De Porto Alegre (RS)
Se h? um lugar em que voc? jamais ser? perturbado, quando quiser um retiro e paz de esp?rito, a pas?rgada ? Cabo Polonio, no Uruguai. A cerca de 100 quil?metros da fronteira com o Brasil, esse acidente geogr?fico separado da civiliza??o por enormes dunas de areia que impedem o acesso de autom?veis - s? os 4 x 4 autorizados - serve de repouso tamb?m a mais de uma centena de lobos-marinhos.
N?o h? energia el?trica em Cabo Polonio. O celular pega mal. Nas cerca de 100 casas simples desse promont?rio que avan?a sobre o Oceano Atl?ntico vivem funcion?rios do farol, contru?do em 1881, alguns poucos pescadores e muitos jovens que buscam a paz. Vivem de artesanato, comem aquilo que o mar fornece, seguem o caminho de uma vida natural e alguns s?o m?sticos ou religiosos.
No ver?o os turistas invadem o Cabo, tentando descobrir o fasc?nio que h? 300 anos seduziu o pirata franc?s Ettiene Moreau. Os franceses frequentavam Cabo Polonio, ao redor do ano de 1700, em busca de couro. Os espanhois, que dominavam a regi?o, pareciam n?o se importar. At? que o ent?o governador de Buenos Aires, Bruno Mauricio de Zabala, desconfiou - com raz?o - que os franceses estavam roubando gado.
O pirata Moreau j? tinha o controle dos ?ndios locais. Inclusive ensinou as tribos a falarem franc?s. Os combates duraram tr?s anos, foram violentos e terminaram pela expuls?o dos franceses e a morte do pirata. Mas h? quem diga que a alma de Ettiene Moreau segue viva em Cabo Polonio.
No inverno, quando o frio castiga o Uruguai, ? poss?vel entender o que ? Cabo Polonio. Um lugar silencioso, imperturb?vel, onde s? se fala o necess?rio. A maioria se comunica em espanhol, alguns em portugu?s, outros raros em franc?s ou ingl?s. A l?gica do Cabo Polonio ? exatamente o inverso: menos palavras, menos sons, mais vida.
De qualquer forma Cabo Polonio ? um lugar para ser visto. H? uma organiza??o comunit?ria que transcende a l?gica imposta pelo munic?pio de Rocha. No Cabo as regras s?o locais e as decis?es por consenso. O bem comum ? maior que os interesses individuais.
Se voc? procura um lugar diferente, considere Cabo Polonio. Nem que seja para alguns dias de purifica??o da mente. Mas se voc? ? do tipo que n?o pode se desligar do mundo, a op??o ? a vizinha Punta del Diablo, uma praia com um m?nimo de infra-estrutura garantida - e Internet.
S?o para?sos ao lado da fronteira com o Brasil, onde a vida custa pouco e o tempo parece que demora mais a passar.
Eduardo Tessler ? jornalista e consultor de empresas de comunica??o. Edita o blog M?dia Mundo.Fale com Eduardo Tessler: edutessler@terra.com.br
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