fronteira original de 1967. Qualquer palestino que declare isso como ponto de partida est? fechando as portas para negociar. Isso vale tanto quanto a posi??o do Hamas de eliminar o Estado israelense.

O que h? de novidade?
Tenho a impress?o de ser a primeira vez que um presidente dos EUA enfatiza a desmilitariza??o do Estado palestino. Isto, certamente, vai de encontro a uma das principais reivindica??es de Israel.

O senhor acha que isso seja poss?vel num horizonte pr?ximo? Tanto a desmilitariza??o quanto um acordo?
N?o vejo isso em nenhum horizonte pr?ximo. Essa n?o ser? uma condi??o negoci?vel para o israelense, que n?o aceitar? a cria??o de um Estado se ele for militarizado. Obama tamb?m alertou os palestinos para o fato de, caso declarada unilateralmente as quest?es do Estado e caso procurem o apoio das Na??es Unidas, indicaria, ent?o, um veto dos EUA no Conselho de Seguran?a. Isto porque na Assembl?ia Geral os palestinos conseguem votos suficientes. Tem alguns pontos que d? para pin?ar do discurso que s?o perfeitamente a favor de Israel.

Por exemplo?
O Estado desmilitarizado, as fronteiras de 1967 com negocia??es sobre trocas de territ?rio, a quest?o da Assembl?ia Geral e o aviso do abandono do terror, porque sen?o as negocia??es n?o avan?ar?o.

Para qu? serviu esse discurso?
No meu ver, absolutamente nada. N?o acrescentou nada de concreto. Eu acho que um item importante ? a fragilidade do Egito que pode se evidenciar nas futuras elei??es. O presidente Obama prometeu recursos aos pa?ses ?rabes, mas ele n?o tem de onde tirar esse dinheiro, porque o or?amento dos EUA est? completamente estourado. Se isso for gerar uma esp?cie de Plano Marshall no mundo ?rabe, essas expectativas ser?o frustradas. Isto levaria, certamente, a novas manifesta??es.

O senhor acha que o discurso, ent?o, foi muito mais direcionado a pa?ses como o Egito do que para Israel e Palestina?
Acho que foi muito mais para um pa?s como a S?ria, porque o Egito j? passou da fase aguda do processo. Enquanto na S?ria as for?as de seguran?a mataram mais 21 manifestantes.

Veja tamb?m:
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