Manifesta??o em frente ao Shopping P?tio Higien?polis, no ?ltimo s?bado (14), come?ou pelo FacebookEmerson DamascenoDe Fortaleza (CE)
A alta burguesia da Cidade de S?o Paulo n?o deve ter acreditado na hist?ria que viu na tv: um churrasc?o de protesto nas ruas de Higien?polis, um de seus bairros mais nobres e tradicionais, com a presen?a de estudantes, jornalistas, curiosos e um cabedal de gente diferenciada, unidos por um movimento que come?ou no Twitter e ganhou for?a nas demais m?dias sociais. O idealizador, o jornalista Danilo Saraiva, de 24 anos, sequer imaginou que uma cr?tica debochada aos moradores de Higien?polis crescesse ao ponto de se tornar um dos assuntos mais comentados do Brasil.
A "birra", certamente ? mais antiga, mas a hist?ria recente come?ou a se construir quando os moradores do famoso bairro paulista, conseguiram, ap?s protestos e cr?ticas, que o Governo de S?o Paulo cancelasse a constru??o de uma esta??o de metr? na Av. Ang?lica. Uma moradora do bairro, entrevistada pelo jornal Folha de S?o Paulo, teria declarado que um dos suped?neos ?s manifesta??es contr?rias, era de que a obra traria "gente diferenciada" para Higien?polis. Foi o estopim, e para quem conhece bem o ar debochado e os humores an?rquicos das m?dias sociais tupiniquins, juntou-se o combust?vel ao oxig?nio.
Quando o criador do movimento decidiu "oficializar" o protesto utilizando o Facebook, em poucas horas j? haviam milhares de confirma??es para o tal Churrasco, o qual acabou acontecendo e contando com a presen?a das mais variadas pessoas mesmo. Correu de forma pac?fica e serviu para apimentar mais ainda a discuss?o em torno da necessidade - ou n?o - de um metr? para Higien?polis na bela Avenida Ang?lica. Eu, ali?s, que sou um apaixonado por S?o Paulo e quando l? morei at? havia cogitado morar no charmoso bairro, somente n?o fui porque estava viajando, mas ?s not?cias do churrasc?o, s? me vinham ? mente os versos de Tom Z?: "(...) Augusta, gra?as a deus, Entre voc? e a ang?lica, Eu encontrei a consola??o." Queria ter ido, mas os relatos de diversos amigos via Twitter (entre eles Rosana Hermann e Bob Fernandes), me deram uma ideia de como estava animada a "festa".
Tudo isso mostra que ainda s?o imprevis?veis as m?dias sociais. Com o poder colaborativo que t?m, come?am a mostrar que n?o se resumem a milh?es de pessoas jogando conversa fora. Muito pelo contr?rio. N?o apenas no Brasil mas em todo o mundo, quase que diariamente somos surpreendidos com a for?a dessas novas m?dias. O Churrasc?o de Higien?polis foi mais um ?timo exemplo disso.
Pre?o Justo - H? cerca de um m?s, o vloger Felipe Neto resolveu colocar em pr?tica um protesto em forma de v?deo, lan?ando uma campanha pela redu??o imediata das al?quotas de impostos de tablets, gadgets, videgames e outros eletr?nicos. Chamou a campanha de pre?o justo e lan?ou um site para colher assinaturas online. Bem ao seu estilo, destilou tamb?m alguns palavr?es para mostrar a sua indigna??o com os pre?os praticados no Brasil, ap?s alta carga tribut?ria. E prometeu que, caso se chegasse a um milh?o de assinaturas, iria buscar entregar o pedido em Bras?lia, e se me perdoam mais uma met?fora musical, tal Jo?o de Santo Cristo.
O v?deo de Felipe Neto, portanto, foi o start para que a hashtag #pre?ojusto se tornasse a mais comentada do Brasil, muito impulsionada pelo autor, com mais de um milh?o de seguidores, mas tamb?m pelo fato de que j? estamos todos cansados de uma al?quota de II (imposto de Importa??o) t?o elevada, o que torna o pre?o de ferramentas mais do que necess?rias hoje em dia, muito mais cara do que nos pa?ses de origem.
Houve, ? verdade, aqueles que criticaram a ideia n?o por ela, mas por n?o gostar do seu autor, j? que o Felipe Neto tem l? a sua quota de cr?ticos, mas estes esqueceram que foi justamente o jovem vloger quem encapou de forma corajosa a campanha, em vez de simplesmente ter deixado o problema para quem efetivamente sofre com ele: os milhares, qui?? milh?es de brasileiros que n?o conseguem ter acesso a mais tecnologia, dentre outras coisas em fun??o de nossa carga tribut?ria desleal.
Em que pese, at? ontem, j? haver mais de meio milh?o de assinaturas na p?gina oficial do Pre?o Justo: www.precojustoja.com.br, o pr?prio Governo Federal resolveu agir e, indiretamente, o fez em socorro pr?prio e ajudou tamb?m a campanha: ontem, foi anunciado que ser? editada em breve, Medida Provis?ria que ir? desonerar os tablets, justamente um dos pontos do manifesta Pre?o Justo. Ou seja, n?o s? se confirmou que os impostos eram elevados, como tamb?m que se trata de instrumentos necess?rios para o desenvolvimento tecnol?gico do Pa?s. Algo me diz que isso dever? impulsionar a corrente para que demais eletr?nicos tenham tamb?m diminu?da sua alta carga tribut?ria, o que deveremos aguardar no desdobramento dos fatos, os quais, pela velocidade destas m?dias, n?o dever?o demorar muito.
Os dois casos narrados, talvez muito diferentes em seus objetivos, mas tendo como igni??o e meio de propaga??o a internet, v?m mostrar que muitos que ainda duvidam da for?a destas m?dias novas, podem estar bastante enganados. H? sim uma gente diferenciada chegando aos poucos perto da sua vizinhan?a, seja real ou digital. Pessoas que come?am a perceber que t?m nas m?os uma ferramenta inovadora e at? transgressora, quando a grande imprensa n?o der eco a determinados movimentos. No marketing, no jornalismo e diversas atividades, m?dias e redes sociais vem sendo utilizadas sem parar. E embora, estas m?dias digitais tenham a mesma l?gica das tradicionais s?o fortificadas e intensamente transformadas por uma maci?a participa??o popular, coisa que n?o havia nos modelos antigos, onde via de regra, o caminho era de m?o ?nica e de di?logo dific?limo...
Emerson Damasceno ? jornalista e poeta. Especialista e apaixonado por direito eletr?nico, al?m do direito desportivo que o fez correr o mundo durante uma d?cada. Blogueiro desde 2002, divide o tempo entre o trabalho, as m?dias sociais e a 4social, sua ?ltima cria??o.Fale com Emerson Damasceno: emerson.maia@terra.com.br Opini?es expressas aqui s?o de exclusiva responsabilidade do autor e n?o necessariamente est?o de acordo com os par?metros editoriais de Terra Magazine.
