De S?o Paulo
O n?mero de pesquisas novas em medicina ? astron?mico. Mais de 4500 trabalhos cient?ficos m?dicos foram publicados somente nos primeiros meses de 2011. Estes estudos t?m rigor cientifico, relev?ncia cl?nica e aplica??o no dia a dia das pessoas muito variada. A qualidade do que ? publicado nas revistas m?dicas ? muito desigual. Existem alguns estudos executados com cuidado, ?tica, imparcialidade e transpar?ncia exemplares. Infelizmente, a maioria ainda cont?m falhas no m?todo, a ponto de tornar sua interpreta??o dif?cil, e sua aplica??o na cl?nica duvidosa.
Muitos m?dicos - infelizmente n?o todos - sabem analisar de forma criteriosa os estudos, distinguem a boa pesquisa daquela inconsistente, e trazem ? sua pr?tica m?dica rotineira o que pode claramente ajudar seus pacientes. Mas como as pessoas leigas, as autoridades pol?ticas, e at? os m?dicos n?o especialistas t?m acesso aos estudos "relevantes"? Como separar o joio do trigo? Como n?o confundir estudos essenciais de pesquisas que somente servem como "marketing" disfar?ado deste ou daquele medicamento, desta ou daquela tecnologia?
Para os m?dicos, existem reuni?es cient?ficas, palestras de especialistas que tentam "digerir" os resultados recentemente publicados em revistas m?dicas. Para os outros, leigos na arte m?dica, existe a m?dia. E a? come?am os problemas. Muitos dos jornalistas que relatam as novidades m?dicas t?m treino e conhecimento para poder selecionar os bons estudos. Mas a maioria absoluta n?o parece ter preparo suficiente para esta tarefa. N?o vou nem mencionar meios de comunica??o, e jornalistas, facilmente influenci?veis por not?cias importantes, "press release" estrategicamente plantado para chamar a aten??o a um rem?dio ou um instrumento.
Muitos jornalistas se contentam com informa??es fornecidas por ind?strias farmac?uticas ou f?bricas de instrumentos e de aparelhos. Muitos ainda entrevistam especialistas, m?dicos ou n?o, sugeridos pela pr?pria ind?stria! Seria, no m?nimo mais adequado, procurar outros nomes que atuam na mesma ?rea, para se ter informa??o e an?lise mais balanceada. Relatar ao p?blico leigo a informa??o m?dica, com clara refer?ncia aos benef?cios das novidades, mas tamb?m suas limita??es, efeitos colaterais, erros e riscos embutidos neste ou aquele tratamento.
Um estudo realizado dois anos atr?s por um professor de jornalismo da Universidade de Harvard, apontou que mais de 59% de todas as reportagens m?dicas da m?dia leiga nos Estados Unidos t?m interpreta??o err?nea dos estudos, e transmitem conclus?es impr?prias para leitores ou ouvintes. No Brasil, isso n?o deve ser muito melhor. Como m?dico, junto com muitos colegas, percebo com tristeza manchetes de jornais e revistas, de notici?rios de TV e sites de internet, divulgando not?cias que n?o correspondem totalmente ? verdade. Por desinforma??o e m? interpreta??o, ou por mal?cia.
Enquanto a not?cia embasada consegue ajudar a popula??o a cuidar melhor de sua sa?de, informa??es err?neas levam ? desinforma??o. Prejudicam os leitores, e, pior, desorientam e colocam falsas esperan?as em doentes que sofrem de doen?as graves e cr?nicas. C?ncer, AIDS, s?o as mais comuns. Est? na hora de filtrar estes relatos. V?rios jornalistas s?rios t?m criado cursos para melhorar a qualidade da informa??o m?dica divulgada aos leigos. Tentarei, nesta coluna, ajudar os leitores a separar o ?til do in?til neste mar de publica??es. Muitos m?dicos tamb?m o fazem. Entre estes, gostaria de destacar o trabalho incans?vel do Dr. Drauzio Varella. Divulga a ci?ncia para o benef?cio dos indiv?duos e dos pacientes. E destes somente.
Riad Younes ? professor Livre Docente da Faculdade de Medicina da USP. M?dico do Centro Avan?ado de Oncologia do Hospital S?o Jos? e do N?cleo Avan?ado do T?rax do Hospital S?rio Liban?s, S?o Paulo. Especialista em c?ncer de pulm?o. Foi Diretor Cl?nico do Hospital S?rio Liban?s de mar?o 2007 a mar?o 2011.
Fale com Riad Younes: rnyounes@terra.com.br
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