De S?o Paulo

"O que se lamenta ? a desfa?atez com que duas empresas do setor a?reo, que det?m concess?o monopol?stica para operar alguns aeroportos, especialmente o de Congonhas, tratam seus clientes" (foto: Levi Bianco/Futura Press)
O tema da coluna ajuda evitar tratar do C?digo Florestal, prestes a ser aprovado pelo Congresso. Assunto aqui abordado v?rias vezes, d? mostras de que teremos o que as gera??es futuras n?o fizeram por merecer.
N?o ? prop?sito, tamb?m, discutir a avia??o agr?cola, que hoje reza um ros?rio de vantagens e desvantagens, conversa para futuro artigo.
Qual Tiririca at?nito que chega ao Congresso sem a menor no??o do que se faz ali, costumo chegar aos aeroportos sem qualquer ideia sobre o que fazem Infraero, Anac e outras siglas aerovi?rias. Exist?ncias fartamente or?adas, por certo fazem aqueles que as conhecem sair-se bem. N?o ? o meu caso.
Viagens de avi?o n?o s?o apan?gios de turistas, atletas ol?mpicos e torcedores fantasiados com perucas das cores de seus pa?ses. Da? 2014 e 2016 n?o serem raz?es exclusivas de suas necessidades.
Pessoas que trabalham no agroneg?cio usam muito aeroportos em terra e avi?es no ar, ainda que o oposto ocorra com razo?vel frequ?ncia.
S?o milhares de pesquisadores, t?cnicos, agr?nomos, comitivas de agricultores, empres?rios, profissionais de vendas, que cruzam os c?us do pa?s, interessados em conhecer a pot?ncia agropecu?ria mundial, o celeiro do planeta, o pa?s que recuperou as terras pobres do Cerrado.
Ouso dizer que poderiam disputar a hegemonia abaixo do equador com os condores, donos dos c?us do Sul na profecia inca, caso n?o tivessem que conviver com tantos favorecimentos, impunidades e inefici?ncias.
E que fique claro: aqui n?o se lamenta os aumentos de densidade demogr?fica em aeroportos e aeronaves provocados pela ascens?o de classes sociais ?s benesses do consumo mais qualificado. Pelo contr?rio, s?o todos bem-vindos.
O que se lamenta ? a desfa?atez com que duas empresas do setor a?reo, que det?m concess?o monopol?stica para operar alguns aeroportos, especialmente o de Congonhas, em S?o Paulo, tratam seus clientes.
Estacionamentos caros e lotados, pre?os absurdos em bares, restaurantes e quiosques, que comprovam a m? qualidade das concess?es feitas, sistemas de ar condicionado inexistentes, desligados ou insuficientes, falta de prote??o aos usu?rios.
At? a?, concordemos que o governo ? o culpado de sempre, a exemplo de mordomos em maus romances policiais. Tanto que o reconhece estudando privatiza??es. Em v?o, para o presidente da empresa de aeroportos da Camargo Corr?a: "Aos investidores, s? interessaria a opera??o, n?o apenas a administra??o comercial".
"- Senhor, a fila para o check-in termina l? fora. Fuma? Pena, poderia aproveitar (...) devido ao reposicionamento da aeronave, o senhor ter? que andar dois quil?metros, descer as escadarias e pegar o ?nibus at? a aeronave (...) o v?o das dez foi cancelado, o senhor vai ?s 11h30 (...) Pr?ximo!". S?o esfor?ados funcion?rios fazendo o papel de bois de piranhas diante de furiosos clientes.
GOL teve lucro l?quido de R$ 110,5 milh?es no trimestre, alta de 362% no ano, puxada por demanda recorde. Um de seus executivos: "Temos uma curva de demanda forte, e os resultados est?o muito bons". Fato que n?o a impediu de no primeiro trimestre deste ano, para compensar o aumento nos pre?os do petr?leo, fechar 1.100 postos de trabalho.
TAM bateu recorde de passageiros transportados num ?nico dia em 20/4. Mais de 131 mil pessoas viajaram em voos da companhia. Hora de aumentar de 18 para 25 gramas o peso do saco de salgadinho que serve nos percursos dom?sticos.
Uma pergunta que n?o quer calar: j? que ser? dif?cil privatizar os aeroportos, n?o seria o caso de o governo pensar em estatizar a TAM e a GOL?
Rui Daher ? administrador de empresas, consultor da Biocampo Desenvolvimento Agr?cola.Fale com Rui Daher: rui_daher@terra.com.br
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